26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Igualmente a sabedoria pagã teria sido sabedoria, se obe<strong>de</strong>cesse ao Espírito; m<strong>as</strong><br />

como tudo permitiu a si mesma, e julgou não precisar <strong>de</strong> auxílio algum, transformou-se<br />

em estultice, apesar da aparência <strong>de</strong> sabedoria. Por este motivo, em primeiro lugar, o<br />

apóstolo a refutou pela própria realida<strong>de</strong>, e em seguida <strong>de</strong>nominou-a estultice. E<br />

primeiro, segundo a opinião <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>nominou a sabedoria <strong>de</strong> Deus uma loucura,<br />

mostrando após que era sabedoria (principalmente através d<strong>as</strong> prov<strong>as</strong> é possível fazer os<br />

contraditores corarem <strong>de</strong> vergonha) e disse: “No entanto, é realmente <strong>de</strong> sabedoria que<br />

falamos entre os perfeitos”. Efetivamente, se eu, consi<strong>de</strong>rado estulto e pregador <strong>de</strong><br />

estultices, vencer o sábio, não o consigo por meio da estultice, m<strong>as</strong> por uma sabedoria<br />

superior, e tant<strong>as</strong> vezes e tanto mais quanto aparentemente consiste em loucura. Por isso,<br />

primeiro Paulo a <strong>de</strong>nomina conforme eles então a nomeavam, mostra pela própria<br />

realida<strong>de</strong> a vitória e comprova que eles eram por <strong>de</strong>mais estultos, finalmente confere-lhe<br />

o nome a<strong>de</strong>quado : “No entanto, é realmente <strong>de</strong> sabedoria que falamos entre os<br />

perfeitos”.<br />

Chama <strong>de</strong> sabedoria o anúncio e o modo da salvação, a saber, a salvação por meio da<br />

cruz e dá o nome <strong>de</strong> perfeitos aos que acreditaram. Na verda<strong>de</strong>, são perfeitos os que,<br />

reconhecendo serem os conhecimentos humanos muito fracos e menosprezáveis, estão<br />

convencidos <strong>de</strong> que eles nada lhes conferem, tais como foram os fiéis que se achavam <strong>de</strong><br />

posse da “sabedoria que não é <strong>de</strong>ste mundo”. De fato, em que é útil a sabedoria pagã<br />

que termina aqui na terra e não vai além, nem po<strong>de</strong> ser proveitosa àqueles que <strong>de</strong>la são<br />

dotados? Não dá o nome <strong>de</strong> “Príncipes <strong>de</strong>ste mundo” a <strong>de</strong>terminados <strong>de</strong>mônios,<br />

conforme opinam alguns, m<strong>as</strong> àqueles que <strong>de</strong>têm o po<strong>de</strong>r e a magistratura, que a<br />

consi<strong>de</strong>ram insigne, a saber, filósofos, oradores, escritores; pois eles muit<strong>as</strong> vezes<br />

governavam e frequentemente eram gui<strong>as</strong> do povo. Chamou-os <strong>de</strong> “Príncipes <strong>de</strong>ste<br />

mundo”, porque seu domínio não vai além do século presente; em consequência,<br />

acrescentou: “votados à <strong>de</strong>struição”, refutando a sabedoria em si mesma e naqueles que<br />

a utilizam. Tendo manifestado que é falsa e estulta, nada po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir e é débil,<br />

manifesta ainda que é <strong>de</strong> pouca duração. “Ensinamos a sabedoria <strong>de</strong> Deus, misteriosa<br />

e oculta.” De que mistério se trata? Ora, Cristo diz: ‘O que vos é dito aos ouvidos,<br />

proclamai-o sobre os telhados” (Mt 10,26). Por que a <strong>de</strong>nomina mistério? Porque nem<br />

os anjos, nem os arcanjos, nem qualquer potesta<strong>de</strong> criada a conhecera antes que se<br />

realiz<strong>as</strong>se. Por isso diz a Escritura: “Para dar a conhecer aos Principados e às Potesta<strong>de</strong>s<br />

n<strong>as</strong> regiões celestes, por meio da Igreja, a multiforme sabedoria <strong>de</strong> Deus” (Ef 3,10).<br />

Deus <strong>as</strong>sim agiu honrando-nos, <strong>de</strong> sorte que ouvissem conosco a revelação dos<br />

mistérios. Pois nós também, relativamente aos que tornamos nossos amigos, dizemos ser<br />

prova <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> a ninguém revelarmos os nossos segredos antes <strong>de</strong> os contarmos a<br />

eles. Ouçam os que emitem o anúncio, e enunciam para todos sem discriminação <strong>as</strong><br />

pérol<strong>as</strong> da doutrina, e lançam aos cães e aos porcos <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> sant<strong>as</strong> por meio <strong>de</strong><br />

supérfluos raciocínios. Realmente, o mistério não reclama prov<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> anuncia-se aquilo<br />

que é. Efetivamente, não será todo divino o mistério, se somares algo <strong>de</strong> teu. Aliás,<br />

chama-se mistério porque não é no que vemos que acreditamos, m<strong>as</strong> vemos uma coisa e<br />

acreditamos noutra. Tal é, portanto, a natureza <strong>de</strong> nossos mistérios. Por conseguinte, eu<br />

52

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!