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“Somos o bom odor <strong>de</strong> Cristo”, a meu ver, po<strong>de</strong> ser explicado <strong>de</strong> dois modos: ou <strong>as</strong>sim<br />

se exprimiu porque nos oferecemos quais vítim<strong>as</strong> na oc<strong>as</strong>ião da morte, ou, porque,<br />

imolados, somos o bom odor <strong>de</strong> Cristo. Seria como se alguém dissesse: O bom odor aqui<br />

espalhado é <strong>de</strong>sta vítima. Ou, portanto, esse vocábulo significa o bom odor, ou,<br />

conforme disse acima, porque diariamente por causa <strong>de</strong> Cristo são imolados. Vês como<br />

vence <strong>as</strong> tentações <strong>de</strong>nominando-<strong>as</strong> triunfo, odor, sacrifício oferecido a Deus? Em<br />

seguida, após ter dito: “Somos o bom odor... e também entre aqueles que se per<strong>de</strong>m”, a<br />

fim <strong>de</strong> não pensares que eles também são agradáveis a Deus, acrescentou:<br />

16. para uns, odor que da morte leva à morte; para outros, odor que da vida leva à<br />

vida.<br />

Alguns, com efeito, acolhem essa fragrância <strong>de</strong> tal sorte que se salvam; outros, ao<br />

invés, que se per<strong>de</strong>m. Por conseguinte, apesar <strong>de</strong> alguns perecerem, a culpa é <strong>de</strong>les. De<br />

fato, diz-se que os porcos ficam sufocados com os perfumes; e a luz, conforme<br />

mencionei acima, ofusca os olhos enfermos. E a natureza dos bons é tal que não<br />

corrigem apen<strong>as</strong> o que lhes é próprio, m<strong>as</strong> também arruínam os contrários e com isso<br />

especialmente se manifesta a sua força. Com efeito, o fogo, não somente ao iluminar, ou<br />

purificar o ouro ou ainda ao consumir os espinhos mostra a força que lhe é peculiar. Do<br />

mesmo modo, Cristo revela sua majesta<strong>de</strong>, aniquilando o Anticristo com o sopro <strong>de</strong> sua<br />

boca, e o af<strong>as</strong>ta pela manifestação <strong>de</strong> sua presença.<br />

E quem estaria à altura <strong>de</strong> tal missão?<br />

O Apóstolo afirmara realida<strong>de</strong>s grandios<strong>as</strong>: somos sacrifício para Cristo, bom odor, e<br />

em toda parte triunfamos; <strong>de</strong> novo emprega mo<strong>de</strong>ração, atribuindo tudo a Deus e<br />

pergunta: “E quem estaria à altura <strong>de</strong> tal missão?” Tudo é <strong>de</strong> Cristo, <strong>as</strong>segura, nada é<br />

nosso. Vês, ao contrário, <strong>as</strong> expressões dos falsos apóstolos? Gloriavam-se como se<br />

tivessem contribuído com algo <strong>de</strong> si na pregação, enquanto o Apóstolo diz gloriar-se<br />

porque nada lhe é próprio: “O nosso motivo <strong>de</strong> ufania é este testemunho da nossa<br />

consciência: comportamo-nos no mundo... não com sabedoria carnal, m<strong>as</strong> pela graça<br />

<strong>de</strong> Deus” (2Cor 1,12). Os falsos apóstolos julgavam que podiam gloriar-se <strong>de</strong>vido à<br />

posse da sabedoria pagã, enquanto o Apóstolo se gloria <strong>de</strong> lhe ter sido retirada; daí a<br />

pergunta: “E quem estaria à altura <strong>de</strong> tal missão?” Uma vez que não estamos à altura,<br />

é pela graça que isso se realiza.<br />

17. Não somos como aqueles que falsificam a palavra <strong>de</strong> Deus;<br />

Se afirmamos cois<strong>as</strong> grandios<strong>as</strong>, contudo nada foi realizado por obra nossa, m<strong>as</strong> tudo<br />

era <strong>de</strong> Cristo. Nem imitamos os falsos apóstolos, que <strong>as</strong>severam serem su<strong>as</strong> muit<strong>as</strong><br />

cois<strong>as</strong>. Seria propriamente um tráfico adulterar o vinho e ven<strong>de</strong>r o que <strong>de</strong>via ser dado<br />

gratuitamente. Nessa p<strong>as</strong>sagem, pois, parece atacá-los por causa do lucro e ainda,<br />

conforme disse, sugerir que eles misturam às cois<strong>as</strong> divin<strong>as</strong> o que é seu. Isaí<strong>as</strong> também o<br />

<strong>de</strong>nunciava: “Os taberneiros misturam o vinho com água” (cf. Is 1,12). Pois, embora<br />

aqui se fale <strong>de</strong> vinho, não se engana quem o enten<strong>de</strong> acerca da doutrina. Ora, nós não<br />

agimos, <strong>as</strong>segura, <strong>de</strong>ssa maneira, m<strong>as</strong> propinamos a doutrina verda<strong>de</strong>ira, tal qual nos foi<br />

confiada; por isso acrescenta:<br />

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