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homens, nem precisa mandar; é suficiente indicar o que lhe apraz e imediatamente todos<br />

lhe obe<strong>de</strong>cem. E como, pergunt<strong>as</strong>, é possível escapar <strong>de</strong>sses dominadores? Se alguém<br />

<strong>as</strong>sumir mais bom senso do que eles, se pon<strong>de</strong>rar a natureza d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, se menosprezar<br />

o voto do vulgo, se sobretudo <strong>de</strong>cidir consigo mesmo que, n<strong>as</strong> ações verda<strong>de</strong>iramente<br />

torpes, não há <strong>de</strong> temer os homens, e sim o olhar vigilante <strong>de</strong> Deus e quanto às bo<strong>as</strong><br />

ações, buscar receber da parte <strong>de</strong>le <strong>as</strong> coro<strong>as</strong>. Assim, nem nos outros c<strong>as</strong>os aten<strong>de</strong>remos<br />

aos homens. Pois quem age retamente, não os julga dignos <strong>de</strong> conhecer su<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> ações,<br />

m<strong>as</strong> b<strong>as</strong>ta-lhe a aprovação <strong>de</strong> Deus, e nem relativamente às ações opost<strong>as</strong> os levará em<br />

consi<strong>de</strong>ração. E como, pergunt<strong>as</strong>, isso suce<strong>de</strong>rá?<br />

Examina o que é o homem, o que é Deus, e em quem te refugiarás se o abandon<strong>as</strong>, e<br />

logo tudo corrigirás. O homem é pecador como tu, e será submetido ao mesmo juízo, ao<br />

mesmo c<strong>as</strong>tigo; o homem está sujeito à vaida<strong>de</strong>, não possui juízo reto, e precisa da<br />

correção do alto. Ao louvar, o homem, terra e cinza, muit<strong>as</strong> vezes elogiará sem<br />

fundamento, conforme o favor, ou o ódio; se caluniar e acusar, ainda o fará com idêntica<br />

disposição. Ora, Deus não é <strong>as</strong>sim; seu sufrágio é irrepreensível, e imparcial o seu juízo.<br />

Por conseguinte, refugia-te sempre junto <strong>de</strong>le; e não só por isso, m<strong>as</strong> também porque ele<br />

te criou, e mais do que todos cuida <strong>de</strong> ti, mais te ama do que tu mesmo o fazes. Por que,<br />

então, abandonarmos tão maravilhoso admirador e refugiarmo-nos no homem cujo<br />

parecer nada vale, é vão e infundado? Alguém te chama <strong>de</strong> mau e criminoso, apesar <strong>de</strong><br />

não o seres? Compa<strong>de</strong>ce-te mais, chora-o porque corrompido, e <strong>de</strong>spreza seu parecer,<br />

porque tem cegos os olhos do espírito. Efetivamente, os apóstolos ouviram tais<br />

<strong>de</strong>clarações, e riram-se dos que os caluniavam. Ao invés, chama-te <strong>de</strong> ótimo e íntegro?<br />

Se verda<strong>de</strong>iramente o fores, <strong>de</strong> modo algum relaxes por causa <strong>de</strong> tal elogio; se não és,<br />

menospreza, e julga-o ridículo. Queres saber quão corruptos são os julgamentos do<br />

povo, quão inúteis, ridículos e uns são juízos <strong>de</strong> loucos e furiosos, outros <strong>de</strong> criancinh<strong>as</strong>?<br />

Escuta o que já aconteceu outrora. Narrar-te-ei os juízos, não somente do povo, m<strong>as</strong> dos<br />

que aparentavam ser os mais sábios, e foram os primeiros legisladores. Quem, portanto,<br />

do meio do povo po<strong>de</strong> parecer mais sábio do que o homem capaz <strong>de</strong> legislar para cida<strong>de</strong>s<br />

e povos? No entanto, a esta espécie <strong>de</strong> sábios a fornicação não parece ser um mal, nem<br />

merecer punição. Nenhuma lei pagã c<strong>as</strong>tigava os fornicadores, nem levava a juízo; m<strong>as</strong><br />

se alguém fosse levado ao tribunal por este motivo, muitos zombariam e o juiz nada<br />

faria. O jogo <strong>de</strong> azar era permitido e ninguém por isso foi c<strong>as</strong>tigado. A embriaguez e a<br />

g<strong>as</strong>trimania não eram crimes, m<strong>as</strong> muitos <strong>as</strong> consi<strong>de</strong>ravam ações honest<strong>as</strong>; nos festins<br />

dos soldados havia pleno acordo a esse respeito e os mais precisados <strong>de</strong> mente sadia num<br />

corpo são principalmente os que se entregavam à tirania da embriaguez, enfraquecendo o<br />

corpo e obscurecendo a alma. E nenhum legislador punia tal vício.<br />

O que <strong>de</strong> pior do que esta loucura? Ac<strong>as</strong>o busc<strong>as</strong> os louvores dos homens <strong>de</strong>la<br />

atingidos, e <strong>de</strong> vergonha não te escon<strong>de</strong>s <strong>de</strong>baixo da terra? Se todos os homens <strong>de</strong>sta<br />

espécie te louv<strong>as</strong>sem, não <strong>de</strong>vi<strong>as</strong> enrubescer e corar-te com os aplausos dos que emitem<br />

juízos tão corruptos? Ainda <strong>as</strong> bl<strong>as</strong>fêmi<strong>as</strong> não parecem a tais legisladores algo <strong>de</strong> terrível,<br />

pois ninguém que tenha bl<strong>as</strong>femado contra Deus foi arr<strong>as</strong>tado ao tribunal e c<strong>as</strong>tigado.<br />

M<strong>as</strong> se alguém roubar uma veste, ou cortar uma bolsa, terá <strong>as</strong> cost<strong>as</strong> dilacerad<strong>as</strong> e<br />

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