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somos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e por quem nós somos.<br />

Uma vez que disse que nada são os ídolos e não existe outro Deus, apesar <strong>de</strong><br />

existirem ídolos e os chamados <strong>de</strong>uses, a fim <strong>de</strong> não parecer lutar contra a evidência,<br />

acrescentou (se existem os chamados <strong>de</strong>uses, como <strong>de</strong> fato existem, não o são<br />

verda<strong>de</strong>iramente, m<strong>as</strong> é apen<strong>as</strong> uma <strong>de</strong>signação; não realida<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> simples expressão<br />

verbal): “quer no céu, quer na terra”, no céu, o sol e a luz e os restantes <strong>as</strong>tros, que<br />

adoram os gentios, enquanto na terra, os <strong>de</strong>mônios e aqueles <strong>de</strong>ntre os homens que<br />

foram divinizados. “Para nós, contudo, existe um só Deus, o Pai.”<br />

Tendo primeiro, com exclusão do nome <strong>de</strong> Pai, <strong>de</strong>clarado: “E não há outro Deus a<br />

não ser o Deus único”, agora acrescentou este nome, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter inteiramente<br />

apartado os <strong>de</strong>uses. Após, aditou o máximo critério sobre a divinda<strong>de</strong>: por quem tudo<br />

existe.<br />

Com isto <strong>de</strong>monstra que aqueles não são <strong>de</strong>uses. Pereçam, enuncia ele, os <strong>de</strong>uses que<br />

não fizeram o céu e a terra. Em seguida, acrescenta o que não é menos: e por quem nós<br />

somos.<br />

Ao proclamar: “Por quem tudo existe”, rememora a criação, a produção do nada à<br />

existência, enquanto a expressão: “E por quem nós somos” refere-se à fé e à<br />

familiarida<strong>de</strong>, conforme dissera também mais acima: “Ora, é por ele que vós sois em<br />

Cristo Jesus” (1Cor 1,30). Por duplo motivo somos “Por ele”: fomos criados quando<br />

não existíamos, e feitos fiéis, o que também é criação, segundo o que <strong>as</strong>segura noutra<br />

p<strong>as</strong>sagem: “De ambos fez um só... a fim <strong>de</strong> criar em si mesmo um só homem novo” (Ef<br />

2,14-15). “E um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e por quem nós somos”.<br />

E isso igualmente é concebível em referência a Cristo. Por ele o inexistente gênero<br />

humano foi trazido à existência, e reduzido do erro à verda<strong>de</strong>. Por conseguinte a locução:<br />

“Por ele” não significa: sem Cristo, e sim: por ele, quer dizer, por meio <strong>de</strong> Cristo, fomos<br />

criados. Nem, portanto, <strong>de</strong> certo modo selecionou os nomes, atribuindo ao Filho a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Senhor e ao Pai, <strong>de</strong> Deus. De fato, a Escritura costuma trocar muit<strong>as</strong><br />

vezes, tal como: “Oráculo do Senhor ao meu Senhor”, e ainda: “Eis por que Deus, o teu<br />

Deus, te ungiu” (Sl 110,1 e 45,8); e: “Dos quais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong> o Cristo, segundo a carne, que<br />

é, acima <strong>de</strong> tudo, Deus” (Rm 9,5). E verás frequentemente esses nomes alternados. Se,<br />

porém fossem, <strong>de</strong> certo modo por sorte <strong>de</strong>signados a cada uma d<strong>as</strong> naturez<strong>as</strong>, nem o<br />

Filho era Deus, nem Deus como o Pai, permanecendo Filho; ao afirmar: “Para nós,<br />

contudo, existe um só Deus”, seria supérfluo ter acrescentado: “O Pai”, indicando o<br />

Ingênito; seria suficiente empregar a palavra: “Deus”, se somente sublinh<strong>as</strong>se o<br />

conhecimento do Pai. Não apen<strong>as</strong> isto, m<strong>as</strong> ainda é possível outra afirmação. Pois, se<br />

disseres que o termo: “Deus” não convém ao Filho quando representa um só Deus,<br />

observa que também se aplica ao Filho. De fato, uma vez que o Filho é chamado <strong>de</strong> um<br />

só Senhor, nem por isso dizemos que o título <strong>de</strong> “Senhor” lhe compete exclusivamente.<br />

Por esta razão, a mesma força que tem a locução: “um só” referente ao Filho, tem-na<br />

igualmente em relação ao Pai. Como não impe<strong>de</strong> que o Pai seja Senhor, do mesmo<br />

modo que o Filho é Senhor, <strong>as</strong>severar que o Filho é um só Senhor, <strong>as</strong>sim não impe<strong>de</strong><br />

que o Filho seja Deus, do mesmo modo que o Pai é Deus, ser dito que o Pai é um só<br />

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