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46. Primeiro foi feito não o que é espiritual, m<strong>as</strong> o que é psíquico; o que é espiritual<br />

vem <strong>de</strong>pois.<br />

Não enunciou a razão por que <strong>as</strong>sim suce<strong>de</strong>u, m<strong>as</strong> contentou-se com o plano <strong>de</strong><br />

Deus, com a sentença que proce<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong>, que dá testemunho d<strong>as</strong> ótim<strong>as</strong><br />

disposições <strong>de</strong> Deus, e <strong>as</strong>sinala que para nós sempre proce<strong>de</strong>m ao que é melhor e mais<br />

útil; simultaneamente também dá testemunho à palavra. Pois se <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> menores<br />

aconteceram, importa muito mais esperar <strong>as</strong> maiores.<br />

Visto que no futuro gozaremos <strong>de</strong> tais bens, acolhamos essa disposição, e não<br />

<strong>de</strong>ploremos os que morrem, m<strong>as</strong> os que terminam mal. Pois também o agricultor, vendo<br />

<strong>de</strong>compor-se o trigo, não o <strong>de</strong>plora, e sim, ao vê-lo consistente na terra, teme e treme; se<br />

notar que se <strong>de</strong>sfaz, alegra-se. O início da futura seara é a dissolução. Assim também nós<br />

alegramo-nos quando cai a c<strong>as</strong>a corruptível, quando o homem for semeado na terra. Não<br />

te admires que a sepultura receba a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> semeadura; é até melhor do que uma<br />

semeadura. Pois à semeadura suce<strong>de</strong> a morte, os labores, os perigos e os cuidados; a ela,<br />

porém, se vivermos retamente, competem <strong>as</strong> coro<strong>as</strong> e os prêmios: ao n<strong>as</strong>cimento suce<strong>de</strong><br />

a corrupção, a perda, a morte; a essa semeadura sem fim, suce<strong>de</strong>m a incorrupção, a<br />

imortalida<strong>de</strong>, e bens inumeráveis; naquela semeadura há abraço, prazeres e sono; nesta<br />

somente a voz vinda do céu, e logo tudo se realiza. E quem ressurge não é conduzido a<br />

uma vida laboriosa, m<strong>as</strong> a uma vida sem dor, luto e gemido. Se, contudo, procur<strong>as</strong><br />

patrocínio, e por isso chor<strong>as</strong> o morto, refugia-te perto <strong>de</strong> Deus, comum patrono <strong>de</strong><br />

todos, salvador e benfeitor, aliado inexpugnável, socorro pronto, proteção perpétua que<br />

sempre e em todo lugar está presente, que nos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> em toda parte. M<strong>as</strong> a convivência<br />

com o falecido era <strong>de</strong>sejável e amável! Também eu o sei; se submeteres, porém, o<br />

sentimento à razão, pensares em quem o acolheu, se suportares com ânimo forte e<br />

ofereceres a Deus o sacrifício <strong>de</strong> tua vonta<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>s superar essa tempesta<strong>de</strong>, e o que o<br />

tempo faz, realize em ti a sabedoria. Se, porém, fores fraco, com o tempo <strong>de</strong>svanece a<br />

perturbação do espírito, sem te trazer recompensa alguma. A ess<strong>as</strong> razões congrega os<br />

exemplos da vida presente, e os d<strong>as</strong> divin<strong>as</strong> Escritur<strong>as</strong>. Pensa que Abraão imolou o<br />

próprio filho, sem chorar nem emitir palavra amarga (Gn 22). Sim, replic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> era<br />

Abraão. No entanto, tu és chamado a ultrap<strong>as</strong>sar maiores obstáculos. Jó, contudo, teve<br />

só o pesar consentâneo a um pai que ama os filhos, e muito solícito por aqueles que<br />

morreram. Ao invés, o que agora fazemos é próprio dos adversários e inimigos. Na<br />

verda<strong>de</strong>, se lament<strong>as</strong> e chor<strong>as</strong> a alguém que é levado ao palácio régio e coroado, não<br />

diria que és amigo <strong>de</strong>le, e sim gran<strong>de</strong> adversário e inimigo. Ora, respon<strong>de</strong>ri<strong>as</strong>, não choro<br />

por ele, m<strong>as</strong> por mim mesmo. M<strong>as</strong>, nem propriamente am<strong>as</strong>, se queres que o amigo por<br />

tua causa ainda se angustie e se sujeite às incertez<strong>as</strong> do futuro, quando lhe é possível ser<br />

coroado e abordar; ou que seja sacudido pel<strong>as</strong> ond<strong>as</strong>, quando lhe é permitido ficar no<br />

porto. M<strong>as</strong>, não sei, replic<strong>as</strong>, aon<strong>de</strong> foi. Por que não sabes? Dize-me. Quer tenha vivido<br />

bem, quer não, é evi<strong>de</strong>nte para on<strong>de</strong> haveria <strong>de</strong> partir. Por isso mesmo, respon<strong>de</strong>s,<br />

choro, porque morreu em estado <strong>de</strong> pecado. São pretextos e escapatóri<strong>as</strong>. Pois, se<br />

chor<strong>as</strong> porque morreu, <strong>de</strong>vi<strong>as</strong>, enquanto vivia, transformá-lo, corrigi-lo. M<strong>as</strong> tu, sempre,<br />

consi<strong>de</strong>r<strong>as</strong> teus interesses, não os <strong>de</strong>le. Se, contudo, morreu sendo pecador, <strong>de</strong>ves por<br />

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