26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

fomos salvos em esperança; e ver o que se espera, não é esperar” (Rm 8,24). Aqui<br />

igualmente, na elaboração do mesmo <strong>as</strong>sunto, compõe <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> presentes com <strong>as</strong><br />

futur<strong>as</strong>: o momentâneo com o eterno, o leve com o pesado, a tribulação com a glória. E<br />

não contente com isso, coloca uma palavra duplicada, dizendo: “Nos preparam com<br />

excesso”. Em seguida, enuncia <strong>de</strong> que modo tant<strong>as</strong> aflições se tornam leves. De que<br />

maneira ficam leves? “Não olhamos para <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> visíveis, m<strong>as</strong> para <strong>as</strong> invisíveis.”<br />

Assim <strong>as</strong> presentes aflições são leves, e o futuro prêmio é imenso, se nos apartarmos d<strong>as</strong><br />

cois<strong>as</strong> visíveis.<br />

pois o que se vê é transitório,<br />

Por conseguinte, <strong>as</strong> aflições são tais, m<strong>as</strong> o que não se vê é eterno.<br />

Então, <strong>as</strong> coro<strong>as</strong> também são tais. E não disse: Tais são <strong>as</strong> tribulações, m<strong>as</strong> tudo “o<br />

que se vê”, quer os suplícios, quer o alívio, <strong>de</strong> sorte que não há motivo aqui <strong>de</strong> inércia e<br />

lá <strong>de</strong> coação. Por esse motivo, ao se referir ao futuro não disse: O reino eterno, e sim:<br />

“M<strong>as</strong> o que não se vê é eterno”, seja o reino, seja o tormento, <strong>de</strong> sorte a nos incutir<br />

terror por causa <strong>de</strong>ste último e nos exortar em vista daquele. Sendo, portanto, transitóri<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s visíveis, e etern<strong>as</strong> <strong>as</strong> invisíveis, nest<strong>as</strong> fixemos o olhar. Que escusa teremos<br />

se preferirmos <strong>as</strong> transitóri<strong>as</strong> às etern<strong>as</strong>? Pois, embora sejam suaves <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> presentes,<br />

contudo não são etern<strong>as</strong>; ora <strong>as</strong> dores provenientes <strong>de</strong>sta suavida<strong>de</strong> não têm fim, nem<br />

perdão. Que <strong>de</strong>sculpa terão os que, tendo recebido o Espírito e tão gran<strong>de</strong> benefício, se<br />

inclinam para <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> vis e resvalam para a terra? De fato, ouço muitos a proferirem<br />

est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> ridícul<strong>as</strong>: Dá-me o dia <strong>de</strong> hoje, e toma o <strong>de</strong> amanhã. Pois se tal é o estado<br />

d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> no além qual dizes, replicam eles, um equivale ao outro; se, contudo, nada é<br />

<strong>as</strong>sim, serão dois por nada. O que imaginar <strong>de</strong> mais malvado e <strong>de</strong>mente do que ess<strong>as</strong><br />

palavr<strong>as</strong>? Nós dissertamos sobre o céu, sobre aqueles bens inefáveis, e tu proferes<br />

palavr<strong>as</strong> empregad<strong>as</strong> em hipódromos e não te envergonh<strong>as</strong> <strong>de</strong> usar expressões <strong>de</strong> loucos,<br />

nem te cor<strong>as</strong> <strong>de</strong> estar tão preso às realida<strong>de</strong>s presentes? Não <strong>de</strong>ixarás <strong>de</strong> ser insensato e<br />

<strong>de</strong>sarrazoado, e <strong>de</strong> <strong>de</strong>lirar na ida<strong>de</strong> juvenil? Se est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> saíssem da boca dos<br />

gentios, não seria <strong>de</strong> admirar; m<strong>as</strong> que perdão merecem os fiéis que pronunciam tais<br />

futilida<strong>de</strong>s? Ac<strong>as</strong>o tens por duvidos<strong>as</strong> aquel<strong>as</strong> esperanç<strong>as</strong> imortais? Julg<strong>as</strong> serem<br />

insegur<strong>as</strong>? E isso merece indulgência? M<strong>as</strong> quem, replicam eles, veio até nós, e nos<br />

anunciou o que ali acontece? Homem algum, <strong>de</strong> fato, m<strong>as</strong> foi o próprio Deus, o mais<br />

fi<strong>de</strong>digno <strong>de</strong> todos, quem o revelou. M<strong>as</strong>, não vês <strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s do além? Nem vês a<br />

Deus. Então julgarás que Deus não existe, porque não o vês? Sem dúvida, acho que sim,<br />

respon<strong>de</strong>rás.<br />

Por conseguinte, se algum dos infiéis perguntar: Quem veio do céu, e contou ess<strong>as</strong><br />

cois<strong>as</strong>? O que dirás? Como sabes que Deus existe? Pel<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> visíveis, respon<strong>de</strong>s, pela<br />

or<strong>de</strong>m que brilha na criação; enfim, porque isso é evi<strong>de</strong>nte a todos. Assim, portanto,<br />

aceita a palavra a respeito do juízo final. De que modo? – respon<strong>de</strong>s. Eu te interrogarei e<br />

tu hás <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r. É justo este Deus, e dá a cada um o que merece? Ou, ao contrário,<br />

quer que os maus prosperem e vivam nos prazeres, e os honestos vivam <strong>de</strong> maneira<br />

oposta? Não, respon<strong>de</strong>s; pois nem um homem o toleraria. On<strong>de</strong>, portanto, os que nesta<br />

vida praticaram a virtu<strong>de</strong> gozarão <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>? On<strong>de</strong>, ainda, haverá o contrário para os<br />

419

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!