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21. Cada um se apressa por comer a sua própria ceia; e, enquanto um p<strong>as</strong>sa fome, o<br />

outro fica embriagado.<br />

Vês como acentua que eles faltam ao <strong>de</strong>coro. Eles transformam a Ceia do Senhor em<br />

refeição particular, <strong>de</strong> tal sorte que são os primeiros a serem ultrajados, porque tiram a<br />

máxima dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua própria mesa. Como e por que motivo? Porque a Ceia do<br />

Senhor, isto é, o que é do Senhor <strong>de</strong>ve ser comum. Pois <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> pertencentes ao<br />

Senhor não pertencem a um servo e não a outro, m<strong>as</strong> são comuns a todos. Denomina-se,<br />

portanto, do Senhor o que é comum. Pois, se é <strong>de</strong> teu Senhor, como realmente é, não<br />

<strong>de</strong>ves retirar algo como próprio, m<strong>as</strong> oferecer a todos comunitariamente o que é do<br />

Senhor e do dono. Isso é que se chama Ceia do Senhor. Tu, porém, não <strong>de</strong>ix<strong>as</strong> que seja<br />

Ceia do Senhor, porque não permites que seja comum, banqueteando-te isoladamente.<br />

Por isso, o Apóstolo acrescenta: “Cada um se apressa por comer a sua própria ceia”.<br />

Não disse: separa-se, e sim: “se apressa por comer”, <strong>de</strong> leve acusando-os <strong>de</strong> voracida<strong>de</strong><br />

e impertinência. A sequência o evi<strong>de</strong>ncia; tendo dito isso, ainda adita: “Enquanto um<br />

p<strong>as</strong>sa fome, o outro fica embriagado”. Amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> situações são <strong>de</strong>smedid<strong>as</strong>, a saber, a<br />

indigência e o excesso. Eis agora a segunda acusação com que os ataca. A primeira<br />

consiste em que faltam ao <strong>de</strong>coro em sua ceia; a segunda, que enchem o estômago e se<br />

embriagam. E a mais grave, <strong>de</strong>ixam os pobres com fome. D<strong>as</strong> iguari<strong>as</strong> que <strong>de</strong>viam ser<br />

oferecid<strong>as</strong> a todos em comum, eles sozinhos se fartavam e consumiam-n<strong>as</strong> por<br />

voracida<strong>de</strong> e embriaguez. Por isso, ele não disse: Um tem fome, outro se sacia, e sim:<br />

“Fica embriagado”. Amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> ações por si são dign<strong>as</strong> <strong>de</strong> censura. Com efeito,<br />

embriagar-se, mesmo excluído o <strong>de</strong>sprezo dos pobres, é culpa. Desprezar os pobres,<br />

mesmo sem embriaguez, merece repreensão. Quando, porém, são atos simultâneos,<br />

pon<strong>de</strong>ra qual o excesso <strong>de</strong> iniquida<strong>de</strong>. Em seguida, manifesta quão absurdo é,<br />

acrescentando uma repreensão indignada:<br />

22. Não ten<strong>de</strong>s c<strong>as</strong><strong>as</strong> para comer e beber? Ou <strong>de</strong>sprezais a Igreja <strong>de</strong> Deus e quereis<br />

envergonhar aqueles que nada têm?<br />

Vês que transfere para a Igreja a ofensa feita aos pobres, tornando mais austero o<br />

sermão? Eis agora a quarta acusação, visto que não só os pobres, m<strong>as</strong> também a Igreja é<br />

ofendida. Da mesma forma que te apropri<strong>as</strong> da Ceia do Senhor, também te aposs<strong>as</strong> do<br />

lugar, usando a igreja como se fosse tua própria c<strong>as</strong>a. A igreja, <strong>de</strong> fato, não foi construída<br />

para nos dividirmos quando nos reunimos, m<strong>as</strong> a fim <strong>de</strong> nos unirmos quando divididos.<br />

É este o sentido da palavra <strong>as</strong>sembleia. “Quereis envergonhar aqueles que nada têm”.<br />

Não <strong>de</strong>clarou: Matais <strong>de</strong> fome os indigentes, m<strong>as</strong> os confun<strong>de</strong> <strong>as</strong>saz, dizendo: “Quereis<br />

envergonhar”, ou envergonhais, <strong>de</strong>svendando que não se preocupa tanto com o<br />

alimento, quanto com a injúria que se lhes faz. Eis a quinta acusação: não só <strong>de</strong>sprezam<br />

os famintos, m<strong>as</strong> ainda os humilham. Assim se exprimia, quer simultaneamente honrando<br />

a situação dos pobres, quer <strong>de</strong>clarando que eles não sentiam tanto por causa do<br />

estômago, quanto da ofensa, e, ao mesmo tempo, <strong>de</strong>sperta a misericórdia do ouvinte.<br />

Tendo <strong>de</strong>monstrado ser um absurdo a ofensa relativa à Ceia, a ofensa à Igreja, e o<br />

<strong>de</strong>sprezo dos pobres, suaviza novamente a intensida<strong>de</strong> da repreensão, dizendo:<br />

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