26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong>ste vício que recebeu um ferimento mortal. Ora o pai se arrepen<strong>de</strong>u, curou a ferida e<br />

recuperou a coroa; o filho, porém, nada disso. Por conseguinte, também Paulo dizia: “É<br />

melhor c<strong>as</strong>ar-se do que ar<strong>de</strong>r” (1Cor 7,9); e Cristo: “Quem tiver capacida<strong>de</strong> para<br />

compreen<strong>de</strong>r, compreenda!” (Mt 19,12). A respeito d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, não acontece o<br />

mesmo, e sim: “Quem renunciar a seus bens, receberá o cêntuplo” (cf. ib. 29). Como,<br />

então, replic<strong>as</strong>, <strong>as</strong>segurou que os que possuem copios<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong> dificilmente obterão o<br />

reino dos céus (cf. ib. 29)? Com est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> mais uma vez alu<strong>de</strong> à indolência <strong>de</strong>les;<br />

não à tirania d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> à pesada escravidão. Evi<strong>de</strong>ncia-se igualmente nos<br />

conselhos <strong>de</strong> Paulo. Aparta da cobiça, dizendo: “Os que querem se enriquecer caem em<br />

tentação” (1Tm 6,9). A respeito da outra, porém, não é o mesmo; <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se<br />

separarem os esposos por algum tempo, e com consenso mútuo, aconselha a <strong>de</strong> novo se<br />

unirem. Temia o fruto da concupiscência, um grave naufrágio. Esta paixão é mais aguda<br />

e forte do que a ira. Ninguém se ira senão excitado por outrem; m<strong>as</strong> a concupiscência<br />

n<strong>as</strong>ce, mesmo sem que o <strong>as</strong>pecto insinuante apareça. Por isso, não a cortou inteiramente,<br />

m<strong>as</strong> acrescentou: Sem motivo; não eliminou todo <strong>de</strong>sejo, m<strong>as</strong> somente o iníquo.<br />

“Todavia, para evitar a fornicação, tenha cada homem a sua mulher” (1Cor 7,2). Ora,<br />

não conce<strong>de</strong>u acumular riquez<strong>as</strong>, nem com motivo, nem sem ele. Na verda<strong>de</strong>, aquela<br />

paixão foi inserta por necessida<strong>de</strong>, a saber, para procriar filhos; a ira, porém, para darmos<br />

auxílio aos que são lesados; a cobiça d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, não absolutamente, nem é natural. Por<br />

conseguinte, se <strong>de</strong>ix<strong>as</strong> que ela te capture e vença, sofrerás o que é mais abjeto. Por isso<br />

Paulo, que permite <strong>as</strong> segund<strong>as</strong> núpci<strong>as</strong>, requer mais cuidado relativamente ao dinheiro e<br />

às riquez<strong>as</strong>, dizendo: “Por que não preferis, antes, pa<strong>de</strong>cer uma injustiça? Por que não<br />

vos <strong>de</strong>ixais antes <strong>de</strong>fraudar?” (1Cor 6,7). E ao dissertar sobre a virginda<strong>de</strong>, disse: “Não<br />

tenho preceito do Senhor”, e: “Digo-vos isto em vosso próprio interesse, não para vos<br />

armar cilada” (1Cor 7,25.35). Ora, ao tratar d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, diz: “Se, pois, temos alimento<br />

e vestuário, contentemo-nos com isso” (1Tm 6,8). Qual a causa, então, pergunt<strong>as</strong>, por<br />

que muitos estão sujeitos a esta paixão? Porque não estão tão prevenidos contra ela<br />

como contra a impureza e a fornicação, pois se lhes parecesse ser mal tão grave, não<br />

seriam apreendidos tão <strong>de</strong>pressa. As virgens impru<strong>de</strong>ntes também foram excluíd<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />

núpci<strong>as</strong>, porque, havendo abatido o inimigo maior, foram prostrad<strong>as</strong> pelo mais fraco e<br />

sem força alguma. Acontece que, se alguém domina a concupiscência, e é vencido pelo<br />

dinheiro, frequentemente nem à concupiscência doma. De fato, é natural que esta paixão<br />

não en<strong>vol</strong>va tanto, pois nem todos igualmente têm tal propensão. Em consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong><br />

tudo isso, e tendo sempre na mente o exemplo d<strong>as</strong> virgens, fujamos <strong>de</strong>sta maligna fera.<br />

Pois se a virginda<strong>de</strong> não foi <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> infinitos labores e suores por<br />

causa da solicitu<strong>de</strong> pelo dinheiro <strong>as</strong> virgens se arruinaram, quem nos livrará dos suplícios,<br />

se incidirmos nesta paixão? Por isso, suplico, tudo façamos para não sermos capturados,<br />

nem permanecermos presos, e sim rompermos estes pesados vínculos. Assim, pois,<br />

po<strong>de</strong>remos chegar ao céu, e alcançar inúmeros bens. Seja-nos dado a todos consegui-los,<br />

pela graça e amor aos homens <strong>de</strong> nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual com o Pai, na<br />

unida<strong>de</strong> do Espírito Santo, glória, império, honra, agora e sempre e pelos séculos dos<br />

séculos. Amém.<br />

509

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!