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da salvação”. O que significa: “Tempo favorável”? Tempo do benefício e da graça, em<br />

que não se pe<strong>de</strong>m cont<strong>as</strong> dos pecados cometidos, nem se aplicam c<strong>as</strong>tigos, em que<br />

gozamos <strong>de</strong> inúmeros bens unidos à reconciliação, a saber, a justiça, a santificação etc.<br />

Quantos labores seria justo <strong>as</strong>sumir a fim <strong>de</strong> termos essa oportunida<strong>de</strong>? Ora, sem<br />

trabalho algum <strong>de</strong> nossa parte, apresenta-se ele, oferecendo perdão dos pecados<br />

anteriores. Por isso, chama o Apóstolo <strong>de</strong> favorável este tempo, em que Deus acolhe<br />

réus <strong>de</strong> inúmeros crimes e não só acolhe, m<strong>as</strong> eleva ao supremo grau <strong>de</strong> honra, qual a<br />

vinda <strong>de</strong> um rei, oc<strong>as</strong>ião não <strong>de</strong> juízo, e sim <strong>de</strong> graça e salvação.<br />

Em consequência, chama <strong>de</strong> favorável o tempo, enquanto nos encontramos no ardor<br />

da luta, enquanto trabalhamos no cultivo da vinha e resta ainda a undécima hora.<br />

Aproximemo-nos, pois, e disponhamo-nos a levar uma vida honesta; é fácil! Quem<br />

combate no tempo em que tão gran<strong>de</strong> benefício e tamanha graça estão sendo difundidos,<br />

conseguirá facilmente a palma. Efetivamente, quando os imperadores terrenos, no dia <strong>de</strong><br />

sua festa, aparecem com veste <strong>de</strong> gala, até quem lhe oferece um mínimo dom, recebe<br />

valios<strong>as</strong> dádiv<strong>as</strong>; nos di<strong>as</strong>, porém, em que exercem o ofício <strong>de</strong> juízes, é preciso empregar<br />

gran<strong>de</strong> atenção e apurad<strong>as</strong> prov<strong>as</strong>. Assim também nós lutemos no tempo <strong>de</strong>sse<br />

benefício. É dia da graça, da graça divina, em que facilmente obteremos <strong>as</strong> coro<strong>as</strong>. Pois<br />

se Deus, quando estávamos repletos <strong>de</strong> vícios, admitiu-nos e libertou, se cumprimos<br />

nossos <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> apagados todos os pecados, não nos admitirá com muito maior<br />

facilida<strong>de</strong>? Além disso, o Apóstolo, conforme sempre faz, apresenta-se a si mesmo e nos<br />

or<strong>de</strong>na seguir-lhe o exemplo. Aqui também age <strong>de</strong>ssa forma, e é por isso que acrescenta:<br />

3. Evitamos dar qualquer motivo <strong>de</strong> escândalo, a fim <strong>de</strong> que o nosso ministério não<br />

seja sujeito à censura.<br />

Esforça-se por convencê-los não só através do tempo, m<strong>as</strong> também pelo exemplo <strong>de</strong><br />

insignes obr<strong>as</strong>. E vê que o faz sem orgulho. Não disse: Observai-nos. Somos dos tais.<br />

Primeiro narra fatos referentes a si, para eliminar qualquer censura. E oferece du<strong>as</strong><br />

importantes prov<strong>as</strong> <strong>de</strong> vida ilibada, ao dizer: “Evitamos dar qualquer motivo <strong>de</strong>”. Não<br />

diz: De acusação, m<strong>as</strong> bem menos: “De escândalo”, como se dissesse: Evitamos<br />

qualquer motivo <strong>de</strong> repreensão e queix<strong>as</strong>. “A fim <strong>de</strong> que o nosso ministério não seja<br />

sujeito à censura”. Isto é, que ninguém o ataque. E não disse novamente: Para que não<br />

seja acusado, e sim: A fim <strong>de</strong> que não se encontre nele a mais leve culpa, nem alguém<br />

possa inspecioná-lo.<br />

4. Ao contrário, em tudo recomendamo-nos como ministros <strong>de</strong> Deus:<br />

É muito melhor. Estar livre <strong>de</strong> censura não tem idêntico valor a sempre comportar-se<br />

quais ministros <strong>de</strong> Deus. Não é a mesma coisa estar sujeito à acusação e merecer os mais<br />

altos louvores. E não disse: Parecendo ministros, e sim: “Recomendamo-nos”, isto é,<br />

<strong>de</strong>monstramo-nos. Em seguida explana <strong>de</strong> que modo se tornaram tais. De que modo foi?<br />

por gran<strong>de</strong> paciência,<br />

Formula, mencionando o fundamento dos bens. Por isso, não <strong>de</strong>clarou simplesmente<br />

“paciência”, e sim: “gran<strong>de</strong> paciência”, expondo sua gran<strong>de</strong>za. Suportar uma ou outra<br />

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