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6. e estamos prontos a punir toda <strong>de</strong>sobediência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a vossa obediência seja<br />

perfeita.<br />

Nessa p<strong>as</strong>sagem incute medo não só neles, m<strong>as</strong> também naqueles. Nós aguardamos,<br />

diz ele, que corrigidos e purificados por noss<strong>as</strong> admoestações e ameaç<strong>as</strong>, vos af<strong>as</strong>teis da<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>les; enfim, após <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong>s os incuráveis a sós, c<strong>as</strong>tigá-lo-emos, quando<br />

virmos na verda<strong>de</strong> que vós vos af<strong>as</strong>t<strong>as</strong>tes inteiramente <strong>de</strong>les.<br />

Com efeito, obe<strong>de</strong>ceis agora, m<strong>as</strong> não integralmente. Ora, dirás, se agora <strong>as</strong>sim<br />

tivésseis agido, teríeis lucrado mais. De forma alguma. Se agora eu atu<strong>as</strong>se, en<strong>vol</strong>vervos-ia<br />

também no c<strong>as</strong>tigo. M<strong>as</strong>, replic<strong>as</strong>: Seria necessário c<strong>as</strong>tigá-los, e nos poupar.<br />

Todavia se vos poup<strong>as</strong>se, pareceria agir por favor; isto, porém, não quero, e sim primeiro<br />

vos corrigir, e <strong>de</strong>pois puni-los. O que há <strong>de</strong> mais suave do que estes sentimentos? Vendo<br />

os seus misturados com os outros, quer infligir o golpe, m<strong>as</strong> contém-se e reprime a<br />

indignação, até que os seus se af<strong>as</strong>tem, para atingir somente a eles; ou antes, nem a<br />

estes. Faz est<strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong>, e diz que quer apen<strong>as</strong> recuperá-los, a fim <strong>de</strong> que também eles<br />

se emen<strong>de</strong>m por temor, se comportem melhor, e ele contra ninguém tenha <strong>de</strong> se<br />

encolerizar. Assim procedia sempre, procurava o bem <strong>de</strong> todos, removendo os<br />

obstáculos, reprimindo os pestíferos, percorrendo tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes, qual médico perito, pai<br />

da comunida<strong>de</strong>, patrono e tutor. Não resolvia os problem<strong>as</strong> lutando, m<strong>as</strong> partindo para<br />

uma vitória preparada e pronta, levantava o troféu, arr<strong>as</strong>ando, <strong>de</strong>molindo, reduzindo a<br />

nada <strong>as</strong> fortificações do diabo e os aparelhos <strong>de</strong> guerra dos <strong>de</strong>mônios e arr<strong>as</strong>tando toda a<br />

presa ao acampamento <strong>de</strong> Cristo. Não respirava nem um pouco, <strong>de</strong> cá para lá, p<strong>as</strong>sando<br />

<strong>de</strong> uns a outros, conforme ótimo general, todos os di<strong>as</strong>, ou melhor, toda hora erigindo os<br />

troféus. Tendo ingressado no combate com uma única e pequena túnica, tomava <strong>as</strong><br />

cida<strong>de</strong>s dos inimigos com os cidadãos. A língua <strong>de</strong> Paulo servia-lhe <strong>de</strong> arcos, lanç<strong>as</strong> e<br />

dardos, enfim <strong>de</strong> toda espécie <strong>de</strong> arm<strong>as</strong>. Mal proferia <strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> e logo est<strong>as</strong>, mais<br />

fortes do que o fogo, superavam os discursos dos inimigos. Expulsava os <strong>de</strong>mônios, e<br />

reconduzia a si os possessos. De fato, quando expulsou aquele maligno <strong>de</strong>mônio,<br />

congregou cinquenta mil feiticeiros que, após queimarem os livros <strong>de</strong> magia,<br />

converteram-se à verda<strong>de</strong>. E como na guerra, se cair a torre ou for prostrado o tirano,<br />

todos os seus partidários, <strong>de</strong>pondo <strong>as</strong> arm<strong>as</strong>, acorrem ao general dos inimigos, aconteceu<br />

o mesmo outrora: exorcizado o <strong>de</strong>mônio, todos os obsessos, rejeitando ou antes<br />

<strong>de</strong>struindo os seus livros, refugiaram-se aos pés <strong>de</strong> Paulo. Ora, ele, enfrentando o orbe<br />

inteiro, punha em or<strong>de</strong>m <strong>as</strong> fileir<strong>as</strong> <strong>de</strong> um só exército. Em parte alguma se <strong>de</strong>tinha, m<strong>as</strong><br />

exercia sua ativida<strong>de</strong> como se tivesse <strong>as</strong><strong>as</strong>: ora corrigia um coxo, ora ressuscitava um<br />

morto, ora a um outro, isto é, a um mago c<strong>as</strong>tigava com a cegueira, preso não<br />

<strong>de</strong>scansava, m<strong>as</strong> atraía o carcereiro, realizando ótima captura.<br />

Imitemo-lo, à medida <strong>de</strong> noss<strong>as</strong> forç<strong>as</strong>. Como? À medida d<strong>as</strong> forç<strong>as</strong>? Quem quiser<br />

po<strong>de</strong> acercar-se <strong>de</strong>le, contemplar seu valor no combate, e imitar-lhe a fortaleza. Pois ele<br />

ainda o faz, <strong>de</strong>struindo os planos e todo po<strong>de</strong>r altivo que se eleva contra o conhecimento<br />

<strong>de</strong> Deus.<br />

No entanto, muit<strong>as</strong> vezes, os hereges tentaram triturá-lo, m<strong>as</strong> ele até mesmo em seus<br />

membros <strong>de</strong>monstrou ingente força.<br />

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