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dano para eles p<strong>as</strong>sa. Como aqueles que pisoteiam pregos pontiagudos e se gabam disso,<br />

são dignos <strong>de</strong> comiseração e <strong>de</strong> lástima por causa <strong>de</strong>ssa loucura, <strong>de</strong> igual modo os que<br />

lesam aqueles que nenhum mal lhe fizeram, merecem mais lamento e pranto do que<br />

repreensão, porque ferem <strong>as</strong> su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> alm<strong>as</strong>. Nada tão perverso quanto a alma que<br />

lança imprecações, nem mais impuro do que a língua que apresenta tal vítima. Tu és um<br />

homem; não vomites veneno <strong>de</strong> áspi<strong>de</strong>; és um homem, não te transformes em fera. A<br />

boca não te foi dada para mor<strong>de</strong>res, m<strong>as</strong> para curares <strong>as</strong> ferid<strong>as</strong> alhei<strong>as</strong>. Recorda-te <strong>de</strong><br />

que te or<strong>de</strong>nei, diz Deus, ter indulgência e perdoar. Tu, porém, rog<strong>as</strong> que seja teu<br />

companheiro na transgressão <strong>de</strong> meus preceitos e mor<strong>de</strong>s teu irmão, manch<strong>as</strong> <strong>de</strong> sangue<br />

a língua, à semelhança dos loucos cujos <strong>de</strong>ntes fazem sangrar o próprio corpo. Pensa<br />

quanto prazer caus<strong>as</strong> ao diabo, quanto riso provoc<strong>as</strong>, quando ele ouve ess<strong>as</strong> preces. E<br />

Deus se irrita, e tem aversão e ódio ao fazeres tais súplic<strong>as</strong>. O que haveria <strong>de</strong> mais<br />

grave? Se não é permitido àquele que possui inimigos ace<strong>de</strong>r aos mistérios, quem não só<br />

os tem, m<strong>as</strong> ainda lança-lhes imprecações, não há <strong>de</strong> ser expulso do recinto do templo?<br />

Pon<strong>de</strong>rando, portanto, tais razões, e reconhecendo a causa <strong>de</strong>sse sacrifício, a saber, que<br />

Cristo foi morto em favor <strong>de</strong> seus inimigos, não tenhamos nem mesmo um só inimigo; e<br />

se o tivermos, rezemos por ele, a fim <strong>de</strong> comparecermos confiantes, após termos<br />

conseguido o perdão dos pecados, perante o tribunal <strong>de</strong> Cristo, ao qual se tributem glória,<br />

império, honra, agora e sempre e nos séculos dos séculos. Amém.<br />

SEXTA HOMILIA<br />

3,1. Começamos <strong>de</strong> novo a nos recomendar? Ou será que, como alguns, precisamos <strong>de</strong><br />

cart<strong>as</strong> <strong>de</strong> recomendação para vós ou da vossa parte?<br />

O Apóstolo previne a objeção <strong>de</strong> que se enaltecia a si mesmo, apesar <strong>de</strong> previamente<br />

ter dado tal aviso, ao dizer: “E quem estaria à altura <strong>de</strong> tal missão?”, e: “É com<br />

sincerida<strong>de</strong> que falamos” (2Cor 2,16-17); m<strong>as</strong> certamente não b<strong>as</strong>tou. É costume seu e<br />

estava tão longe <strong>de</strong> enaltecer-se que excessiva e exageradamente foge do orgulho.<br />

Observa, rogo-te, a singular sabedoria <strong>de</strong> Paulo. De tal forma ele exalta, <strong>as</strong>sinalando que<br />

são esplêndidos e insignes eventos aparentemente tristes, isto é, <strong>as</strong> tribulações, que a<br />

objeção brotara <strong>de</strong> su<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>. Age <strong>de</strong> modo idêntico no final da Carta. Após<br />

enumerar inúmeros perigos, contuméli<strong>as</strong>, ansieda<strong>de</strong>s, angústi<strong>as</strong> etc. logo adita est<strong>as</strong><br />

palavr<strong>as</strong>: “Não nos recomendamos <strong>de</strong> novo junto a vós, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>sejamos dar-vos oc<strong>as</strong>ião<br />

<strong>de</strong> vos gloriar<strong>de</strong>s” (2Cor 5,12). E lá com vigor o repete, e em termos <strong>de</strong> maior<br />

consolação. Aqui, são palavr<strong>as</strong> <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>: “Ou será que, como alguns, precisamos <strong>de</strong><br />

cart<strong>as</strong> <strong>de</strong> recomendação?”. Ali o que pronuncia é repleto <strong>de</strong> bom senso, necessário, útil<br />

e vigoroso: “Não nos recomendamos <strong>de</strong> novo junto a vós, m<strong>as</strong> <strong>de</strong>sejamos dar-vos<br />

oc<strong>as</strong>ião <strong>de</strong> vos gloriar<strong>de</strong>s a nosso respeito”. E ainda: “Julgais que nós nos queremos<br />

justificar diante <strong>de</strong> vós? Não; é diante <strong>de</strong> Deus, em Cristo, que falamos... Com efeito,<br />

receio que, quando aí chegar, não vos encontre tais como vos quero encontrar, e que,<br />

por conseguinte, me encontreis tal como não quereis” (2Cor 12,19-20). Na verda<strong>de</strong>,<br />

para não ter a fama <strong>de</strong> adular, <strong>de</strong> procurar ser honrado por eles, utiliza esses termos:<br />

“Com efeito, receio que, quando aí chegar, não vos encontre tais como vos quero<br />

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