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for para os montes e, interrogado sobre o motivo da renúncia, apresentar motivo<br />

in<strong>de</strong>sculpável. Renuncio a fim <strong>de</strong> não me per<strong>de</strong>r, respon<strong>de</strong>, para não me tornar mais<br />

fraco para a virtu<strong>de</strong>. E quanto melhor seria, tornar-te mais fraco e lucrar os outros do<br />

que permanecendo n<strong>as</strong> altur<strong>as</strong>, menosprezar os irmãos que se per<strong>de</strong>m? Enquanto, pois,<br />

uns não se preocupam com a virtu<strong>de</strong>, outros que já se ocupam <strong>de</strong>la, af<strong>as</strong>tam-se para<br />

longe da luta, como expulsaremos os inimigos? Pois, mesmo se agora houvesse milagres,<br />

quem se tornaria convicto? Ou que pagão se aproximaria <strong>de</strong> nós, quando a malda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tal modo prevalece? Pois uma vida correta parece ser muito mais digna <strong>de</strong> crédito. Os<br />

milagres entre os insolentes e malvados tornam-se suspeitos; uma vida pura, contudo,<br />

po<strong>de</strong>rá tapar inteiramente a boca do diabo. Digo est<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> aos que presi<strong>de</strong>m, aos que<br />

obe<strong>de</strong>cem e mais do que todos a mim mesmo, para <strong>de</strong>monstrarmos uma vida admirável,<br />

e quando pusermos em or<strong>de</strong>m nossa vida, <strong>de</strong>sprezarmos tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> presentes.<br />

Desprezemos o dinheiro e não <strong>de</strong>sprezemos a geena; menosprezemos a glória e não<br />

menosprezemos a salvação; submetamo-nos aqui ao suor e à labuta, para não incidirmos<br />

ali no suplício. De tal modo façamos guerra aos gentios que os conduzamos a um<br />

cativeiro mais valioso que a liberda<strong>de</strong>. Na verda<strong>de</strong>, muit<strong>as</strong> vezes e frequentemente o<br />

repito, no entanto raramente é executado. De resto, quer se faça ou não, é justo<br />

admoestar-vos <strong>as</strong>siduamente. Se alguns enganam com bo<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, é muito mais justo<br />

que aqueles que orientam para a verda<strong>de</strong> não se cansem <strong>de</strong> dizer o que é útil. Pois se os<br />

sedutores usam <strong>de</strong> tantos artifícios: g<strong>as</strong>tam dinheiro, empregam palavr<strong>as</strong>, enfrentam<br />

perigos, ostentam seu po<strong>de</strong>r, muito mais nós, que procuramos apartar do erro, <strong>de</strong>vemos<br />

suportar perigos e morte e tudo mais, a fim <strong>de</strong> lucrarmos a nós mesmos e aos outros, e<br />

feitos inexpugnáveis aos inimigos, conseguirmos os bens prometidos, pela graça e amor<br />

aos homens etc.<br />

SÉTIMA HOMILIA<br />

6. No entanto, é realmente <strong>de</strong> sabedoria que falamos entre os perfeitos, sabedoria que<br />

não é <strong>de</strong>ste mundo nem dos príncipes <strong>de</strong>ste mundo, votados à <strong>de</strong>struição.<br />

7. Ensinamos a sabedoria <strong>de</strong> Deus, misteriosa e oculta, que Deus, antes dos séculos,<br />

<strong>de</strong> antemão <strong>de</strong>stinou para a nossa glória.<br />

Aos olhos doentes <strong>as</strong> trev<strong>as</strong> parecem mais convenientes do que a luz e por isso<br />

refugiam-se <strong>de</strong> preferência em recintos sombrios. Acontece o mesmo relativamente à<br />

sabedoria espiritual. Aos pagãos a sabedoria <strong>de</strong> Deus parecia loucura, enquanto a<br />

sabedoria <strong>de</strong>les, que na verda<strong>de</strong> era loucura, era reputada sabedoria. Em consequência,<br />

seria algo <strong>de</strong> semelhante a um conhecedor da arte <strong>de</strong> navegar que <strong>as</strong>segur<strong>as</strong>se que<br />

atravessaria o mar imenso sem navio nem vel<strong>as</strong>, e em seguida tent<strong>as</strong>se por raciocínios<br />

provar que o feito era possível; outro, no entanto, <strong>de</strong> todo inexperiente, procur<strong>as</strong>se um<br />

navio, um timoneiro e marinheiros e <strong>de</strong>sta forma viaj<strong>as</strong>se com segurança. Esta aparente<br />

imperícia era mais pru<strong>de</strong>nte do que aquela sabedoria. Na verda<strong>de</strong>, é boa coisa a arte <strong>de</strong><br />

pilotar o navio, m<strong>as</strong> se promete além da medida, torna-se uma espécie <strong>de</strong> estultice; <strong>as</strong>sim<br />

igualmente toda arte que não se contenta com seus próprios limites.<br />

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