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d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> reconheceram serem ridícul<strong>as</strong> e replet<strong>as</strong> <strong>de</strong> erros, e então, apesar d<strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> morte, abandonaram <strong>as</strong> costumeir<strong>as</strong> instituições e se refugiaram n<strong>as</strong> nov<strong>as</strong>, porque<br />

nossa doutrina era <strong>de</strong> acordo com a natureza e aquela aquém da natureza. M<strong>as</strong> os que<br />

acreditavam, dizes, eram escravos, mulheres, am<strong>as</strong>, parteir<strong>as</strong> e eunucos. Ora, a Igreja<br />

não se compunha apen<strong>as</strong> <strong>de</strong>stes grupos, o que é manifesto <strong>de</strong> modo geral. Se, contudo,<br />

const<strong>as</strong>se somente <strong>de</strong>stes, seria <strong>de</strong> maneira especial mais prodigiosa a pregação, porque<br />

tais ensinamentos que Platão e outros <strong>de</strong> sua época não pu<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> forma alguma<br />

excogitar, imediatamente os pescadores, os mais ignorantes dos seres, pu<strong>de</strong>ram induzir a<br />

que fossem recebidos. Com efeito, se convencessem apen<strong>as</strong> os pru<strong>de</strong>ntes, já teria sido<br />

espantoso; m<strong>as</strong>, uma vez que induziram servos, am<strong>as</strong> e eunucos a tão elevada sabedoria,<br />

<strong>de</strong> sorte a torná-los semelhantes aos anjos, fizeram uma <strong>de</strong>monstração da gran<strong>de</strong>za da<br />

inspiração divina. Fossem leves os preceitos, seria talvez razoável mencionar sua<br />

aceitação para <strong>de</strong>monstrar a insignificância dos ensinamentos; se, ao invés, raciocinavam<br />

por meio <strong>de</strong> conceitos gran<strong>de</strong>s e sublimes, <strong>de</strong> certa maneira além da natureza humana, e<br />

que reclamavam uma inteligência superior, quanto mais <strong>de</strong>clarares estultos os que os<br />

aceitaram, tanto mais <strong>as</strong>sever<strong>as</strong> serem sábios e repletos da graça divina os que os<br />

convenceram.<br />

M<strong>as</strong>, respon<strong>de</strong>s, persuadiram <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong>za d<strong>as</strong> promess<strong>as</strong>. Justamente não<br />

admir<strong>as</strong>, dize-me, terem conseguido que se esper<strong>as</strong>sem prêmios e recompens<strong>as</strong> só <strong>de</strong>pois<br />

da morte? Eu, na verda<strong>de</strong>, fico estupefato. Ora, dirás, é por causa da estultice? Qual a<br />

estultice, pergunto, da doutrina <strong>de</strong> ser imortal a alma, e aguardar-nos um juízo incorrupto<br />

após a presente vida, e termos <strong>de</strong> prestar cont<strong>as</strong> d<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> ações e dos<br />

pensamentos a Deus que perscruta os segredos, e contemplarmos os maus punidos e os<br />

bons coroados? Não se trata, portanto, <strong>de</strong> estultice, m<strong>as</strong> <strong>de</strong> profunda filosofia.<br />

Dize-me. Desprezar <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> presentes, consi<strong>de</strong>rar grandiosa a virtu<strong>de</strong>, não buscar<br />

prêmio na terra, m<strong>as</strong> sempre esperançoso avançar, manter a alma constante e firme na fé<br />

<strong>de</strong> sorte que nenhum dos males presentes cause obstáculo à esperança dos bens futuros,<br />

tais atitu<strong>de</strong>s, digo, não constituem máxima sabedoria? M<strong>as</strong> queres conhecer a força d<strong>as</strong><br />

própri<strong>as</strong> promess<strong>as</strong> e predições, e a veracida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s prece<strong>de</strong>ntes e d<strong>as</strong> futur<strong>as</strong>?<br />

Vê a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ouro entrelaçada <strong>de</strong> divers<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Cristo narra aos<br />

apóstolos algo <strong>de</strong> si mesmo, d<strong>as</strong> Igrej<strong>as</strong> e do futuro; e <strong>as</strong>sim se exprimindo, operava<br />

milagres.<br />

O cumprimento, portanto, d<strong>as</strong> predições torna garantidos os milagres e <strong>as</strong> promess<strong>as</strong><br />

sobre o futuro. Comprovarei pelos eventos, para tornar mais claro o supramencionado.<br />

Cristo ressuscitou a Lázaro só com <strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> e apresentou-o vivo. Declarou ainda: “As<br />

port<strong>as</strong> do inferno nunca prevalecerão” contra a Igreja (Mt 16,18); e: “E todo aquele que<br />

tiver <strong>de</strong>ixado pai ou mãe, receberá o cêntuplo neste século e herdará a vida eterna (Mt<br />

19,29). Por conseguinte, o milagre é um só, a saber, a ressurreição <strong>de</strong> Lázaro, m<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

predições são du<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> quais uma é realizada na vida presente e a outra, na futura.<br />

Consi<strong>de</strong>ra como se comprovam mutuamente. Se alguém não acreditar que Lázaro<br />

ressuscitou, <strong>de</strong>vido à predição a respeito da Igreja, acredite no milagre: o que foi predito<br />

há tantos anos, agora aconteceu e chegou a um termo, isto é, <strong>as</strong> port<strong>as</strong> do inferno não<br />

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