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não sejais aprovados”, isto é, a não ser que tenhais uma vida corrupta. “Espero<br />

reconheçais que somos aprovados.” Seria consentâneo dizer: “A menos que não sejais<br />

aprovados”. Nós, contudo, somos. M<strong>as</strong> não o <strong>de</strong>clara para não ferir, e só <strong>de</strong> modo<br />

obscuro o insinua, sem dizer: Sois uns réprobos, nem o propõe <strong>de</strong> outra forma por uma<br />

interrogação: Será “que não sejais aprovados?”, m<strong>as</strong> omite e sugere <strong>de</strong> modo<br />

enigmático, acrescentando: “Espero reconheçais que somos aprovados”. Nova ameaça,<br />

gran<strong>de</strong> terror! Se quereis, por causa do c<strong>as</strong>tigo, daí obter prov<strong>as</strong> <strong>de</strong> que somos<br />

aprovados, não nos faltam comprovações para vos apresentar. De resto, não o diz, m<strong>as</strong><br />

fala com maior severida<strong>de</strong> e ameaç<strong>as</strong>: “Espero reconheçais que somos aprovados”.<br />

Resolvido isso, <strong>de</strong>víeis consi<strong>de</strong>rar clara a nossa situação e que temos em nós Cristo a<br />

falar e operar; m<strong>as</strong> como quereis prov<strong>as</strong> através d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong>, <strong>de</strong>scobrireis que não somos<br />

réprobos. Em seguida, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> acentuar <strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong>, e colocar, por <strong>as</strong>sim dizer, o<br />

c<strong>as</strong>tigo às port<strong>as</strong>, e atemorizá-los em extremo, leva-os a aguardar o suplício. Vê como no<br />

discurso espalha certa suavida<strong>de</strong>, mitiga o medo, mostra que está longe <strong>de</strong> qualquer<br />

ambição, e que é gran<strong>de</strong> a solicitu<strong>de</strong> pelos discípulos, que possui espírito sábio, excelso,<br />

isento <strong>de</strong> vanglória. Demonstra-o pelos termos subsequentes:<br />

7. Pedimos a Deus, não cometais mal algum. Nosso <strong>de</strong>sejo não é aparecer como<br />

aprovados, m<strong>as</strong> que pratiqueis o bem, ainda que <strong>de</strong>vamos p<strong>as</strong>sar por não aprovados.<br />

8. Nada po<strong>de</strong>mos contra a verda<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> só temos po<strong>de</strong>r em favor da verda<strong>de</strong>.<br />

9. Alegramo-nos tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> vezes que somos fracos, e vós fortes. E o que pedimos em<br />

noss<strong>as</strong> orações é o vosso aperfeiçoamento.<br />

O que há <strong>de</strong> comparável a este espírito? É <strong>de</strong>sprezado, cuspido, ridicularizado,<br />

escarnecido, como se fosse vil, <strong>de</strong>sprezível, arrogante, com ostentação, e diante da<br />

realida<strong>de</strong> sem vigor algum; entretanto não somente difere e evita, m<strong>as</strong> ainda faz votos <strong>de</strong><br />

que não incidam em falta: “Pedimos a Deus, não cometais mal algum. Nosso <strong>de</strong>sejo<br />

não é aparecer como aprovados, m<strong>as</strong> que pratiqueis o bem, ainda que <strong>de</strong>vamos p<strong>as</strong>sar<br />

por não aprovados”. O que está dizendo? Peço a Deus, diz ele, insisto, que não<br />

encontre alguém merecedor <strong>de</strong> emenda, não encontre impenitente; ou antes, não só, m<strong>as</strong><br />

que <strong>de</strong> modo algum pequeis: “Não cometais mal algum”. Se acontecer que tenhais<br />

cometido pecado, arrepen<strong>de</strong>i-vos, antecipai-vos em emendar-vos e rejeitai qualquer<br />

espécie <strong>de</strong> ira. Não nos esforçamos por ser aprovados, m<strong>as</strong>, ao contrário, para não<br />

parecermos aprovados. Com efeito, se perseverais nos pecados, sem vos arrepen<strong>de</strong>r<strong>de</strong>s,<br />

teremos <strong>de</strong> aplicar pen<strong>as</strong>, c<strong>as</strong>tigar-vos e mutilar-vos corporalmente, conforme aconteceu<br />

a Safira e ao mago, e apresentar prov<strong>as</strong> <strong>de</strong> nosso po<strong>de</strong>r. Não o <strong>de</strong>sejamos<br />

absolutamente; antes, não nos mostremos aprovados, isto é, não <strong>de</strong>mos um exemplo do<br />

po<strong>de</strong>r que temos, a saber, <strong>de</strong> vos c<strong>as</strong>tigar, <strong>de</strong> punir os pecadores e os doentes incuráveis.<br />

M<strong>as</strong>, o que queremos? “Nosso <strong>de</strong>sejo é que pratiqueis o bem”, isto é, que sempre<br />

tenhais virtu<strong>de</strong> e integrida<strong>de</strong>, e nós sejamos como se não fôssemos aprovados, sem exibir<br />

o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> c<strong>as</strong>tigar. Não disse: Réprobos, pois não seriam réprobos mesmo se não<br />

aplic<strong>as</strong>se a pena, ou antes por isso mesmo probo. M<strong>as</strong>, embora alguns nos consi<strong>de</strong>rem<br />

suspeitos e nos julguem abjetos e <strong>de</strong>sprezíveis porque não exibimos nosso po<strong>de</strong>r, não<br />

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