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não, <strong>de</strong>penda da necessida<strong>de</strong> ou do <strong>de</strong>stino.<br />

Viste a malícia do diabo? Se via que eles enunciavam algo <strong>de</strong> perverso, fazia com que<br />

todos concord<strong>as</strong>sem, m<strong>as</strong> se o ensinamento era sadio, excitava uns contra os outros, a<br />

fim <strong>de</strong> se enredarem nos absurdos, confirmados por consenso, e a doutrina útil,<br />

entendida <strong>de</strong> vári<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong>, se <strong>de</strong>svanecesse. Vê: sempre a alma é fraca e não se b<strong>as</strong>ta<br />

a si mesma. E é justo. Pois se, criada conforme foi, contesta que <strong>de</strong> nada precisa e<br />

af<strong>as</strong>ta-se <strong>de</strong> Deus, se <strong>as</strong>sim não tivesse sido, em que loucura não incidiria? Se, dotado <strong>de</strong><br />

um corpo mortal, esperava gran<strong>de</strong>z<strong>as</strong>, por causa da falsa promessa do diabo, que disse:<br />

“Vós sereis como <strong>de</strong>uses” (Gn 3,5), no c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> ter sido o corpo imortal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo,<br />

on<strong>de</strong> não teria caído? Posteriormente até afirmou, através da boca pútrida dos<br />

maniqueus, que a alma é incriada e da essência <strong>de</strong> Deus. Apoiado nessa opinião doentia,<br />

o diabo inventou <strong>de</strong>uses entre os gregos. Parece-me, portanto, que Deus tornou laboriosa<br />

a virtu<strong>de</strong>, tornando a alma flexível e conduzindo-a à mo<strong>de</strong>ração. Perceberás que isso é<br />

verda<strong>de</strong>, e do menor <strong>de</strong>duzirás o maior, se apren<strong>de</strong>rmos isto por meio dos israelit<strong>as</strong>.<br />

Estes, <strong>de</strong> fato, quando não tinham vida laboriosa, e viviam na tranquilida<strong>de</strong>, não<br />

mantiveram a felicida<strong>de</strong> e caíram na impieda<strong>de</strong>. O que fez Deus posteriormente?<br />

Promulgou uma multidão <strong>de</strong> leis, cerceando-lhes a licença. No intuito <strong>de</strong> ficares ciente <strong>de</strong><br />

que <strong>as</strong> norm<strong>as</strong> legais não contribuíam para a virtu<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> foram dad<strong>as</strong> como uma<br />

espécie <strong>de</strong> freio que lhes tir<strong>as</strong>se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ócio, escuta o que a este respeito diz o<br />

profeta: “Dei-lhes então estatutos que não eram bons”. O que quer dizer: “Não eram<br />

bons”? Que nada conferiam em vista da virtu<strong>de</strong>. Em consequência, acrescenta: “E<br />

norm<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> quais não alcançariam a vida” (Ez 20,25). “O homem psíquico não aceita<br />

o que vem do Espírito.” Com razão. Pois, com estes olhos, ninguém perceberá <strong>as</strong> cois<strong>as</strong><br />

celestes, nem a alma a sós o que vem do Espírito. E por que falo <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s celestes?<br />

Nem tudo o que há na terra. Com efeito, vendo <strong>de</strong> longe uma torre quadrada, julgamos<br />

que é redonda; é uma ilusão ótica tal opinião. Assim também quando alguém examina só<br />

intelectualmente <strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s longínqu<strong>as</strong>, tornar-se-á muito ridículo. Não somente não <strong>as</strong><br />

verá como são, m<strong>as</strong> po<strong>de</strong>rá julgar até o oposto; por isso acrescenta o Apóstolo:<br />

É loucura para ele;<br />

Não <strong>de</strong>vido à natureza d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> à fraqueza <strong>de</strong> quem não po<strong>de</strong> abranger a<br />

gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong>l<strong>as</strong> com os olhos da alma. Por isso, apresenta em antítese a causa do erro:<br />

não po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, pois isso <strong>de</strong>ve ser julgado espiritualmente.<br />

Isto é, o supramencionado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da fé e não po<strong>de</strong> ser entendido pela razão; na<br />

verda<strong>de</strong>, sua gran<strong>de</strong>za ultrap<strong>as</strong>sa <strong>de</strong> longe a pequenez <strong>de</strong> nossa mente. Afirma, portanto:<br />

15. O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito <strong>de</strong> tudo e por ninguém é<br />

julgado.<br />

Efetivamente, quem é dotado <strong>de</strong> visão, tudo vê por si, até mesmo o que pertence a<br />

um cego; o que é propriamente daquele, contudo, nenhum cego vê. Assim também<br />

agora, conhecemos, na verda<strong>de</strong>, o que é nosso e o que é dos infiéis; quanto ao que é<br />

nosso, porém, o mesmo não lhes acontece. Na realida<strong>de</strong>, sabemos qual a natureza d<strong>as</strong><br />

realida<strong>de</strong>s presentes, a dignida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> futur<strong>as</strong>, o que acontecerá ao mundo<br />

posteriormente, os c<strong>as</strong>tigos sofridos pelos pecadores, o gozo dos justos, a carência <strong>de</strong><br />

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