26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

porque esse é o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cada homem” (Ecl 12,13). “Não tenh<strong>as</strong> emulação dos<br />

malvados. Não tem<strong>as</strong> quando um homem enriquece” (Sl 49,17). “Toda carne é erva e<br />

toda a sua graça como a flor do campo” (Is 40,6). Ouvindo diariamente esses e outros<br />

ditos, ainda ficamos apegados à terra. Os meninos ignorantes frequentemente quando<br />

apren<strong>de</strong>m <strong>as</strong> letr<strong>as</strong>, se forem separad<strong>as</strong> fora da or<strong>de</strong>m, trocam um<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> outr<strong>as</strong>, e<br />

provocam muito riso; <strong>as</strong>sim também vós, se aqui <strong>as</strong> enumeramos pela or<strong>de</strong>m, po<strong>de</strong>is<br />

segui-l<strong>as</strong> bem, m<strong>as</strong> quando vos interrogamos fora da or<strong>de</strong>m, parcelad<strong>as</strong>, qual a primeira,<br />

qual a segunda e tiver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colocá-l<strong>as</strong> em or<strong>de</strong>m, e pôr uma <strong>de</strong>pois da outra, como não<br />

sabeis respon<strong>de</strong>r, caís no ridículo. Ac<strong>as</strong>o, pergunto, não somos dignos <strong>de</strong> muito riso se,<br />

enquanto esperamos a imortalida<strong>de</strong>, e bens que nem o olho viu nem o ouvido ouviu, nem<br />

subiram ao coração do homem, disputamos por cois<strong>as</strong> que permanecem aqui, e <strong>as</strong><br />

consi<strong>de</strong>ramos dign<strong>as</strong> <strong>de</strong> emulação? Com efeito, se ainda precis<strong>as</strong> apren<strong>de</strong>r que <strong>as</strong><br />

riquez<strong>as</strong> não são grandios<strong>as</strong>, que <strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s presentes são sombr<strong>as</strong> e sono, que se<br />

dissipam e <strong>de</strong>svanecem qual fumaça, por enquanto <strong>de</strong>tém-te fora do templo, fica no<br />

vestíbulo; ainda não és digno <strong>de</strong> ingressar nos palácios reais do céu. Se não sabes<br />

discernir a natureza <strong>de</strong>l<strong>as</strong>, instável e perpetuamente fluida, como po<strong>de</strong>rás menosprezál<strong>as</strong>?<br />

Se afirm<strong>as</strong> que sabes, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> curiosamente perscrutar por que um é rico, e outro é<br />

pobre. Com ess<strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong>, fazes o mesmo que, circunvagando, pergunt<strong>as</strong>ses por que<br />

um é branco e outro é preto, este tem o nariz aquilino, e aquele, chato. Como não nos<br />

importa porque uma coisa é <strong>de</strong>ste modo ou <strong>de</strong> outro, <strong>as</strong>sim nem por que <strong>de</strong>terminado<br />

homem é pobre ou rico; ou melhor, menos ainda, m<strong>as</strong> tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do bom uso. Apesar<br />

<strong>de</strong> seres pobre, po<strong>de</strong>s viver bem se fores sábio; embora rico, serás o mais miserável <strong>de</strong><br />

todos, se fugires da virtu<strong>de</strong>. Efetivamente, <strong>de</strong>vemos distinguir o que é atinente à virtu<strong>de</strong>;<br />

se não for, não há para nós proveito algum. Por isso aquel<strong>as</strong> frequentes interrogações<br />

com <strong>as</strong> quais muitos julgam dizer-lhes respeito cois<strong>as</strong> indiferentes, enquanto não dão<br />

importância alguma às que lhes dizem respeito e lhe são úteis. De fato, interessam-nos a<br />

virtu<strong>de</strong> e a sabedoria. Se, portanto, vos mantiver<strong>de</strong>s longe <strong>de</strong>st<strong>as</strong> por muito tempo,<br />

sobrevirão a perturbação dos pensamentos, a agitação, a borr<strong>as</strong>ca. Os que se af<strong>as</strong>taram<br />

da glória celeste e do amor do céu, <strong>de</strong>sejam a glória presente e se tornam servos e<br />

cativos. E don<strong>de</strong> vem, dizem eles, que a <strong>de</strong>sejamos? Porque não ambicionamos<br />

intensamente aquela. E por que acontece isso? Devido à negligência. E a negligência<br />

don<strong>de</strong> provém? Do <strong>de</strong>sprezo. E o <strong>de</strong>sprezo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>? Da loucura, do <strong>de</strong>sejo ar<strong>de</strong>nte d<strong>as</strong><br />

cois<strong>as</strong> presentes, e porque não queremos cuidadosamente examinar a natureza d<strong>as</strong><br />

cois<strong>as</strong>. E isso, don<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>? Porque não nos <strong>de</strong>dicamos à leitura d<strong>as</strong> Escritur<strong>as</strong>, nem<br />

convivemos com homens santos, e frequentamos <strong>as</strong> reuniões dos malvados. No intuito<br />

<strong>de</strong> evitarmos continuamente isso, e <strong>as</strong> sucessiv<strong>as</strong> ond<strong>as</strong> não nos arr<strong>as</strong>tem ao oceano dos<br />

males, não nos sufoquem e percam inteiramente, enquanto é tempo, ergamo-nos, e <strong>de</strong> pé<br />

sobre a pedra, isto é, a rocha dos ensinamentos e palavr<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deus, olhemos <strong>de</strong> cima a<br />

tempesta<strong>de</strong> da vida presente. Assim, portanto, <strong>de</strong>la escaparemos, e salvaremos outros<br />

náufragos, pela graça e amor aos homens etc.<br />

TRIGÉSIMA HOMILIA<br />

237

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!