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não <strong>de</strong>via julgar-se a si mesmo e os seus pecados? Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos principalmente<br />

<strong>as</strong>sim agir quando pecamos; m<strong>as</strong> Paulo não o <strong>de</strong>clarou, e sim: “Verda<strong>de</strong> é que a minha<br />

consciência <strong>de</strong> nada me acusa”. De que pecado, portanto, <strong>de</strong>via ser julgado, se <strong>de</strong> nada<br />

estava consciente? Ele, contudo, não afirma que estava justificado. O que diremos nós,<br />

portanto, que temos a consciência atingida por mil ferid<strong>as</strong>, e não estamos conscientes <strong>de</strong><br />

bem algum, e sim do contrário? E como ele, cuja consciência <strong>de</strong> nada o acusava, não<br />

estava justificado? Porque talvez houvesse cometido pecados que <strong>de</strong>sconhecia na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pecado. Daí po<strong>de</strong>s <strong>de</strong>duzir como será severo o futuro juízo. Não é,<br />

portanto, por se consi<strong>de</strong>rar isento <strong>de</strong> qualquer culpa que não quer ser julgado por eles,<br />

contudo reprime os que o fariam sem fundamento. Em outro lugar, apesar <strong>de</strong> serem<br />

manifestos os pecados, ele não permitiu que se julg<strong>as</strong>sem os outros, <strong>de</strong>vido às<br />

circunstânci<strong>as</strong>.<br />

“Por que julg<strong>as</strong> teu irmão?” E tu, por que <strong>de</strong>sprez<strong>as</strong> teu irmão? – (cf. Rm 14,10).<br />

Não te é or<strong>de</strong>nado, ó homem, que julgues os outros, m<strong>as</strong> que examines o que é teu. Por<br />

que arrebat<strong>as</strong> o que pertence ao Senhor? Compete-lhe julgar, e não a ti. Por isso, adita o<br />

Apóstolo:<br />

5. Por conseguinte, não julgueis prematuramente, antes que venha o Senhor. Ele porá<br />

às clar<strong>as</strong> o que está oculto n<strong>as</strong> trev<strong>as</strong> e manifestará os <strong>de</strong>sígnios dos corações. Então<br />

cada um receberá <strong>de</strong> Deus o louvor que lhe for <strong>de</strong>vido.<br />

Então os mestres não <strong>de</strong>viam agir <strong>as</strong>sim? Deviam, com efeito, relativamente aos<br />

pecados manifestos e confessados, em oc<strong>as</strong>ião oportuna, com pesar e censura, não,<br />

porém, da maneira que os coríntios empregavam, por vaida<strong>de</strong> e arrogância. Aqui,<br />

contudo, ele não se reporta a pecados confessados, m<strong>as</strong> à preferência <strong>de</strong> um a outro, e à<br />

comparação estabelecida entre <strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong> condut<strong>as</strong>. Saberá julgar <strong>de</strong>vidamente só<br />

aquele que há <strong>de</strong> julgar noss<strong>as</strong> ações ocult<strong>as</strong>; isto é, conforme merecem maior ou menor<br />

suplício ou recompensa, enquanto nós julgamos segundo <strong>as</strong> aparênci<strong>as</strong>. Se, pois, eu, diz<br />

ele, não conheço claramente minh<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> falt<strong>as</strong>, como posso ser capaz <strong>de</strong> proferir<br />

sentença a respeito dos outros? Como eu, que não conheço perfeitamente os meus<br />

pecados, posso julgar os alheios? Se isto, contudo, é válido a respeito <strong>de</strong> Paulo, muito<br />

mais para nós. Ele, <strong>de</strong> fato, não se exprimia <strong>as</strong>sim para se mostrar irrepreensível, m<strong>as</strong><br />

para <strong>de</strong>clarar que, no c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> terem os coríntios junto <strong>de</strong> si alguém que não tivesse<br />

pecado, nem por isso este era digno <strong>de</strong> julgar a vida alheia; e que, se o Apóstolo, cuja<br />

consciência <strong>de</strong> nada o acusava, se diz culpado, muito mais serão os que estão<br />

conscientes <strong>de</strong> inúmeros pecados. Tendo, portanto, <strong>de</strong>sta forma fechado a boca dos que<br />

proferiam tais juízos, finalmente angustiado, <strong>de</strong>scarrega o zelo contra o que praticou a<br />

fornicação. Assemelha-se a uma tempesta<strong>de</strong> iminente. Em primeiro lugar acumulam-se<br />

nuvens negr<strong>as</strong>, em seguida, após o fragor dos trovões e <strong>de</strong>pois que o céu fez-se uma só<br />

nuvem, logo <strong>de</strong>saba a chuva sobre a terra. O mesmo suce<strong>de</strong> aqui. De fato, quando podia<br />

agir com muita indignação contra o incestuoso, não o faz; m<strong>as</strong> previamente com terríveis<br />

palavr<strong>as</strong> reprime-lhe o orgulhoso inchaço. Na verda<strong>de</strong>, fora duplo pecado, a saber, a<br />

fornicação e outro pior, o <strong>de</strong> não se arrepen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> tão gran<strong>de</strong> pecado. Não chora tanto o<br />

pecador quanto o pecador não arrependido. Diz, portanto: “Eu tenha <strong>de</strong> prantear muitos”<br />

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