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aos macedônios, dizendo-lhes: ‘A Acaia está preparada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano p<strong>as</strong>sado’” (2Cor<br />

9,2). A<strong>de</strong>mais, haviam recebido seu enviado, Tito, com a máxima bene<strong>vol</strong>ência.<br />

Demonstra-o igualmente o que ainda dizia: “Ele sente por vós ainda maior afeição, ao<br />

lembrar-se da obediência <strong>de</strong> todos vós, e <strong>de</strong> como o acolhestes com temor e tremor”<br />

(2Cor 7,15). Por tudo isso, escreveu a segunda carta. De fato, era justo que <strong>as</strong>sim como<br />

os repreen<strong>de</strong>ra quando pecavam, também os aprov<strong>as</strong>se e elogi<strong>as</strong>se já convertidos.<br />

Assim, a carta não é um tanto severa, m<strong>as</strong> apen<strong>as</strong> em pouc<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sagens do final. Com<br />

efeito, havia entre eles alguns ju<strong>de</strong>us que se orgulhavam e acusavam a Paulo <strong>de</strong> ser<br />

arrogante e <strong>de</strong> nenhum valor e em consequência diziam: “Pois <strong>as</strong> cart<strong>as</strong> são sever<strong>as</strong>,<br />

m<strong>as</strong>, uma vez presente, é um homem fraco e a sua linguagem é <strong>de</strong>sprezível” (2Cor<br />

10,10). O sentido era o seguinte: estando presente parece <strong>de</strong> nenhum valor; segundo a<br />

fr<strong>as</strong>e: “Uma vez presente, é um homem fraco”, m<strong>as</strong> quando vai embora, muito se<br />

enaltece por carta; esse o significado da locução: “As cart<strong>as</strong> são sever<strong>as</strong>”. Ou antes,<br />

para manterem a própria dignida<strong>de</strong>, fingiam nada ter recebido. É o que insinua o<br />

Apóstolo: “Aqueles que procuram algum pretexto para se gloriar dos mesmos títulos<br />

que nós” (2Cor 11,12). Além disso, como ali muitos eram eloquentes, exaltavam-se em<br />

<strong>de</strong>m<strong>as</strong>ia. Por esse motivo, ele <strong>de</strong>clara falar qual insensato, para <strong>de</strong>monstrar que isso <strong>de</strong><br />

forma alguma o envergonhava, nem tinha gran<strong>de</strong> importância, ou antes, nenhuma. Sendo<br />

provável que alguns se <strong>de</strong>sviavam do correto modo <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong>vido aos discursos <strong>de</strong>les,<br />

e como anteriormente os elogiara pel<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> ações, e ainda lhes combatesse a arrogância<br />

por causa d<strong>as</strong> cerimôni<strong>as</strong> judaic<strong>as</strong>, já obsolet<strong>as</strong>, que eles se empenhavam em praticar,<br />

enfim mo<strong>de</strong>radamente um tanto os censura. Ora, tal é a meu ver o <strong>as</strong>sunto da carta, em<br />

resumo, brevemente. Já é tempo <strong>de</strong> tratarmos do início da carta e dizermos por que,<br />

após a saudação, segundo o costume, começa por mencionar <strong>as</strong> misericórdi<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deus.<br />

Em primeiro lugar, contudo, é preciso explicar o próprio princípio, e perguntar por que<br />

nessa p<strong>as</strong>sagem Timóteo lhe está <strong>as</strong>sociado. Pois diz: “Paulo, apóstolo <strong>de</strong> Jesus Cristo<br />

pela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, e Timóteo, o irmão”. Com efeito, na primeira carta prometia<br />

enviá-lo e exortava-os nos seguintes termos: “Se Timóteo for ter convosco, cuidai <strong>de</strong> que<br />

esteja sem receios no meio <strong>de</strong> vós” (1Cor 16,10). Por que nesta <strong>as</strong>socia-o a si no<br />

prefácio? Porque, conforme o mestre prometera, fora ter com eles (“Eu vos enviei<br />

Timóteo... ele vos recordará <strong>as</strong> minh<strong>as</strong> norm<strong>as</strong> <strong>de</strong> vida em Cristo” [1Cor 4,17]), e após<br />

ter <strong>de</strong>cidido tudo retamente, <strong>vol</strong>tara. Efetivamente, ao enviá-lo, dizia: “Dai-lhe os meios<br />

<strong>de</strong> <strong>vol</strong>tar em paz para junto <strong>de</strong> mim, pois eu o espero com os irmãos” (1Cor 16,11).<br />

Após ter <strong>vol</strong>tado para junto do mestre e regulado com ele os <strong>as</strong>suntos da Ásia<br />

(“Permanecerei em Éfeso até Pentecostes” [1Cor 16,8]), novamente foi para a<br />

Macedônia; com razão, estando presente, o <strong>as</strong>socia a si. De fato, primeiro escreve da<br />

Ásia, e agora da Macedônia. Une-o, portanto, a si, tanto para honrá-lo quanto para<br />

manifestar gran<strong>de</strong> humilda<strong>de</strong>, visto que se tratava <strong>de</strong> um inferior, m<strong>as</strong> a carida<strong>de</strong> tudo<br />

congrega. Fá-lo ainda porque sempre o iguala a si, ora dizendo: “Como um filho ao lado<br />

do pai, ele serviu comigo” (Fl 2,22), ora: “Trabalha na obra do Senhor, como eu” (1Cor<br />

16,10), e finalmente nesse trecho <strong>de</strong>nomina-o irmão, a fim <strong>de</strong> obter-lhe, <strong>de</strong> todos os<br />

modos, respeito da parte dos coríntios. Com efeito, ele partira para Corinto, segundo já<br />

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