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sábios”, revelara que a sabedoria <strong>de</strong> Deus, apesar <strong>de</strong> parecer loucura, prostrou a<br />

filosofia pagã; mostrara que a loucura <strong>de</strong> Deus é mais sábia do que os homens, que não<br />

somente ensinara por intermédio <strong>de</strong> ignorantes, m<strong>as</strong> também dirigira o chamado a<br />

ignorantes e ru<strong>de</strong>s. Agora <strong>de</strong>monstra que o próprio anúncio e o modo da pregação eram<br />

suficientes para causar agitação, e, contudo, não perturbaram. Pois não são apen<strong>as</strong> os<br />

discípulos que são ru<strong>de</strong>s, m<strong>as</strong> também eu, o pregador. Por isso, diz ele: “Eu mesmo,<br />

irmãos (novamente <strong>de</strong>nomina-os irmãos, para suavizar a dureza da palavra), quando fui<br />

ter convosco, não me apresentei com o prestígio da palavra para vos anunciar o<br />

testemunho <strong>de</strong> Deus”. O que seria, então, dize-me, se quisesses vir com o prestígio da<br />

palavra? Po<strong>de</strong>ri<strong>as</strong>? Eu, na verda<strong>de</strong>, se quisesse, não po<strong>de</strong>ria; Cristo, porém, se quisesse,<br />

teria podido. M<strong>as</strong> não quis, a fim <strong>de</strong> tornar mais esplêndido o troféu. Por isso, mostrando<br />

mais acima ter sido obra <strong>de</strong>le, e da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>le que a palavra fosse anunciada <strong>de</strong> forma<br />

indouta, dizia: “Pois não foi para batizar que Cristo me enviou, m<strong>as</strong> para anunciar o<br />

evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem”. Foi muito mais, ou antes,<br />

infinitamente mais ter sido vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo do que se Paulo o tivesse querido. Não<br />

anuncio o testemunho <strong>de</strong> Deus, portanto, diz ele, ostentando eloquência, nem munido <strong>de</strong><br />

palavr<strong>as</strong> pagãs. E não disse: “O anúncio”, m<strong>as</strong> “O testemunho <strong>de</strong> Deus”, o que era<br />

suficiente para causar af<strong>as</strong>tamento dos homens. Ia por toda parte anunciando a morte;<br />

por isso acrescentou: “Pois não quis saber <strong>de</strong> outra coisa entre vós a não ser Jesus<br />

Cristo, e Jesus Cristo crucificado”. Assim se exprimia porque não participava<br />

absolutamente da sabedoria pagã, conforme também dizia acima: “Não me apresentei<br />

com o prestígio da palavra”. É claro que po<strong>de</strong>ria fazê-lo. Aquele, cuj<strong>as</strong> vestes<br />

ressuscitara alguns mortos, e cuja sombra curara doenç<strong>as</strong>, muito mais po<strong>de</strong>ria <strong>as</strong>sumir a<br />

eloquência, que os discípulos apren<strong>de</strong>m; aquel<strong>as</strong> ações, porém, ultrap<strong>as</strong>sam toda arte.<br />

Quem, portanto, tem conhecimento da arte superior, muito mais po<strong>de</strong>ria conhecer <strong>as</strong><br />

inferiores. M<strong>as</strong> Cristo não o permitiu; nem era apropriado. Com justeza, portanto, diz:<br />

“Pois não quis saber <strong>de</strong> outra coisa”, porque ambiciono o mesmo que Cristo <strong>de</strong>seja.<br />

Parece-me que me dirijo a eles <strong>de</strong> modo mais humil<strong>de</strong> do que aos outros, a fim <strong>de</strong><br />

reprimir seu orgulho. A expressão: “Pois não quis saber <strong>de</strong> outra coisa” contr<strong>as</strong>ta com<br />

a sabedoria pagã. De fato, não vim tecendo silogismos nem sofism<strong>as</strong>, nem vos<br />

anunciando outra coisa a não ser Cristo crucificado. Eles, na verda<strong>de</strong>, proferem milhares<br />

<strong>de</strong> palavr<strong>as</strong>, e sobre mil pontos falam abrindo largos sulcos, apresentando raciocínios e<br />

silogismos, adornados com inumeráveis sofism<strong>as</strong>; eu, porém, fui ter convosco, renunciei<br />

a todos eles, e não vos falei <strong>de</strong> outra coisa senão <strong>de</strong> Cristo crucificado, o que é inefável<br />

sinal do po<strong>de</strong>r daquele que é anunciado.<br />

3. Estive entre vós cheio <strong>de</strong> fraqueza, receio e tremor;<br />

Um novo capítulo. Não somente os que acreditavam eram ignorantes, nem apen<strong>as</strong> o<br />

que falava era inculto, nem só o método <strong>de</strong> ensino era muito simples, nem somente a<br />

própria pregação era capaz <strong>de</strong> inquietar. Com efeito, eram anunciad<strong>as</strong> a cruz e a morte.<br />

M<strong>as</strong> com estes havia outros obstáculos: perigos, insídi<strong>as</strong>, temor cotidiano, perseguição.<br />

Com efeito, muit<strong>as</strong> vezes chama <strong>de</strong> perseguição a fraqueza, conforme se exprime em<br />

outra p<strong>as</strong>sagem: “E vós não mostr<strong>as</strong>tes <strong>de</strong>sprezo, em face da fraqueza na minha carne”<br />

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