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divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe” (ib. 34)? Quem, contudo,<br />

ouvisse: Quem não renunciar à c<strong>as</strong>a, pátria e riquez<strong>as</strong>, não é digno <strong>de</strong> mim (cf. Lc<br />

14,33), não duvidaria, não repudiaria? No entanto, não somente não ficaram<br />

horrorizados, não recusaram ao ouvir tais cois<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> até acorriam, e precipitavam-se<br />

para <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> difíceis e arrebatavam o que era preceituado. Qual dos coetâneos não<br />

<strong>de</strong>sistiria ao ouvir, porém, que <strong>de</strong> toda palavra inútil que dissermos, prestaremos cont<strong>as</strong><br />

(cf. Mt 12,36) e: “Todo aquele que olha para uma mulher com <strong>de</strong>sejo libidinoso já<br />

cometeu adultério com ela” (Mt 5,28); e que aquele que se irrita em vão, cairá na geena.<br />

Ora, todos acorriam e muitos até saltavam os obstáculos. O que, portanto, os induzia?<br />

Não era evi<strong>de</strong>ntemente o po<strong>de</strong>r daquele que fora anunciado? Se <strong>as</strong>sim não suce<strong>de</strong>sse,<br />

m<strong>as</strong> o contrário, e os primeiros fossem esses últimos e estes fossem os primeiros, seria<br />

fácil atrair os que se opunham? Certamente não se po<strong>de</strong> afirmar tal coisa.<br />

Por conseguinte, tudo <strong>de</strong>monstra que era o po<strong>de</strong>r divino que atuava. Pois don<strong>de</strong>,<br />

pergunto, eles pu<strong>de</strong>ram persuadir os efeminados e dissolutos a levarem vida dura e<br />

áspera? Na verda<strong>de</strong>, eram <strong>de</strong>sta espécie os preceitos. Vejamos, contudo, se a doutrina<br />

era atraente. Ao contrário, mais a<strong>de</strong>quada a af<strong>as</strong>tar os infiéis. O que diziam, portanto, os<br />

pregadores? Que se <strong>de</strong>via adorar um crucificado e consi<strong>de</strong>rar que era Deus aquele que<br />

n<strong>as</strong>cera <strong>de</strong> uma mulher judia. Quem o acreditaria, sem o impulso <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r divino?<br />

Todos constataram que ele fora crucificado e sepultado; porém que ressuscitara e subira<br />

ao céu, ninguém o vira, exceto os apóstolos.<br />

M<strong>as</strong>, replic<strong>as</strong>, eram animados com promess<strong>as</strong>, e seduzidos por palavr<strong>as</strong>. Isso mesmo<br />

<strong>de</strong>monstra principalmente, além do supramencionado, que nossa religião não é uma<br />

frau<strong>de</strong>. Efetivamente, tudo o que era inaceitável provinha daqui; os bens, contudo, eram<br />

prometidos para <strong>de</strong>pois da ressurreição. Isso mesmo, repito, mostra que a nossa<br />

pregação é divina. Por que nenhum dos fiéis disse: Não adiro, não posso aceitar;<br />

ameaç<strong>as</strong>-me aqui na terra com sofrimentos e me prometes bens para <strong>de</strong>pois da<br />

ressurreição? Don<strong>de</strong> se <strong>de</strong>duz que haverá ressurreição? Qual dos mortos <strong>vol</strong>tou? Que<br />

<strong>de</strong>funto ressuscitou? Qual <strong>de</strong>les disse o que há <strong>de</strong> suce<strong>de</strong>r <strong>de</strong>pois da partida daqui? Ora,<br />

nada disso pensaram; até <strong>de</strong>ram a vida pelo Crucificado. De fato, a maior força consiste<br />

em que, nunca tendo ouvido falar <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, imediatamente adquiriram convicção a<br />

respeito <strong>de</strong> tão gran<strong>de</strong>s feitos, e dispunham-se para difíceis experiênci<strong>as</strong>, aceitando<br />

possuir os bens apen<strong>as</strong> em esperança. Efetivamente, quisessem os apóstolos enganar,<br />

fariam o oposto; prometeriam bens aqui na terra e calariam os eventos terríveis, tanto<br />

presentes quanto futuros. Desta forma costumam agir os sedutores e aduladores: nada<br />

propõem <strong>de</strong> áspero, duro, ou oneroso, m<strong>as</strong> o oposto; verda<strong>de</strong>iro dolo. M<strong>as</strong> a loucura <strong>de</strong><br />

muitos, respon<strong>de</strong>s, fez com que se <strong>de</strong>posit<strong>as</strong>se fé n<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>. O que dizes? Quando<br />

estavam sob o jugo dos gregos não eram estultos, m<strong>as</strong> quando se transferiram para nosso<br />

lado, então se tornaram insensatos? Ora, os apóstolos não conduziram à fé homens<br />

diferentes, <strong>de</strong> outro mundo. Eles mantinham tranquilamente <strong>as</strong> instituições pagãs, m<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong>sumiram <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> enfrentando perigo; por conseguinte, se fosse mais razoável<br />

conservá-l<strong>as</strong>, tendo nel<strong>as</strong> vivido durante tanto tempo, não <strong>as</strong> teriam abandonado,<br />

principalmente porque a renúncia seria perigosa. Depois, contudo, pela própria natureza<br />

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