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que não se tratava <strong>de</strong> uma inovação, e já fora outrora <strong>de</strong>terminado pelo legislador que<br />

esses tais <strong>de</strong>viam ser eliminados; m<strong>as</strong> ali, na verda<strong>de</strong>, com mais violência, aqui mais<br />

suavemente. Por isso com razão perguntará alguém por que então seria permitido punir e<br />

apedrejar o pecador, aqui, no entanto, não, m<strong>as</strong> o convida à penitência. Por que, então,<br />

estabelecia cada qual <strong>de</strong> um modo? Por est<strong>as</strong> du<strong>as</strong> caus<strong>as</strong>: a primeira, porque os cristãos<br />

eram <strong>de</strong>stinados a maior combate e precisavam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ânimo e paciência; a segunda,<br />

porém, mais verda<strong>de</strong>ira, porque, na verda<strong>de</strong>, mais facilmente se corrigiriam com a<br />

impunida<strong>de</strong>, enquanto os outros se lançariam em maior iniquida<strong>de</strong>. Pois, se após terem<br />

visto os primeiros c<strong>as</strong>tigados, perseveravam nos mesmos pecados, muito mais o fariam<br />

se vissem que ninguém era c<strong>as</strong>tigado. Por esse motivo, lá imediatamente eram mortos o<br />

adúltero e o homicida; aqui, contudo, se absolvidos <strong>de</strong>vido à penitência, escapariam do<br />

suplício. De resto, também verás aqui suplício maior e no Antigo Testamento mais<br />

suave, <strong>de</strong> sorte que por tudo se verifica que os Testamentos são afins e proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

idêntico legislador. Aqui e ali seguem-se imediatamente os suplícios; às vezes em ambos,<br />

após muito tempo, e às vezes também não <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longo prazo, visto que Deus se<br />

contenta com a penitência. Pois no Antigo Testamento, Davi caiu em adultério e<br />

perpetrou o <strong>as</strong>s<strong>as</strong>sinato e foi salvo pela penitência; no Novo, por ter subtraído um pouco<br />

do preço <strong>de</strong> seu campo, Anani<strong>as</strong> pereceu com a esposa. Se forem observados muitos<br />

fatos severos no Antigo Testamento, e muitos opostos no Novo, é a diferença <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

que produz tal diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medid<strong>as</strong>.<br />

3. OS PROCESSOS EM TRIBUNAIS PAGÃOS<br />

6,1. Quando um <strong>de</strong> vós tem rixa com outro, como ousa levá-la aos injustos, para ser<br />

julgada, e não aos santos?<br />

Aqui também faz a acusação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados pecados. De fato, dizia acima: “É geral<br />

ouvir-se dizer que entre vós existe luxúria” e aqui: “Um <strong>de</strong> vós... ousa”. Logo no início<br />

mostra-se irado, e <strong>as</strong>sinala que o crime é audaz e iníquo. E por que introduz o discurso<br />

sobre a avareza e <strong>de</strong>clara que não se <strong>de</strong>ve levar a causa para ser julgada fora? Cumpre a<br />

sua própria norma. Efetivamente costumava emendar conforme <strong>as</strong> eventualida<strong>de</strong>s; por<br />

isso, ao dissertar a respeito d<strong>as</strong> mes<strong>as</strong> comuns, faz uma digressão a respeito dos<br />

mistérios. E neste c<strong>as</strong>o, após ter feito menção dos irmãos avarentos, inflamado pelo zelo<br />

<strong>de</strong> emendar os pecadores, não se limita a prosseguir segundo a or<strong>de</strong>m, m<strong>as</strong> se refere ao<br />

pecado subsequente, <strong>de</strong> novo o emenda, e retorna ao primeiro. Ouçamos, portanto, o<br />

que ainda diz a respeito: “Quando um <strong>de</strong> vós tem rixa com outro, como ousa levá-la aos<br />

injustos, para ser julgada, e não aos santos?”. Nesse ínterim, trata da questão<br />

nominalmente, dissua<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nuncia. E no começo não recusa o julgamento feito pelos<br />

fiéis; <strong>de</strong>pois, contudo, <strong>de</strong> censurar com severida<strong>de</strong>, rejeita inteiramente este juízo. Diz<br />

ele: Principalmente se é preciso pleitear, não <strong>de</strong>ve ser perante os injustos; entretanto, não<br />

convém absolutamente. M<strong>as</strong> isso ele o <strong>de</strong>clara mais adiante; por enquanto primeiro exclui<br />

a possibilida<strong>de</strong> do julgamento realizado por injustos. Como, pois, não seria absurdo<br />

àquele que disputa contra um amigo, aceitar como intermediário conciliador um inimigo,<br />

pergunta ele? Como não te envergonh<strong>as</strong>, nem te cor<strong>as</strong> que um pagão se <strong>as</strong>sente para<br />

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