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próprios anelos; m<strong>as</strong> quem, na verda<strong>de</strong>, perscruta os corações, conhece-os<br />

perfeitamente, e apresenta-os às clar<strong>as</strong>. Por isso dizia: “Ele porá às clar<strong>as</strong> o que está<br />

oculto n<strong>as</strong> trev<strong>as</strong> e manifestará os <strong>de</strong>sígnios dos corações”.<br />

Por conseguinte, embora a consciência <strong>de</strong> nada nos acuse, é possível não estarmos<br />

isentos <strong>de</strong> culpa, e, ao praticarmos o bem, por não agirmos com reta intenção, estarmos<br />

sujeitos a c<strong>as</strong>tigo. Pon<strong>de</strong>ra, pois, quanto os homens se enganam nos juízos. Tudo isso<br />

não é possível aos homens, m<strong>as</strong> somente àqueles olhos sempre vigilantes; se iludimos os<br />

homens, jamais o enganaremos. Não dig<strong>as</strong>, portanto: À minha <strong>vol</strong>ta tenho trev<strong>as</strong> e<br />

pare<strong>de</strong>s; quem me vê? De fato, aquele que pl<strong>as</strong>mou singularmente nossos corações,<br />

conhece tudo; <strong>as</strong> trev<strong>as</strong> não ocultam o que está a seu redor. Com razão, porém, diz<br />

quem peca: À minha <strong>vol</strong>ta tenho trev<strong>as</strong> e pare<strong>de</strong>s. Se não existissem trev<strong>as</strong> em sua<br />

mente, não agiria <strong>de</strong> modo licencioso, expulsando o temor <strong>de</strong> Deus. Se primeiramente a<br />

alma que <strong>de</strong>ve dar a direção não se obscurecer, o pecado não se insinuará com<br />

segurança. Não dig<strong>as</strong>, por conseguinte: Quem me vê? Existe quem perscruta a alma e o<br />

espírito, <strong>as</strong> articulações e <strong>as</strong> medul<strong>as</strong>. M<strong>as</strong> tu não te vês, nem po<strong>de</strong>s dissipar a névoa.<br />

Tendo uma espécie <strong>de</strong> muro a cercar-te <strong>de</strong> todos os lados, não po<strong>de</strong>s erguer os olhos<br />

para o céu.<br />

Que pecado queres que examinemos primeiro? E verás que foi praticado ness<strong>as</strong><br />

condições. Os ladrões e os que perfuram <strong>as</strong> pare<strong>de</strong>s, quando querem roubar algo <strong>de</strong><br />

precioso, primeiro apagam a luz e <strong>de</strong>pois perpetram o roubo; <strong>as</strong>sim age a razão corrupta<br />

relativamente aos pecados. De fato, em nós está sempre ar<strong>de</strong>ndo a luz da razão. Se,<br />

porém, o espírito da fornicação com gran<strong>de</strong> ímpeto irromper e extinguir essa chama, logo<br />

obscurece a alma, vence e imediatamente arrebata tudo. Quando a l<strong>as</strong>civa<br />

concupiscência aprisiona a alma, à semelhança <strong>de</strong> uma névoa e da escuridão<br />

relativamente aos olhos corporais, ofusca a visão da mente, nada mais permite ver, nem<br />

precipício, nem geena, nem temor, e uma vez dominada tiranicamente por aquel<strong>as</strong><br />

insídi<strong>as</strong>, facilmente faz-se espólio do pecado. Qual uma pare<strong>de</strong> sem janel<strong>as</strong>, erguida<br />

diante dos olhos, que não <strong>de</strong>ixa os raios da justiça brilharem perante a mente, cerca-a por<br />

toda parte <strong>de</strong> absurdos pensamentos <strong>de</strong> l<strong>as</strong>cívia; além disso, enfim surge-lhe a meretriz<br />

diante dos olhos, da mente, dos pensamentos. Os cegos que se acham ao ar livre ao<br />

meio-dia não captam a luz, por terem os olhos inteiramente cerrados; <strong>as</strong>sim também eles,<br />

embora <strong>de</strong> todos os lados ressoem os ensinamentos salutares, com a alma atacada <strong>de</strong>sta<br />

doença, tapam os ouvidos a tod<strong>as</strong> aquel<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>. Sabem-no perfeitamente os que o<br />

experimentaram. Não suceda que vós o aprendais pela experiência. Não somente o<br />

próprio pecado o faz, m<strong>as</strong> também qualquer amor perverso.<br />

Transfiramos, portanto, se lhes apraz, o discurso sobre a meretriz para outro, acerca<br />

d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, e aqui também encontraremos <strong>de</strong>ns<strong>as</strong> e contínu<strong>as</strong> trev<strong>as</strong>. Ali, no entanto,<br />

tratando-se <strong>de</strong> uma amante, encerrada num só lugar, o mal não é tão intenso; quanto às<br />

riquez<strong>as</strong>, porém, insuflam veemente paixão, porque aparecem em toda parte, n<strong>as</strong> oficin<strong>as</strong><br />

dos moe<strong>de</strong>iros, nos albergues, n<strong>as</strong> ourivesari<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> dos ricos. Quando o que sofre<br />

<strong>de</strong>sta concupiscência, vê na praça servos cheios <strong>de</strong> orgulho, cavalos carregados <strong>de</strong> ouro,<br />

homens ornados com vestes magnífic<strong>as</strong> e suntuos<strong>as</strong>, sente-se cercado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ns<strong>as</strong> trev<strong>as</strong>.<br />

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