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ouvintes e os incrédulos”, por se tratar <strong>de</strong> imperícia e incredulida<strong>de</strong> da parte <strong>de</strong>les. De<br />

fato, conforme disse acima, não tenta rebaixar o dom, colocando-o entre os que<br />

prejudicam, e sim entre os que pouco adiantam, para reprimi-los e obrigá-los a procurar<br />

intérprete. Efetivamente, uma vez que muitos utilizavam o dom, sem tais consi<strong>de</strong>rações,<br />

m<strong>as</strong> ostentando-se e ambicionando honr<strong>as</strong>, <strong>de</strong>tém-nos principalmente por meio <strong>de</strong> prov<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> que esta boa reputação os prejudicava, porque se tornavam suspeitos <strong>de</strong> loucura. E é<br />

o que Paulo <strong>as</strong>siduamente procura estabelecer, quando quer retirar algo <strong>de</strong> alguém,<br />

mostrando que será lesado pelo próprio objeto <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo. E tu também age <strong>de</strong> modo<br />

semelhante; a fim <strong>de</strong> te apartar do prazer, explica que é amargo e, para af<strong>as</strong>tar da<br />

vanglória, mostra que é <strong>de</strong>sonrosa. Assim também agia Paulo. No intuito <strong>de</strong> arredar os<br />

ricos da avi<strong>de</strong>z d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, não somente <strong>de</strong>clara que el<strong>as</strong> são muito prejudiciais, m<strong>as</strong><br />

também arr<strong>as</strong>tam à tentação, pois diz: “Os que querem enriquecer caem em tentação”<br />

(1Tm 6,9). Visto que pareciam livrar d<strong>as</strong> tentações, atribui-lhes o contrário do que<br />

julgavam os ricos. Outros se aplicavam à sabedoria pagã, consi<strong>de</strong>rando adquirir doutrina<br />

estável. Expõe que não somente não concorre para a sabedoria da cruz, m<strong>as</strong> também que<br />

a frustra. Insistiam nos julgamentos perante estranhos, consi<strong>de</strong>rando indigno serem<br />

julgados pelos seus, como se os pagãos fossem mais sábios; ele explana que era<br />

vergonhoso ser julgado pelos <strong>de</strong> fora. Adicionava-se ainda a questão d<strong>as</strong> carnes imolad<strong>as</strong><br />

aos ídolos, para aqueles que <strong>de</strong>notavam aparentemente possuir conhecimento mais<br />

perfeito; mostra que era conhecimento imperfeito não saber tratar dos interesses do<br />

próximo. Assim também neste c<strong>as</strong>o, uma vez que ficavam estupefatos perante o dom d<strong>as</strong><br />

língu<strong>as</strong>, cobiçosos <strong>de</strong> glória, <strong>de</strong>staca que, na verda<strong>de</strong>, era in<strong>de</strong>coroso, não somente<br />

privando-os d<strong>as</strong> honr<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> ainda fazendo recair sobre eles a suspeita <strong>de</strong> loucura.<br />

Entretanto não o <strong>as</strong>segura imediatamente, m<strong>as</strong> primeiro se refere a inúmeros problem<strong>as</strong>,<br />

e após conseguir que recebessem bem o discurso, introduz <strong>de</strong> improviso o <strong>as</strong>sunto. Essa<br />

maneira <strong>de</strong> explanar lhe é familiar. Para <strong>de</strong>sfazer a firme opinião <strong>de</strong> alguém e vertê-lo ao<br />

outro extremo, não se <strong>de</strong>ve logo dizer o contrário; tornar-se-ia ridículo perante os<br />

opositores. Pois uma novida<strong>de</strong> além <strong>de</strong> toda expectativa não é admissível logo <strong>de</strong> início,<br />

m<strong>as</strong> é preciso primeiro abrir outros caminhos para <strong>de</strong>svanecer a falsa opinião, e <strong>de</strong>sta<br />

forma invertê-la.<br />

Certamente foi <strong>as</strong>sim que proce<strong>de</strong>u o Apóstolo ao falar do matrimônio. Visto que<br />

muitos consi<strong>de</strong>ravam o matrimônio um estado <strong>de</strong> repouso <strong>de</strong>spreocupado, enquanto ele<br />

queria mostrar que não contrair matrimônio oc<strong>as</strong>ionava tranquilida<strong>de</strong>, se logo o dissesse,<br />

não conseguiria que tão facilmente o aceit<strong>as</strong>sem. Depois, contudo, <strong>de</strong> ter oportunamente<br />

apresentado muitos argumentos, facilmente atingiu os ouvintes. Assim também agiu<br />

relativamente à virginda<strong>de</strong>. Com efeito, tendo antes falado muito, e ainda <strong>de</strong>pois,<br />

<strong>as</strong>segura: “Eu vo-l<strong>as</strong> <strong>de</strong>sejaria poupar” e: “Eu quisera que estivésseis isentos <strong>de</strong><br />

preocupações” (1Cor 7,28.32). O mesmo faz quanto às língu<strong>as</strong>, explicando que el<strong>as</strong> não<br />

somente privam <strong>de</strong> notorieda<strong>de</strong>, m<strong>as</strong> ainda envergonham seus possuidores junto dos<br />

infiéis. A profecia, ao contrário, não faz corar diante dos infiéis, m<strong>as</strong> acarreta gran<strong>de</strong><br />

renome e utilida<strong>de</strong>. Ninguém diz acerca da profecia que os profet<strong>as</strong> estão loucos, nem<br />

zombam <strong>de</strong>les; ao invés, ficam estupefatos e admirados. “Há <strong>de</strong> se sentir arguido por<br />

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