26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nos comportássemos segundo critérios carnais.<br />

Após ter terminado convenientemente o sermão sobre a esmola, Paulo <strong>de</strong>staca que<br />

ele mais os amava do que era amado por eles e sobretudo tendo narrado a sua paciência<br />

e tribulações, oportunamente começa a repreen<strong>de</strong>r, mencionando os falsos apóstolos, e<br />

com estes <strong>as</strong>suntos mais severos encerra o discurso e recomenda-se a si mesmo. Assim<br />

proce<strong>de</strong> na carta inteira; quando o percebe, muit<strong>as</strong> vezes se emenda, utilizando esses<br />

termos: “Começaremos <strong>de</strong> novo a nos recomendar?” (2Cor 3,1) e avançando, diz: “Não<br />

nos recomendamos <strong>de</strong> novo junto a vós, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>sejamos dar-vos oc<strong>as</strong>ião <strong>de</strong> vos<br />

gloriar<strong>de</strong>s” (2Cor 5,12), e <strong>de</strong>pois: “Procedi como insensato! Vós me constrangestes a<br />

isto” (2Cor 12,11). Emprega muit<strong>as</strong> <strong>de</strong>st<strong>as</strong> emend<strong>as</strong>. Não incorrerá em erro quem <strong>de</strong>r a<br />

esta carta o nome <strong>de</strong> elogio <strong>de</strong> Paulo, <strong>de</strong> tal forma largamente <strong>de</strong>screve os efeitos da<br />

graça e os relativos à sua própria paciência. Visto haver alguns que tinham <strong>de</strong> si alto<br />

conceito e se antepunham ao Apóstolo, acusando-o <strong>de</strong> arrogante, <strong>de</strong> nenhuma valia e <strong>de</strong><br />

que nada <strong>de</strong> correto ensinava (o que constituía máximo indício <strong>de</strong> que possuíam espírito<br />

corrompido), vê como inicia a advertência: “Eu mesmo, Paulo”. Not<strong>as</strong> com que<br />

gravida<strong>de</strong> e autorida<strong>de</strong> ele fala? Era como se quisesse dizer: Suplico-vos, não me<br />

obrigueis, nem me <strong>de</strong>ixeis usar <strong>de</strong> minha autorida<strong>de</strong> contra aqueles que me menosprezam<br />

e me consi<strong>de</strong>ram homem carnal. Certamente, a austerida<strong>de</strong> aqui era maior do que <strong>as</strong><br />

ameaç<strong>as</strong> formulad<strong>as</strong> na primeira carta: “Que preferis? Que eu vos visite com vara ou<br />

com amor e em espírito <strong>de</strong> mansidão?” Agora, porém: “Julgando que eu não <strong>vol</strong>taria a<br />

ter convosco, alguns se encheram <strong>de</strong> orgulho. Em breve irei ter convosco, e tomarei<br />

conhecimento não d<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> dos orgulhosos, m<strong>as</strong> do seu po<strong>de</strong>r” (1Cor 4,21.18.19).<br />

Nesta p<strong>as</strong>sagem <strong>de</strong>monstra du<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>: autorida<strong>de</strong>, e sábia paciência, <strong>de</strong> sorte que roga<br />

instantemente que não tenha necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir a fim <strong>de</strong> dar <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> c<strong>as</strong>tigar, <strong>de</strong> ferir e infligir pen<strong>as</strong>, e <strong>de</strong> exigir estrit<strong>as</strong> cont<strong>as</strong>. Ele o sugere nesses termos:<br />

“Rogo-vos, não me obrigueis, quando estiver presente, a mostrar-me ousado,<br />

recorrendo à audácia com que tenciono agir contra aqueles que nos julgam como se<br />

nos comportássemos segundo critérios carnais”. Nesse ínterim, confiramos esta palavra<br />

com o que se encontra no início: “Eu mesmo, Paulo”. É gran<strong>de</strong> ênf<strong>as</strong>e, muita<br />

severida<strong>de</strong>, segundo disse também em outra p<strong>as</strong>sagem: “Eu, Paulo, vos digo” (Gl 5,2); e<br />

ainda: “Eu, Paulo, velho” (Fl 9); e em outro trecho: “Ela ajudou a muitos, a mim<br />

inclusive” (Rm 16,2). Do mesmo modo aqui afirma: “Eu mesmo, Paulo”. É importante<br />

que ele próprio exorte; mais ainda o acréscimo: “Pela mansidão e a bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Cristo”. Empenhando-se muito por incutir-lhes pudor, <strong>de</strong>staca a mansidão e a<br />

benignida<strong>de</strong>, intensificando a súplica, como se dissesse: Demonstrai veneração pela<br />

própria mansidão <strong>de</strong> Cristo, através da qual vos rogo. Exprimindo-se <strong>de</strong>sse modo, queria<br />

simultaneamente <strong>de</strong>ixar claro que, por mais que eles o provoc<strong>as</strong>sem, era mais propenso à<br />

suavida<strong>de</strong>, não porque não tivesse força para agir energicamente, conforme Cristo<br />

também fazia. “Eu tão humil<strong>de</strong> quando estou entre vós face a face, m<strong>as</strong> tão ousado<br />

quando estou longe”. O que significa isso? Talvez fale ironicamente, repetindo <strong>as</strong><br />

expressões <strong>de</strong>les. Efetivamente, eles afirmavam que Paulo, quando presente, não tinha<br />

valor algum, era insignificante e <strong>de</strong>sprezível; ausente, porém, enchia-se <strong>de</strong> orgulho,<br />

490

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!