26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

diabo sobre alm<strong>as</strong> tímid<strong>as</strong>. Depois, se acusados, alegam a palavra que afirmam ter<br />

também o Apóstolo proferido: “Aqueles que se fazem batizar em favor dos mortos”.<br />

Viste que coisa ridícula? Ac<strong>as</strong>o merece refutação? Não julgo oportuno, a não ser que se<br />

<strong>de</strong>va também discutir com os loucos o que proferem em <strong>de</strong>lírio. M<strong>as</strong>, a fim <strong>de</strong> que<br />

nenhum dos mais simples seja seduzido, é necessário submeter-nos a tal refutação. Se<br />

Paulo dizia isso, por que ameaçou Deus ao não batizado? Pois não é possível que<br />

doravante alguém fique sem batismo, quando se pensa <strong>de</strong>ssa forma. Aliás, não seria<br />

culpa do <strong>de</strong>funto, m<strong>as</strong> dos vivos. Cristo disse a alguns: “Se não comer<strong>de</strong>s a carne do<br />

Filho do Homem e não beber<strong>de</strong>s o seu sangue não tereis a vida em vós” (Jo 6,54). Foi<br />

aos vivos ou aos mortos? Dize-me, por favor. E ainda: “Quem não n<strong>as</strong>cer da água e do<br />

Espírito, não po<strong>de</strong> entrar no Reino <strong>de</strong> Deus” (ib. 3,5). Se, portanto, isso se realiza, sem<br />

necessida<strong>de</strong> do consentimento do receptor, nem do <strong>as</strong>sentimento daquele que está vivo,<br />

o que impe<strong>de</strong> que gentios e ju<strong>de</strong>us se tornem fiéis, quando após a morte <strong>de</strong>les, realizemno<br />

outros em seu favor? M<strong>as</strong> para não trabalharmos em vão, rompendo mais tei<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

aranha, expliquemos o sentido <strong>de</strong>ssa sentença. O que diz, portanto, Paulo? Em primeiro<br />

lugar a vós, iniciados nos mistérios, quero relembrar a palavra que na véspera vos<br />

mandam repetir os que vos iniciam, e então explicarei o que Paulo quis dizer. Desta<br />

forma ficará mais claro. De fato, no fim <strong>de</strong> tudo, acrescentamos o que agora diz Paulo. E<br />

quero proferi-lo abertamente, m<strong>as</strong> não ouso por causa dos que ainda não foram<br />

iniciados. Eles tornam nossa exposição mais difícil, porque nos obrigam ou a não dizer<br />

abertamente ou a enunciar-lhes cois<strong>as</strong> secret<strong>as</strong>. Todavia, direi, à medida do possível, <strong>de</strong><br />

modo encoberto e velado. Com efeito, após o anúncio daquel<strong>as</strong> terríveis palavr<strong>as</strong><br />

místic<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> tremend<strong>as</strong> regr<strong>as</strong> dos dogm<strong>as</strong> revelados do céu, acrescentamos também<br />

no fim, antes do batismo, a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> dizer: Creio na ressurreição dos mortos; e tendo tal<br />

fé, somos batizados. Depois <strong>de</strong> o confessarmos com os <strong>de</strong>mais, então <strong>de</strong>scemos à fonte<br />

d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> sagrad<strong>as</strong>. Relembrando isso, dizia Paulo: “Se os mortos realmente não<br />

ressuscitam, por que te fazes batizar em favor dos mortos?”, isto é, dos corpos. És<br />

batizado porque acredit<strong>as</strong> na ressurreição do corpo morto, ou melhor, que não continua<br />

morto. Tu, na verda<strong>de</strong>, confess<strong>as</strong> por palavr<strong>as</strong> a ressurreição dos mortos; o sacerdote,<br />

porém, como que em <strong>de</strong>terminada imagem, mostra na realida<strong>de</strong> aquilo em que<br />

acredit<strong>as</strong>te e confess<strong>as</strong>te por palavr<strong>as</strong>. Ao acreditares sem o sinal, ele apresentar-te-á<br />

igualmente o sinal; quando fizeres o que te cabe fazer, então Deus igualmente conce<strong>de</strong>rte-á<br />

maior certeza. Como? Através da água. Ser batizado, pois, mergulhar, em seguida<br />

emergir é sinal da <strong>de</strong>scida às regiões inferiores e subida <strong>de</strong> lá. Por isso Paulo também<br />

chama o batismo <strong>de</strong> sepulcro, nesses termos: “Pelo batismo nós fomos sepultados com<br />

ele na morte” (Rm 6,4). Desta maneira também torna crível a realida<strong>de</strong> futura, isto é, a<br />

ressurreição dos corpos. É bem mais apagar os pecados do que ressuscitar os corpos. E<br />

enunciando-o, dizia Cristo: “Com efeito, que é mais fácil dizer: Os teus pecados te são<br />

perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu catre e anda?” (Mt 9,5-6). Na verda<strong>de</strong>,<br />

aquilo é mais difícil. Uma vez que não acreditais no que não é evi<strong>de</strong>nte, e consi<strong>de</strong>rais<br />

difícil o que é mais fácil, isto é, a exibição <strong>de</strong> meu po<strong>de</strong>r, não recusarei apresentar-vos<br />

também este indício: “Disse então ao paralítico: ‘Levanta-te, toma o teu catre e vai para<br />

3<strong>27</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!