26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

pag<strong>as</strong>sem <strong>as</strong> pen<strong>as</strong> <strong>de</strong>vid<strong>as</strong> a seus pecados; quanto a ele, porém, qual a razão, a causa?<br />

Nada disso pensou, m<strong>as</strong> abriu-lhe <strong>as</strong> port<strong>as</strong> <strong>de</strong> sua c<strong>as</strong>a, e antes da c<strong>as</strong>a abriu-lhe o<br />

coração, oferecendo-lhe todos os seus recursos; não ouviu a voz da natureza,<br />

<strong>de</strong>spreocupou-se dos filhos, preferiu o hóspe<strong>de</strong> a tudo. Pon<strong>de</strong>ra, <strong>de</strong> fato, que suplício<br />

nos é reservado, se formos inferiores e mais fracos do que uma viúva, pobre, estrangeira,<br />

bárbara, mãe <strong>de</strong> vários filhos, que nada sabia do que nos é notório. Robustos <strong>de</strong> corpo,<br />

nem por isso somos fortes. Com efeito, quem possui esta virtu<strong>de</strong>, embora prostrado no<br />

leito, internamente possui forç<strong>as</strong>; retirad<strong>as</strong> est<strong>as</strong>, mesmo se <strong>de</strong> tanto vigor corporal que<br />

possa transferir uma montanha, não parece mais valente do que uma jovem ou mísera<br />

velha. Um peleja contra vícios incorpóreos; outro, ao contrário, nem ousa fitá-los. No<br />

intuito <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>res o âmbito da virtu<strong>de</strong> da fortaleza, po<strong>de</strong>s coligi-lo <strong>de</strong>ste mesmo<br />

exemplo. O que se po<strong>de</strong> imaginar <strong>de</strong> mais forte do que esta mulher que supera tudo,<br />

firme diante da tirania da natureza, da violência da fome, da morte iminente? Escuta, em<br />

verda<strong>de</strong>, como Cristo a recomenda: “Havia em Israel muit<strong>as</strong> viúv<strong>as</strong> nos di<strong>as</strong> <strong>de</strong> Eli<strong>as</strong>; no<br />

entanto, não foi enviado o profeta a nenhuma <strong>de</strong>l<strong>as</strong>, exceto àquela” (Lc 4,25-26). Posso<br />

dizer algo <strong>de</strong> grandioso e paradoxal? Ela ultrap<strong>as</strong>sou nosso pai Abraão relativamente à<br />

hospitalida<strong>de</strong>. Não acorreu ao rebanho como ele, m<strong>as</strong>, com um bocado <strong>de</strong> pão, se<br />

sobrepôs aos que exerceram a hospitalida<strong>de</strong>. Abraão <strong>as</strong>sumiu pessoalmente este múnus;<br />

m<strong>as</strong> a viúva, por causa do hóspe<strong>de</strong>, nem os filhos poupou, sem ter qualquer expectativa<br />

para o futuro. Nós, ao contrário, caímos no torpor, apesar <strong>de</strong> nos ser oferecido o reino,<br />

<strong>de</strong> estarmos ameaçados com a geena, e o que é mais importante, ter Deus realizado por<br />

nós tant<strong>as</strong> maravilh<strong>as</strong>, e se comprazer e alegrar por esses atos. Não procedamos <strong>de</strong>ssa<br />

maneira, suplico-vos, m<strong>as</strong> distribuamos e <strong>de</strong>mos aos pobres como é justo. Deus não<br />

me<strong>de</strong> se <strong>as</strong> dádiv<strong>as</strong> são muit<strong>as</strong> ou pouc<strong>as</strong>, e sim <strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s do doador. Daí vem<br />

julgares muit<strong>as</strong> vezes que oferecer um óbolo é menos do que tua dádiva <strong>de</strong> cem estateres<br />

<strong>de</strong> ouro, extraídos do teu supérfluo. Todavia, faze ao menos isso; e imediatamente<br />

chegarás a maior liberalida<strong>de</strong>. Semeia riquez<strong>as</strong>, para colheres justiça, que não se posta do<br />

lado d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>; apresenta-se por meio <strong>de</strong>l<strong>as</strong>, não, porém, a el<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociada. É<br />

impossível que coabitem a ambição <strong>de</strong> riquez<strong>as</strong> e a justiça; divergem <strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong><br />

tend<strong>as</strong>. Não te esforces por congregar cois<strong>as</strong> que não se po<strong>de</strong>m unir <strong>de</strong> forma alguma.<br />

Expulsa o tirano, o amor do dinheiro, se queres receber a rainha. Pois a justiça é uma<br />

rainha que transfere os homens da escravidão para a liberda<strong>de</strong>, enquanto a ambição faz<br />

inteiramente o oposto. Sendo <strong>as</strong>sim, fujamos <strong>de</strong>la com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> forç<strong>as</strong>, abracemos a<br />

justiça, a fim <strong>de</strong> fruirmos da liberda<strong>de</strong> nesta vida e conseguirmos o reino dos céus.<br />

Suceda a todos nós alcançá-lo, pela graça e amor aos homens <strong>de</strong> nosso Senhor Jesus<br />

Cristo, ao qual com o Pai, na unida<strong>de</strong> do Espírito Santo glória, império, honra, agora e<br />

sempre e nos séculos dos séculos. Amém.<br />

VIGÉSIMA HOMILIA<br />

10. Aquele que fornece semente ao semeador e pão para o alimento vos fornecerá<br />

também a semente e a multiplicará e fará crescer os frutos da vossa justiça.<br />

Aqui, admire-se especialmente a prudência <strong>de</strong> Paulo. Bem como exortou a respeito<br />

485

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!