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que nos primórdios acreditaram, em comum tomavam <strong>as</strong> refeições e tinham tudo em<br />

comum; ainda <strong>as</strong>sim se costumava fazer no tempo em que o Apóstolo escreveu ess<strong>as</strong><br />

palavr<strong>as</strong>. Não com tanta exatidão, m<strong>as</strong> certo influxo daquela primeira comunida<strong>de</strong><br />

permaneceu e p<strong>as</strong>sou aos pósteros. Acontecia que uns eram pobres e outros ricos, e<br />

estes não punham tudo em comum. Preparavam uma mesa comum em <strong>de</strong>terminados<br />

di<strong>as</strong>, como convinha, e terminada a reunião, <strong>de</strong>pois da comunhão dos mistérios, todos<br />

participavam do banquete; os ricos traziam <strong>as</strong> iguari<strong>as</strong>, os pobres, porém, e os que nada<br />

possuíam eram convidados pelos ricos, e todos juntamente comiam. M<strong>as</strong> <strong>de</strong>pois,<br />

também este costume foi abolido. As divisões causaram esta abolição, e aliavam-se uns a<br />

estes e outros àqueles e diziam: Eu sou <strong>de</strong>ste. Eu, daquele outro. O Apóstolo, corrigindo<br />

este erro, dizia no começo da Carta: “Com efeito, meus irmãos, pesso<strong>as</strong> da c<strong>as</strong>a <strong>de</strong><br />

Cloé me informaram <strong>de</strong> que existem rix<strong>as</strong> entre vós. Explico-me. Cada um <strong>de</strong> vós diz:<br />

‘Eu sou <strong>de</strong> Paulo!’, ou: ‘Eu sou <strong>de</strong> Apolo!’, ou: ‘Eu sou <strong>de</strong> Cef<strong>as</strong>’” (1Cor 1,11-12).<br />

Não quer dizer que eles fossem uns partidários <strong>de</strong> Paulo; ele não o toleraria. M<strong>as</strong><br />

exagera, querendo <strong>de</strong>ste modo arrancar o costume pela raiz. Menciona a si mesmo,<br />

mostrando ser absurdo e extrema malda<strong>de</strong> que alguém, apartado da comunida<strong>de</strong>,<br />

quisesse a ele aliar-se. Se, portanto, tal fato era iníquo, muito mais o seria naqueles que<br />

lhe eram inferiores. Uma vez que se rompera o costume, costume belo e utilíssimo –<br />

b<strong>as</strong>e da carida<strong>de</strong>, consolo da pobreza, sábia utilização d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, máxima oc<strong>as</strong>ião <strong>de</strong><br />

sabedoria, escola <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong> – e com isto tantos bens se perdiam, emprega com razão<br />

ess<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> impetuos<strong>as</strong>: “Dito isto, não posso louvar-vos”. Com efeito, na primeira<br />

admoestação, visto que muitos <strong>de</strong>les eram observantes, começa diversamente: “Eu vos<br />

louvo por vos recordar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mim em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> oc<strong>as</strong>iões”. Neste trecho, ao contrário:<br />

“Dito isto, não posso louvar-vos”. Por conseguinte, nem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> censurar aqueles<br />

que comiam d<strong>as</strong> carnes imolad<strong>as</strong>, disse o mesmo, m<strong>as</strong> sendo ali mais duro, intercalou o<br />

sermão sobre a cabeleira, a fim <strong>de</strong> que, ao p<strong>as</strong>sar <strong>de</strong> sever<strong>as</strong> incriminações a outr<strong>as</strong><br />

igualmente molest<strong>as</strong>, não parecesse mais austero; então <strong>vol</strong>ta a palavr<strong>as</strong> mais sever<strong>as</strong>,<br />

dizendo: “Dito isto, não posso louvar-vos”. O quê? O que vou dizer. O que significa:<br />

“Dito isto, não posso louvar-vos”? Não vos aprovo, diz, porque me obrig<strong>as</strong>tes a dar<br />

conselho. Não louvo, porque nesta questão precisais <strong>de</strong> ensinamentos e <strong>de</strong> minha<br />

admoestação. Viste que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o proêmio revela que é por <strong>de</strong>mais absurdo? Quando o<br />

pecador não precisa <strong>de</strong> admoestação para não pecar, então o pecado não é <strong>de</strong>sculpável.<br />

E por que não louv<strong>as</strong>?<br />

“Voss<strong>as</strong> <strong>as</strong>semblei<strong>as</strong>, longe <strong>de</strong> vos levar ao melhor, vos prejudicam”, isto é, não<br />

progredis na virtu<strong>de</strong>. E quando <strong>de</strong>víeis progredir, e ter mais <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> avançar,<br />

diminuístes a força do costume estabelecido, e <strong>de</strong> tal modo o abal<strong>as</strong>tes que precis<strong>as</strong>tes <strong>de</strong><br />

meu preceito para <strong>vol</strong>tar<strong>de</strong>s à or<strong>de</strong>m anterior. Em seguida, para não parecer que isso foi<br />

dito apen<strong>as</strong> em favor dos pobres, não se apressa imediatamente a falar d<strong>as</strong> mes<strong>as</strong>, a fim<br />

<strong>de</strong> não expor ao <strong>de</strong>sprezo a áspera censura, e procura uma expressão muito aguda, que<br />

incute gran<strong>de</strong> temor. O que disse?<br />

18. Em primeiro lugar, ouço dizer que, quando vos reunis em <strong>as</strong>sembleia, há entre vós<br />

divisões,<br />

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