26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ens, e <strong>de</strong>ste modo romper <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> do diabo, em seguida pa<strong>de</strong>cer tentações e perigos,<br />

não te perturbes. Incidiu em tentações porque feriu fortemente o diabo. E como, replic<strong>as</strong>,<br />

Deus o permitiu? Foi para ser mais coroado, e maior ferida infligir ao diabo. Pois,<br />

quando, após ter praticado o bem, p<strong>as</strong>sa por graves pa<strong>de</strong>cimentos, e diuturnamente dá<br />

graç<strong>as</strong> a Deus, então o diabo é ferido. É grandioso, <strong>de</strong> fato, na prosperida<strong>de</strong>, ter<br />

compaixão e abraçar a virtu<strong>de</strong>; m<strong>as</strong> muito mais é sofrer duramente e não <strong>de</strong>sistir d<strong>as</strong><br />

bo<strong>as</strong> obr<strong>as</strong>. Esse principalmente age <strong>as</strong>sim por causa <strong>de</strong> Deus. Por isso, caríssimos,<br />

mesmo que enfrentemos perigo e soframos seja o que for, com <strong>as</strong> melhores disposições<br />

empreendamos o labor em prol da virtu<strong>de</strong>. Aqui na terra não é oc<strong>as</strong>ião <strong>de</strong> recompens<strong>as</strong>.<br />

Não reclamemos, portanto, aqui <strong>as</strong> coro<strong>as</strong>, a fim <strong>de</strong> que na oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recebê-l<strong>as</strong><br />

seja menor a retribuição. Com efeito, os artífices que se nutrem a si mesmos durante o<br />

trabalho recebem maior remuneração, enquanto os que recebem alimento dos que os<br />

contrataram diminuem boa parte do salário; <strong>as</strong>sim também entre os santos, o que faz<br />

inúmer<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> e sofre males incontáveis obtém salário íntegro e remuneração<br />

muito maior, não somente pelo bem que praticou, m<strong>as</strong> ainda pelos males que pa<strong>de</strong>ceu;<br />

aquele, porém, que goza aqui <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> e prazeres, não receberá no além tão<br />

magnífic<strong>as</strong> coro<strong>as</strong>. Não busquemos, portanto, aqui, o prêmio, m<strong>as</strong> no além nos<br />

alegraremos sumamente, se, fazendo o bem, sofremos o mal. Com efeito, Deus nos<br />

reserva ali o prêmio não apen<strong>as</strong> d<strong>as</strong> bo<strong>as</strong> obr<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> também d<strong>as</strong> tribulações.<br />

No intuito <strong>de</strong> esclarecer melhor o que digo, imaginemos dois ricos comp<strong>as</strong>sivos,<br />

benfeitores dos pobres. Enquanto um <strong>de</strong>les continua no meio d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong> e em tudo<br />

prospera, o outro, contudo, cai na pobreza, doenç<strong>as</strong> e aflições, e dá graç<strong>as</strong> a Deus.<br />

Quando, pois, eles partirem <strong>de</strong>ste mundo, qual receberá maior recompensa? Não é<br />

evi<strong>de</strong>nte que é o doente e aflito, porque, praticando o bem e sofrendo males, nenhum<br />

sentimento simplesmente humano admitiu? É claro, <strong>de</strong> modo geral. Ele é uma estátua <strong>de</strong><br />

aço, um servo grato. Se, porém, não se <strong>de</strong>ve praticar um bem em vista da esperança do<br />

reino, e sim por causa do que agrada a Deus (e isso vale mais do que qualquer reino), o<br />

que merece aquele que, por não receber aqui na terra a retribuição, torna-se mais<br />

indolente no exercício da virtu<strong>de</strong>? Não nos perturbemos, portanto, ao verificarmos que<br />

este ou aquele que protege <strong>as</strong> viúv<strong>as</strong>, e recebe à sua mesa muitos hóspe<strong>de</strong>s, per<strong>de</strong>u a<br />

c<strong>as</strong>a num incêndio, ou sofreu tribulação semelhante, porque há <strong>de</strong> receber sua<br />

recompensa. Igualmente Jó não era tão admirado por causa d<strong>as</strong> esmol<strong>as</strong> quanto pel<strong>as</strong><br />

tribulações posteriores, <strong>de</strong> sorte que os seus amigos são censuráveis e <strong>de</strong>sprezíveis,<br />

porque buscavam remunerações presentes, e por isso proferiam sentença iníqua contra o<br />

justo.<br />

Não procuremos, portanto, remuneração na terra, m<strong>as</strong> tornemo-nos pobres e<br />

mendigos. Seria extrema vileza, quando nos é proposto o céu e os bens superiores,<br />

esperar bens terrenos. Não façamos isso; m<strong>as</strong> seja o que for <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m imprevista que<br />

nos ocorra, <strong>as</strong>siduamente prestemos culto a Deus e obe<strong>de</strong>çamos a Paulo. Possui em c<strong>as</strong>a<br />

um cofrezinho para os pobres, colocado perto do lugar em que or<strong>as</strong> <strong>de</strong> pé; e cada vez<br />

que entrares para rezar, <strong>de</strong>põe primeiro uma esmola, e <strong>de</strong>pois emite a prece; e como não<br />

queres ace<strong>de</strong>r à oração sem lavar <strong>as</strong> mãos, também não o realizes sem a esmola. Não é<br />

349

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!