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corrigir, que <strong>de</strong>sculpa terás, tu que ignor<strong>as</strong> inteiramente o futuro, <strong>de</strong> teres preguiça e<br />

indolência? Na verda<strong>de</strong>, frequentemente muitos que tentaram, conseguiram, e quanto<br />

menos se esperava, então principalmente alcançaram. Se, porém, nada obtiveres, fizeste<br />

teu <strong>de</strong>ver. Não sej<strong>as</strong>, portanto, <strong>de</strong>sumano, sem misericórdia, negligente. Daí se torna<br />

evi<strong>de</strong>nte que ess<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> provêm <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong> e covardia. Por que, portanto, quando<br />

sofre um <strong>de</strong> teus membros corporais, não dizes: Não me importa. Como constará que se<br />

tiver tratamento, haverá <strong>de</strong> sarar? M<strong>as</strong> fazes o possível para que, mesmo que nada<br />

adiante, não poss<strong>as</strong> censurar-te a ti mesmo por ter omitido algo do que <strong>de</strong>vi<strong>as</strong> fazer. Ora,<br />

quando temos tanta solicitu<strong>de</strong> para com os membros corporais, <strong>de</strong>scuidaremos dos<br />

membros <strong>de</strong> Cristo? E isso merece perdão? Pois se não te dobrares quando digo: Cuida<br />

<strong>de</strong> teus membros, ao menos por medo hás <strong>de</strong> melhorar, trago à tua memória o corpo <strong>de</strong><br />

Cristo. Não seria horrível ver tua carne em vi<strong>as</strong> <strong>de</strong> putrefação e <strong>de</strong>sprezá-la? Se tivesses<br />

um servo ou um <strong>as</strong>no lutando com uma infecção, não iri<strong>as</strong> <strong>de</strong>sprezá-lo; vendo, porém, o<br />

corpo <strong>de</strong> Cristo repleto <strong>de</strong> pus, p<strong>as</strong>s<strong>as</strong> adiante? E não julg<strong>as</strong> que este ato merece mil<br />

vezes ser fulminado? Acha-se tudo re<strong>vol</strong>ucionado por causa <strong>de</strong>sses sentimentos<br />

<strong>de</strong>sumanos e <strong>de</strong>ssa negligência.<br />

Por isso, suplico, eliminemos tal cruelda<strong>de</strong>. Acerca-te daquele que coabita com a<br />

virgem, elogia um pouco o irmão por causa <strong>de</strong> outros dotes que possui e com elogios,<br />

que fomenta como água quente, amolece o tumor da ferida. Afirma que tu também és<br />

miserável, acusa em geral o gênero humano; explana que todos somos pecadores.<br />

Desculpa-te dizendo que te esforç<strong>as</strong> mais do que po<strong>de</strong>s, m<strong>as</strong> a carida<strong>de</strong> te convence a<br />

ser inteiramente ousado. Em seguida, fraternalmente aconselha, sem dar or<strong>de</strong>ns. E <strong>as</strong>sim<br />

abres o tumor, suaviz<strong>as</strong> a dor <strong>de</strong>vida ao corte da futura repreensão, e com frequentes<br />

<strong>de</strong>sculp<strong>as</strong> suplic<strong>as</strong> que não se irrite. Após tê-lo cativado <strong>de</strong>sse modo, então inflige o<br />

ferimento, sem apertar nem afrouxar, a fim <strong>de</strong> que não escape, nem <strong>de</strong>spreze. Se não<br />

<strong>de</strong>res golpe firme, nada obterás; m<strong>as</strong>, se ferires gravemente, farás com que escape. Por<br />

isso, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> repreensões, mistura novamente um elogio às censur<strong>as</strong>; e<br />

como o que ele faz em si não po<strong>de</strong> ser elogiado (não merece louvor o fato <strong>de</strong> coabitar<br />

com uma virgem jovem), age conforme a mente <strong>de</strong>les, dizendo: Sei, dirás, que <strong>as</strong>sim<br />

proce<strong>de</strong>s por causa <strong>de</strong> Deus, porque, vendo a tribulação <strong>de</strong>sta infeliz <strong>de</strong>sprotegida,<br />

esten<strong>de</strong>ste-lhe a mão. Apesar <strong>de</strong> não pensares <strong>de</strong>ste modo, fala <strong>as</strong>sim, e <strong>de</strong>pois<br />

acrescenta, com nov<strong>as</strong> escus<strong>as</strong>: Assim falo, não prescrevo, m<strong>as</strong> relembro-te. Sei também<br />

eu que o fazes por causa <strong>de</strong> Deus, m<strong>as</strong> vejamos se daí não se origina outro mal. Se não<br />

provém, está bem, continua com este zelo belo e honesto, pois ninguém o proibirá; do<br />

contrário, se daí n<strong>as</strong>cer maior dano do que lucro, peço-te, acautelemo-nos para não<br />

suce<strong>de</strong>r que, enquanto procuramos socorrer a uma alma apen<strong>as</strong>, muitíssim<strong>as</strong> fiquem<br />

escandalizad<strong>as</strong>. Não acrescentes logo qual o c<strong>as</strong>tigo daqueles que escandalizam, m<strong>as</strong><br />

menciona um testemunho, nesses termos: Não precis<strong>as</strong> apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mim; conheces bem<br />

quant<strong>as</strong> são <strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong> <strong>de</strong> c<strong>as</strong>tigo para quem escandalizar um dos pequeninos. E <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> suavizares a palavra, e mitigares sua irritação, apõe o medicamento da correção. Se<br />

novamente apresentar o pretexto da solidão da jovem, nem <strong>as</strong>sim censures a <strong>de</strong>sculpa,<br />

m<strong>as</strong> respon<strong>de</strong>: Nada disso te atemorize; tens suficiente <strong>de</strong>fesa: o escândalo do próximo.<br />

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