26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

produz tolerância; e além disso, a ressurreição resplan<strong>de</strong>ce diante dos olhos: “Foi ele que<br />

nos libertou <strong>de</strong> tant<strong>as</strong> espécies <strong>de</strong> morte”; e torna-os solícitos, e faz com que sempre<br />

<strong>vol</strong>tem os olhares para ele: “Nele colocamos a esperança <strong>de</strong> que ainda nos libertará”; e<br />

enfim confirma-os n<strong>as</strong> preces: “Vós colaborareis para tanto mediante a vossa prece”.<br />

Por conseguinte, após ter mostrado o proveito d<strong>as</strong> aflições e ter-lhes incutido solicitu<strong>de</strong>,<br />

novamente aguça-lhes o espírito e fá-los mais propensos à virtu<strong>de</strong>, dando-lhes gran<strong>de</strong><br />

testemunho sobre o valor d<strong>as</strong> preces, se por el<strong>as</strong> for-lhes concedida a vida <strong>de</strong> Paulo:<br />

“Vós colaborareis para tanto mediante a vossa prece”. O que significa: “Assim a graça<br />

que obteremos pela intercessão <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> suscitará a ação <strong>de</strong> graç<strong>as</strong> em nosso<br />

favor”? Ele nos livrou <strong>de</strong> perigos mortais, <strong>de</strong>vido à colaboração <strong>de</strong> voss<strong>as</strong> preces, isto é,<br />

todos vós suplic<strong>as</strong>tes por nós. Quis conce<strong>de</strong>r a todos vós o benefício que nos foi<br />

outorgado, a saber, a nossa salvação, a fim <strong>de</strong> que muitos <strong>de</strong>em graç<strong>as</strong> a Deus, porque<br />

muitos foram os que receberam a graça.<br />

Assim se exprimia <strong>de</strong> um lado a fim <strong>de</strong> estimulá-los a rezar pelo próximo, <strong>de</strong> outro<br />

lado para acostumá-los a dar sempre graç<strong>as</strong> a Deus pel<strong>as</strong> tribulações do próximo,<br />

mostrando quanto isso lhe era agradável. Com efeito, os que se habitu<strong>as</strong>sem a agir <strong>de</strong>sse<br />

modo pelo próximo, muito mais haveriam <strong>de</strong> fazer amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> em proveito próprio.<br />

Além disso, ensina-lhes a humilda<strong>de</strong> e orienta-os para uma carida<strong>de</strong> mais fervorosa. Pois,<br />

quando o Apóstolo, em tudo superior, afirma ter conseguido a salvação por meio d<strong>as</strong><br />

preces <strong>de</strong>les, e <strong>as</strong>segura que obteve tal benefício através <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> orações, pon<strong>de</strong>ra como<br />

<strong>de</strong>viam dispor-se à prática da modéstia. A<strong>de</strong>mais observa que se Deus faz alguma coisa<br />

por misericórdia, no entanto a prece oferece gran<strong>de</strong> cooperação. Efetivamente, no<br />

princípio refere sua salvação à misericórdia <strong>de</strong> Deus: “O Deus d<strong>as</strong> misericórdi<strong>as</strong>, diz<br />

ele, nos libertou”; aqui, contudo, imputa-o às preces <strong>de</strong>les. Assim, o servo que <strong>de</strong>via <strong>de</strong>z<br />

mil talentos, tendo-se prostrado aos pés do senhor, recebeu indulgência; e, no entanto, foi<br />

dito: “Compa<strong>de</strong>cendo-se do servo, soltou-o” (Mt 18,<strong>27</strong>). E igualmente à cananeia, após<br />

aquela gran<strong>de</strong> insistência e paciência, enfim conce<strong>de</strong>u a cura da filha (cf. Mt 15,18),<br />

embora a tenha curado por misericórdia. Daí ficamos cientes <strong>de</strong> que, apesar <strong>de</strong> Deus<br />

estar disposto a ter compaixão <strong>de</strong> nós, <strong>de</strong>vemos ter um comportamento digno da sua<br />

misericórdia. Pois, embora seja misericórdia, requer pesso<strong>as</strong> dign<strong>as</strong>; não atinge<br />

simplesmente a qualquer um, e aos que permanecem indiferentes: “Farei graça a quem<br />

eu quiser agraciar, e terei misericórdia <strong>de</strong> quem eu quiser” (Ex 33,19). Observa, na<br />

verda<strong>de</strong>, o que ele diz nesta p<strong>as</strong>sagem: “Vós colaborareis para tanto mediante a vossa<br />

prece”. Com efeito, não atribui tudo a eles, para que não se exaltem; nem os <strong>de</strong>clara<br />

alheios inteiramente a esse benefício a fim <strong>de</strong> estimulá-los a ser mais disponíveis e<br />

fortalecerem a mútua união. Por isso igualmente dizia: Conce<strong>de</strong>u-vos a minha salvação.<br />

Muit<strong>as</strong> vezes, também Deus se <strong>de</strong>ixa aplacar, quando vê a multidão concor<strong>de</strong> e uníssona<br />

a suplicar. Por isso, Deus dizia ao profeta Jon<strong>as</strong>: “E eu não terei pena <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> há mais <strong>de</strong> cento e vinte mil homens!” (Jn 4,11). Em consequência, não<br />

julgues que Deus respeita apen<strong>as</strong> o gran<strong>de</strong> número: “Com efeito, ó Israel, ainda que o<br />

teu povo seja como a areia do mar, só um resto <strong>de</strong>le se salvará” (Is 10,22). Por que os<br />

ninivit<strong>as</strong> foram salvos? Não apen<strong>as</strong> por serem tantos, e sim por constituírem uma<br />

372

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!