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<strong>de</strong> não cair. Pois o estar <strong>de</strong> pé não é ter firmeza enquanto não nos libertarmos do fluxo<br />

da vida presente e alcançarmos um porto tranquilo. Não te vanglories, portanto, <strong>de</strong> estar<br />

<strong>de</strong> pé, m<strong>as</strong> acautela-te <strong>de</strong> uma queda. Efetivamente, quando Paulo, o mais forte <strong>de</strong><br />

todos, teve medo, muito mais <strong>de</strong>vemos nós ter receio. O Apóstolo, em verda<strong>de</strong>, dizia:<br />

“Assim, pois, aquele que julga estar <strong>de</strong> pé, tome cuidado para não cair”. Nós, porém,<br />

nem isso po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>clarar, uma vez que todos, por <strong>as</strong>sim dizer, caíram, e jazem<br />

prostrados no chão. A quem, pois, dirigirei ess<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>? Àquele que cotidianamente<br />

rouba? M<strong>as</strong> ele está prostrado pela maior queda. Ao fornicador? Foi jogado ao chão. Ao<br />

ébrio? Ora, ele também jaz e nem sabe que está caído. Por conseguinte, já não é tempo<br />

<strong>de</strong> proferir ess<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> e sim <strong>as</strong> do profeta que dizia aos ju<strong>de</strong>us: “Está <strong>de</strong>itado e nunca<br />

mais vai levantar” (Sl 41,9). De fato, todos estão <strong>de</strong>itados e não querem se erguer. Por<br />

isso a advertência não é dirigida aos que po<strong>de</strong>m cair, e sim como aos que, apesar <strong>de</strong><br />

prostrados, po<strong>de</strong>m se levantar. Levantemo-nos, portanto, ao menos tardiamente,<br />

caríssimos, levantemo-nos e fiquemos corajosamente <strong>de</strong> pé. Até quando estaremos<br />

prostrados? Até quando estaremos embriagados, agravados com o peso da<br />

concupiscência dos bens mundanos? É oportuno dizer agora: A quem <strong>de</strong>vo falar e dar<br />

testemunho? Qu<strong>as</strong>e todos encontram-se surdos diante da doutrina da própria virtu<strong>de</strong>, e<br />

em consequência, repletos <strong>de</strong> muitos males! E se pudéssemos contemplar <strong>as</strong> alm<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>snud<strong>as</strong>, como se veem nos exércitos, terminado o combate, uns mortos e outros<br />

feridos, <strong>as</strong>sim verificaríamos na Igreja. Por esse motivo, insisto e suplico que estendamos<br />

uns aos outros <strong>as</strong> mãos e levantemo-nos. De fato, também eu me acho no número dos<br />

feridos, dos que precisam <strong>de</strong> remédio. M<strong>as</strong> nem por isso <strong>de</strong>sanimeis; pois embora <strong>as</strong><br />

ferid<strong>as</strong> sejam graves, não são incuráveis. Tal é nosso médico: contanto que percebamos<br />

os ferimentos, apesar <strong>de</strong> chegarmos à extrema malda<strong>de</strong>, abre-nos muitos caminhos <strong>de</strong><br />

salvação. Com efeito, se perdo<strong>as</strong> a ofensa do próximo, teus pecados serão perdoados:<br />

“Pois se perdoar<strong>de</strong>s aos homens os seus <strong>de</strong>litos, também o vosso Pai celeste vos<br />

perdoará” (Mt 6,14). E se <strong>de</strong>res esmola, perdoar-te-á os pecados: “Repara teus pecados<br />

pel<strong>as</strong> esmol<strong>as</strong>: (Dn 4,24). Se orares com diligência, usufruirás <strong>de</strong> remissão. Isso se revela<br />

na viúva, que dobrou o juiz inflexível por meio da prece insistente. Se acusares teus<br />

pecados, terás consolo: “Enumera teus pecados primeiro, a fim <strong>de</strong> seres justificado” (Is<br />

43,26). Se estiveres triste por causa <strong>de</strong>les, servir-te-á <strong>de</strong> máximo remédio: “Vi que teve<br />

dor e foi-se triste e curei os seus caminhos” (cf. Is 57,17-18). E se sofreres algo, e o<br />

suportares com fortaleza, tudo será apagado. Foi isso que Abraão dizia àquele rico:<br />

Lázaro recebeu seus males, e aqui goza <strong>de</strong> consolação (cf. Lc 16,25). Se tiveres<br />

compaixão da viúva, teus pecados serão apagados, pois diz a Escritura: “Fazei justiça ao<br />

órfão, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>i a causa da viúva! Então, sim, po<strong>de</strong>remos discutir, diz o Senhor. Mesmo<br />

que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que<br />

sejam vermelhos como o carmesim tornar-se-ão como lã ” (Is 1,17-18). Efetivamente,<br />

nem <strong>as</strong> cicatrizes d<strong>as</strong> ferid<strong>as</strong> <strong>de</strong>ixa aparecer.<br />

E se chegarmos até <strong>as</strong> profun<strong>de</strong>z<strong>as</strong> dos males, aon<strong>de</strong> caiu aquele que <strong>de</strong>sperdiçou os<br />

bens paternos e alimentava-se d<strong>as</strong> comid<strong>as</strong> dos porcos, m<strong>as</strong> fizermos penitência, seremos<br />

sem dúvida salvos; mesmo se <strong>de</strong>vermos <strong>de</strong>z mil talentos e nos prostrarmos, apagarmos a<br />

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