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nesses termos:<br />

2. Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu<br />

– se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei. Deus o sabe! –<br />

3. E sei que esse homem – se no corpo ou fora do corpo, não sei –<br />

4. foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavr<strong>as</strong> inefáveis, que não é lícito ao homem<br />

repetir.<br />

5. No tocante a esse homem, eu me gloriarei; m<strong>as</strong> no tocante a mim, não me gloriarei.<br />

Certamente constitui revelação grandiosa, m<strong>as</strong> não a única; houve vári<strong>as</strong>. Ele,<br />

contudo, menciona somente uma entre <strong>as</strong> <strong>de</strong>mais. Escuta o que diz para saberes que<br />

foram muit<strong>as</strong>:<br />

7. Uma vez que <strong>as</strong> revelações eram extraordinári<strong>as</strong>, para eu não me encher <strong>de</strong><br />

soberba.<br />

Ora, dirá alguém, se <strong>de</strong>sejava ocultá-l<strong>as</strong>, <strong>de</strong> modo algum <strong>de</strong>via elaborar um enigma,<br />

nem algo <strong>de</strong> semelhante; se, porém, queria dizê-lo, que <strong>as</strong> proferisse claramente. Por<br />

que, então, nem quis expô-l<strong>as</strong> expressamente, nem calou? A fim <strong>de</strong> revelar que tratava<br />

do <strong>as</strong>sunto a contragosto. Por isso também aludiu ao prazo <strong>de</strong> quatorze anos. Não foi<br />

inutilmente que mencionou o tempo <strong>de</strong>corrido; visava <strong>de</strong>monstrar que, havendo calado<br />

durante tantos anos, não o narraria então a não ser forçado pela necessida<strong>de</strong>; silenciaria,<br />

se não constat<strong>as</strong>se que os irmãos se achavam em perigo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r-se. Se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

primórdios Paulo foi consi<strong>de</strong>rado digno <strong>de</strong> tal revelação, quando ainda não havia<br />

praticado tão gran<strong>de</strong>s feitos, pon<strong>de</strong>ra quanto se transformou nesses quatorze anos. E vê<br />

que também aqui se porta mo<strong>de</strong>stamente ao narrar certos acontecimentos, e a respeito <strong>de</strong><br />

outros confessar que ignora. Declara que foi arrebatado, m<strong>as</strong> que não sabe se no corpo<br />

ou fora do corpo. E b<strong>as</strong>tava calar-se <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dizer que fora raptado, m<strong>as</strong> o acrescenta,<br />

por modéstia. Como? De tal modo a mente e a alma foram raptad<strong>as</strong> que o corpo estivera<br />

morto? Ou foi também arrebatado? Não é possível afirmá-lo. Pois, se o ignora o próprio<br />

Paulo, que foi arrebatado e que fruiu <strong>de</strong> tantos e tão gran<strong>de</strong>s mistérios, com maior razão<br />

nos é <strong>de</strong>sconhecido. Sabia que estava no paraíso e não ignorava estar no terceiro céu,<br />

m<strong>as</strong> evi<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>sconhecia a modalida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>ra ainda por outra p<strong>as</strong>sagem<br />

como era alheio ao orgulho. Efetivamente, ao falar da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dam<strong>as</strong>co, dá crédito à<br />

sua palavra; aqui, porém, não o faz, não queria confirmar <strong>de</strong>mais, apen<strong>as</strong> diz e insinua. E<br />

por isto acrescenta:<br />

“No tocante a esse homem, eu me gloriarei”. Não pretendia indicar que um outro<br />

tivesse sido raptado, m<strong>as</strong> que dizia <strong>de</strong> si quanto era possível e que tardava falar<br />

abertamente, e em consequência elaborou a fr<strong>as</strong>e <strong>de</strong>sta forma. Aliás, seria consequente<br />

enquanto falava <strong>de</strong> si, apresentar um outro? Por que compôs <strong>as</strong>sim o discurso? Não era<br />

a mesma coisa dizer: Fui arrebatado, e: Conheço um homem que foi arrebatado; ou:<br />

Glorio-me <strong>de</strong> mim mesmo, e: “No tocante a esse homem, eu me gloriarei”. Se alguém<br />

disse: Como po<strong>de</strong> ter sido arrebatado sem o corpo? Por minha vez, perguntarei: Como<br />

po<strong>de</strong> ser ter sido arrebatado com o corpo? Mais dificilmente o explicarás, se raciocinares,<br />

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