26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

punidos se nos mostrarmos indignos dos benefícios. Esse corpo, no presépio, foi<br />

homenageado pelos magos. Homens ímpios e bárbaros, tendo <strong>de</strong>ixado a pátria e a c<strong>as</strong>a,<br />

empreen<strong>de</strong>ram longa viagem e, ao chegarem, com muito temor e tremor o adoraram.<br />

Nós, cidadãos dos céus, imitemos ao menos os bárbaros. Eles, <strong>de</strong> fato, divisando-o no<br />

presépio e no tugúrio, sem nada distinguir do que vês agora, aproximaram-se com gran<strong>de</strong><br />

tremor; tu, na verda<strong>de</strong>, não o contempl<strong>as</strong> no presépio, m<strong>as</strong> no altar; não no colo <strong>de</strong> uma<br />

mulher, m<strong>as</strong> observ<strong>as</strong> o sacerdote <strong>de</strong> pé e o Espírito sobrevoar intensamente sobre <strong>as</strong><br />

ofert<strong>as</strong>. Não vês apen<strong>as</strong> como eles, o corpo em si, m<strong>as</strong> conheces todo o seu po<strong>de</strong>r e seus<br />

<strong>de</strong>sígnios e nada hás <strong>de</strong> ignorar <strong>de</strong> su<strong>as</strong> realizações, ao seres cuidadosamente iniciado nos<br />

mistérios. Animemo-nos, portanto, a nós mesmos, estremeçamos, e <strong>de</strong>monstremos muito<br />

maior pieda<strong>de</strong> do que aqueles bárbaros, a fim <strong>de</strong> não acumularmos fogo sobre noss<strong>as</strong><br />

cabeç<strong>as</strong>, ace<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> um modo qualquer. Não o digo para ficarmos <strong>de</strong> longe, m<strong>as</strong> para<br />

evitarmos acercar-nos com temerida<strong>de</strong>. Como é perigoso avizinhar-se temerariamente,<br />

também não comungar <strong>de</strong>st<strong>as</strong> místic<strong>as</strong> cei<strong>as</strong> representa fome e morte. Pois tal mesa é a<br />

nervura <strong>de</strong> nossa alma, o vínculo da mente, o fundamento <strong>de</strong> nossa confiança,<br />

esperança, salvação, luz e vida. Se partirmos para lá com esta vítima, penetraremos com<br />

gran<strong>de</strong> confiança naqueles sagrados vestíbulos, inteiramente munidos <strong>de</strong> arm<strong>as</strong> <strong>de</strong> ouro.<br />

E por que falo no futuro? Já na terra este mistério te transforma a terra em céu. Abre, no<br />

entanto, <strong>as</strong> port<strong>as</strong> do céu e olha lá <strong>de</strong>ntro; ou melhor, não do céu, m<strong>as</strong> do céu dos céus,<br />

e então verás o que foi dito. Lá está o que é preciosíssimo; mostrar-te-ei a ti, prostrado<br />

na terra. No palácio régio, o que é mais magnificente não são <strong>as</strong> pare<strong>de</strong>s, nem o teto <strong>de</strong><br />

ouro, m<strong>as</strong> o rei, fisicamente presente, sentado no trono; <strong>as</strong>sim também nos céus o corpo<br />

<strong>de</strong> nosso Rei. M<strong>as</strong> a esse te é permitido contemplar já aqui na terra. Não te mostro<br />

anjos, arcanjos, céus e céus dos céus, m<strong>as</strong> o próprio Senhor <strong>de</strong>les todos. Vês como<br />

contempl<strong>as</strong> na terra o que há <strong>de</strong> mais precioso? Não contempl<strong>as</strong> apen<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> também<br />

toc<strong>as</strong>; não toc<strong>as</strong> somente, m<strong>as</strong> também comes e, após recebê-lo, <strong>vol</strong>t<strong>as</strong> para c<strong>as</strong>a.<br />

Purifica, portanto, a alma, prepara o coração para a percepção <strong>de</strong>sses mistérios. Se<br />

<strong>de</strong>vesses carregar o filho do rei, ornado <strong>de</strong> púrpura e dia<strong>de</strong>ma, jogari<strong>as</strong> fora tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

cois<strong>as</strong> terren<strong>as</strong>. Em nosso c<strong>as</strong>o, porém, dize-me, não estremeces por receber não o filho<br />

<strong>de</strong> um rei, m<strong>as</strong> o próprio Unigênito Filho <strong>de</strong> Deus? E não abandon<strong>as</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s<br />

mundan<strong>as</strong>? Não te glori<strong>as</strong> somente daquele ornato, e ainda olh<strong>as</strong> para a terra, am<strong>as</strong> o<br />

dinheiro, ambicion<strong>as</strong> o ouro? Que perdão alcançarás? Que <strong>de</strong>sculpa? Não vês como o<br />

Senhor renuncia a toda magnificência mundana? Ac<strong>as</strong>o ao n<strong>as</strong>cer não foi por isso<br />

colocado no presépio e aceitou mãe <strong>de</strong> condição humil<strong>de</strong>? Não dizia ao que pensava em<br />

biscates: “O Filho do homem não tem on<strong>de</strong> reclinar a cabeça” (Mt 8,20)? E como se<br />

portavam os discípulos? Não observavam a mesma norma, hóspe<strong>de</strong>s em c<strong>as</strong>a <strong>de</strong> pobres,<br />

um na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um curtidor, outro <strong>de</strong> um fabricante <strong>de</strong> tend<strong>as</strong> e <strong>de</strong> uma mercadora <strong>de</strong><br />

púrpura? Não procuravam c<strong>as</strong><strong>as</strong> esplêndid<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> <strong>as</strong> virtu<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> alm<strong>as</strong>. Imitemo-los<br />

também nós, p<strong>as</strong>semos além da beleza d<strong>as</strong> colun<strong>as</strong> e dos mármores, m<strong>as</strong> procuremos <strong>as</strong><br />

mansões celestes; calquemos todo orgulho humano com a ambição d<strong>as</strong> riquez<strong>as</strong>, e<br />

<strong>as</strong>sumamos um senso elevado. Se agirmos com prudência, não teremos por dignos nem<br />

este mundo, nem os pórticos e colunat<strong>as</strong>. Por isso, suplico-vos, ornemos noss<strong>as</strong> alm<strong>as</strong>,<br />

196

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!