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concórdia, vivei em paz, e o Deus <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> paz estará convosco.<br />

Qual o sentido da fr<strong>as</strong>e: “De resto, irmãos, alegrai-vos”? Vós nos entristecestes,<br />

amedront<strong>as</strong>tes, lanç<strong>as</strong>tes na ansieda<strong>de</strong>, caus<strong>as</strong>tes tremor; e como nos or<strong>de</strong>n<strong>as</strong>,<br />

perguntam eles, que nos alegremos? Por isso mesmo or<strong>de</strong>no-vos que vos alegreis. Pois,<br />

se o que vos compete correspon<strong>de</strong>r ao que me cabe, nada haverá que traga impedimento<br />

a vossa alegria. Pois <strong>de</strong>i o que se podia esperar <strong>de</strong> mim: Tive paciência, hesitei, não me<br />

excedi, exortei, aconselhei, atemorizei, ameacei, a fim <strong>de</strong> colher algum fruto <strong>de</strong><br />

penitência <strong>de</strong> vossa parte. Já importa que se realize o que vos compete e <strong>as</strong>sim vossa<br />

alegria será imarcescível. “Procurai a perfeição”. O que significa: “Procurai a<br />

perfeição”? Tornai-vos perfeitos, cumpri o que falta. “Encorajai-vos”. Visto que <strong>as</strong><br />

tentações eram muit<strong>as</strong> e os perigos imensos, diz ele: “Encorajai-vos”, tanto por parte <strong>de</strong><br />

outros quanto <strong>de</strong> nós, e ainda <strong>de</strong>vido à própria conversão. Pois se a alegria brota da<br />

consciência, e for<strong>de</strong>s perfeitos, nada vos faltará em tranquilida<strong>de</strong> e alívio. Nada contribui<br />

tanto para consolar quanto a consciência limpa, mesmo se gr<strong>as</strong>sarem inúmer<strong>as</strong> tentações.<br />

“Permanecei em concórdia, vivei em paz”. Foi também o que pediu no começo da<br />

primeira carta. Com efeito, po<strong>de</strong> suce<strong>de</strong>r que alguns, apesar da concórdia, não tenham<br />

paz entre si. Por exemplo, tenham consenso relativamente à doutrina da fé, m<strong>as</strong><br />

discor<strong>de</strong>m nos mútuos negócios. Ora, Paulo exige amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong>. “E o Deus <strong>de</strong> amor e<br />

<strong>de</strong> paz estará convosco”. Não só exorta e aconselha, m<strong>as</strong> ainda implora. Na verda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>seja e pe<strong>de</strong> isto ou prediz o futuro; ou melhor, faz simultaneamente <strong>as</strong> du<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>. Se,<br />

pois, <strong>as</strong>sim agir<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>clara, isto é, se permanecer<strong>de</strong>s na concórdia e viver<strong>de</strong>s em paz,<br />

Deus também estará convosco. Efetivamente, Deus é <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> paz e nisto se alegra<br />

e se compraz. Daí igualmente haverá paz para vós, proveniente da carida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le e todos<br />

os males serão eliminados. Ela trouxe a salvação ao orbe, <strong>de</strong>sfez a guerra diuturna, uniu<br />

terra e céu, transformou os homens em anjos. Por conseguinte, amemos a carida<strong>de</strong><br />

também nós; ela é mãe <strong>de</strong> infinitos bens. Por meio <strong>de</strong>la recebemos a salvação,<br />

adquirimos todos os bens secretos. Em seguida, estimulando-os, disse:<br />

12. Saudai-vos mutuamente com o ósculo santo.<br />

O que quer dizer: “Santo”? Não fingido, não doloso, como o beijo <strong>de</strong> Jud<strong>as</strong> a Cristo.<br />

O ósculo foi dado para fomentar a carida<strong>de</strong>, inflamar o afeto, o amor mútuo, como os<br />

irmãos reciprocamente se amam, e os filhos amam os pais e o pai por sua vez aos filhos.<br />

Ou melhor, muito mais, porque este amor origina-se da natureza, aquele é oriundo da<br />

graça. Desta forma, <strong>as</strong> alm<strong>as</strong> se unem entre si. Por isso também, ao <strong>vol</strong>tarmos <strong>de</strong> uma<br />

viagem, nos osculamos uns aos outros, e <strong>as</strong> alm<strong>as</strong> a<strong>de</strong>rem à mútua união. É este membro<br />

principalmente que nos anuncia a afeição.<br />

A respeito <strong>de</strong>ste ósculo santo é possível aduzir ainda algo. O quê, enfim? Somos<br />

templo <strong>de</strong> Cristo (cf. 2Cor 6,16); portanto, osculamos os vestíbulos e o adro do templo<br />

ao oscularmo-nos mutuamente. Não ve<strong>de</strong>s quantos homens beijam até os vestíbulos<br />

<strong>de</strong>ste templo, uns inclinam a cabeça, outros apoiam <strong>as</strong> mãos no chão e levam-n<strong>as</strong> à<br />

boca? Por esses pórticos e port<strong>as</strong> Cristo entrou e acerca-se <strong>de</strong> nós, tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> vezes que<br />

comungamos. Sabeis o que digo, vós que sois partícipes dos mistérios. Não é uma honra<br />

banal para nossa boca receber o corpo do Senhor. É por isso principalmente que<br />

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