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exaltarmos por trabalhos alheios. Empregou bem os vocábulos <strong>de</strong> regra e medida, como<br />

se avanç<strong>as</strong>se para a posse e herança valiosa <strong>de</strong> todo o orbe, manifestando que tudo é<br />

obra <strong>de</strong> Deus. Por conseguinte, <strong>as</strong>sim sendo, diz ele, e esperando ainda bens maiores,<br />

nem por isso nos gloriamos como aqueles que nada possuem, nem atribuímos algo a nós<br />

mesmos, m<strong>as</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> a Deus. Daí o acréscimo:<br />

17. Quem se gloria, glorie-se no Senhor.<br />

E isso nos advém da parte <strong>de</strong> Deus.<br />

18. Pois não aquele que recomenda a si mesmo é aprovado, m<strong>as</strong> aquele que Deus<br />

recomenda.<br />

Não disse: Somos aprovados, e sim: “Aquele que Deus recomenda”. Vês como fala<br />

humil<strong>de</strong>mente? Se na continuação do sermão, ele fala <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s mais elevad<strong>as</strong>, não te<br />

admires. Também aí se revela a prudência <strong>de</strong> Paulo. Pois, se em toda parte fal<strong>as</strong>se<br />

humil<strong>de</strong>mente, não os atingiria tanto, nem libertaria do erro os discípulos. De fato,<br />

acontece por vezes que alguém, por modéstia inoportuna, cause <strong>de</strong>trimento e, ao<br />

contrário, faça o bem, proclamando oportunamente a respeito <strong>de</strong> si próprio algo <strong>de</strong><br />

importante, conforme ele também agiu. Efetivamente, não era pequeno o perigo <strong>de</strong> terem<br />

os discípulos opinião péssima a respeito <strong>de</strong> Paulo; não quer dizer que Paulo capt<strong>as</strong>se<br />

glória humana. Pois, se a procur<strong>as</strong>se, não teria silenciado durante tanto tempo a gran<strong>de</strong> e<br />

maravilhosa visão que tivera catorze anos antes; nem certamente ele, apesar da premente<br />

necessida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sta forma agiria e hesitaria em falar.<br />

De fato, não o dizia por buscar glória humana, m<strong>as</strong> para aten<strong>de</strong>r ao bem dos<br />

discípulos. Uma vez que propagavam que ele orgulhosamente se vangloriava, m<strong>as</strong> na<br />

realida<strong>de</strong> nada valia, foi preciso recorrer àquel<strong>as</strong> revelações. Embora pu<strong>de</strong>sse pelos fatos<br />

persuadi-los, ao dizer tais cois<strong>as</strong>, julgou que ainda <strong>de</strong>via empregar ameaç<strong>as</strong>. Na verda<strong>de</strong>,<br />

estava isento principalmente <strong>de</strong> vanglória; manifesta-o tanto sua vida anterior quanto<br />

posterior.<br />

Por isso também <strong>de</strong> repente se converteu, e convertido abalou os ju<strong>de</strong>us, rejeitou <strong>as</strong><br />

honr<strong>as</strong> <strong>de</strong> que gozava, apesar <strong>de</strong> ser diante <strong>de</strong>les chefe e superior. M<strong>as</strong>, <strong>de</strong> nada disso<br />

cogitou, porque havia <strong>de</strong>scoberto a verda<strong>de</strong>, comutando-a por opróbrios e ignomíni<strong>as</strong>.<br />

Propunha-se a salvação <strong>de</strong> muitos, julgando que compensava tudo. E na verda<strong>de</strong>, como<br />

teria querido captar <strong>as</strong> honr<strong>as</strong> da parte do povo, se não consi<strong>de</strong>rava que, em comparação<br />

com o amor <strong>de</strong> Cristo, fosse algo a geena, ou o reino, ou incontáveis mundos? De modo<br />

algum; ou antes, <strong>as</strong>saz humil<strong>de</strong>, quando lícito, <strong>de</strong>stacava sua vida anterior, <strong>de</strong>nominandose<br />

bl<strong>as</strong>femo, perseguidor, injurioso. Ora, também seu discípulo Luc<strong>as</strong> menciona muitos<br />

fatos <strong>de</strong> que ele mesmo o informara, tanto acerca <strong>de</strong> sua vida anterior quanto da seguinte<br />

à conversão.<br />

Digo isso, não apen<strong>as</strong> a fim <strong>de</strong> ouvirmos, m<strong>as</strong> para nossa instrução. Pois, se ele se<br />

recordava dos pecados que cometera antes do batismo, apesar <strong>de</strong> inteiramente apagados,<br />

que perdão conseguiremos se nos esquecemos dos pecados que cometemos <strong>de</strong>pois do<br />

batismo? O que dizes, ó homem? Ofen<strong>de</strong>ste a Deus e te esqueceste? Segunda ofensa,<br />

segunda inimiza<strong>de</strong>. De que pecados pe<strong>de</strong>s perdão? Ac<strong>as</strong>o daqueles que nem <strong>de</strong> ti são<br />

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