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não <strong>de</strong>ve ser interpretada como algo que se faz contra a vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo algum, m<strong>as</strong><br />

como submissão às incumbênci<strong>as</strong> e para opor distinção à citada liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber. Por<br />

isso, Cristo dizia aos discípulos: “Assim também vós, quando tiver<strong>de</strong>s cumprido tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

or<strong>de</strong>ns, dizei: Somos servos inúteis, fizemos apen<strong>as</strong> o que <strong>de</strong>víamos fazer” (Lc 17,10).<br />

“Qual é então o meu salário? É que, pregando o evangelho, eu o prego<br />

gratuitamente.” E então, Pedro não tem recompensa? E quem jamais teria tão gran<strong>de</strong><br />

quanto ele? E os <strong>de</strong>mais apóstolos? Por que <strong>as</strong>severa, portanto: “Se eu o fizesse por<br />

iniciativa própria, teria direito a um salário; m<strong>as</strong>, já que o faço por imposição,<br />

<strong>de</strong>sempenho um encargo que me foi confiado”. Vês aqui também a prudência? Nem<br />

<strong>as</strong>segurou: Se o faço por imposição, não tenho recompensa, e sim: “Desempenho um<br />

encargo que me foi confiado”, manifestando que <strong>as</strong>sim também receberá recompensa,<br />

qual a <strong>de</strong> alguém que executaria <strong>as</strong> or<strong>de</strong>ns e não qual a <strong>de</strong> quem por medo prontamente<br />

vai além do preceito. “Qual é então o meu salário? É que, pregando o evangelho, eu o<br />

prego gratuitamente, sem usar dos direitos que a pregação do evangelho me confere”.<br />

Vês como emprega sempre o nome <strong>de</strong> direito, <strong>de</strong>monstrando o que eu disse<br />

frequentemente não serem merecedores <strong>de</strong> censura os que aceitam? Acrescenta,<br />

contudo: “Do evangelho”, simultaneamente indicando o evangelho e proibindo esten<strong>de</strong>r<br />

a questão a toda parte. Deve receber o mestre, e não o simplesmente ocioso.<br />

19. Ainda que livre em relação a todos, fiz-me o servo <strong>de</strong> todos, a fim <strong>de</strong> ganhar o<br />

maior número possível.<br />

Nesse trecho novamente emprega outra hipérbole. É importante não receber,<br />

entretanto, o que vai explicar é muito mais. O que é? Não somente não recebi, diz ele,<br />

não utilizei esse direito, m<strong>as</strong> ainda me submeti à servidão, ou melhor, a vári<strong>as</strong> e a tod<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> espécies <strong>de</strong> servidão. Pois não foi somente <strong>de</strong> dinheiro, m<strong>as</strong> o que é muito mais, <strong>de</strong><br />

muit<strong>as</strong> e variad<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong>; e submeti-me à servidão, quando a nada era sujeito, nem<br />

forçado por necessida<strong>de</strong> alguma; é o que significa: “Ainda que livre em relação a<br />

todos”. E não me submeti a um só, m<strong>as</strong> à terra inteira; por isso acrescentou: “Fiz-me o<br />

servo <strong>de</strong> todos”. Efetivamente, recebera or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> pregar, e anunciar o que me fora<br />

confiado; no entanto, empenhei-me em planejar e excogitar inumeráveis ensinamentos.<br />

De fato, era obrigado apen<strong>as</strong> a versar o dinheiro; eu, no entanto, nada fazia por exigi-lo,<br />

esforçando-me por fazer mais do que me fora mandado. Uma vez que fazia tudo por<br />

livre-arbítrio, prontidão e amor a Cristo, ambicionava com insaciável <strong>de</strong>sejo a salvação<br />

dos homens.<br />

Nesse intuito transpunha os obstáculos com ingente prontidão, através <strong>de</strong> tudo indo<br />

aos saltos além do próprio céu. E falando em servidão, recapitula vários modos <strong>de</strong>sta.<br />

Quais?<br />

20. Para os ju<strong>de</strong>us, fiz-me como ju<strong>de</strong>u, a fim <strong>de</strong> ganhar os ju<strong>de</strong>us.<br />

E quando o fez? Quando circuncidou, a fim <strong>de</strong> abolir a circuncisão. Por isso não diz:<br />

ju<strong>de</strong>u, e sim: “Como ju<strong>de</strong>u”, o que era medida <strong>de</strong> governo. O que dizes? Pregoeiro do<br />

orbe, tocou os céus, resplan<strong>de</strong>ceu na graça, e <strong>de</strong> repente <strong>de</strong>sce tanto? Sim; e é também<br />

um modo <strong>de</strong> subir. Não olhes somente o fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>scer, m<strong>as</strong> também que soergue aquele<br />

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