26.03.2018 Views

patrc3adstica-vol-27_2-comentc3a1rio-as-cartas-de-sao-paulo-sao-joao-crisc3b3stomo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tremer, não adorará e reconhecerá a Deus? Por ac<strong>as</strong>o, dize-me, aquela adoração e<br />

reconhecimento serão tid<strong>as</strong> por fé no gentio? Absolutamente não. Por quê? Porque não é<br />

fé; oc<strong>as</strong>ionaram-na a necessida<strong>de</strong> e a manifestação d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> visíveis, não a vonta<strong>de</strong><br />

livre; a mente foi coagida pela gran<strong>de</strong>za d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> vist<strong>as</strong>. Por conseguinte, quanto mais<br />

claro e necessário o acontecimento, tanto mais diminui a fé; por esta razão agora não se<br />

produzem milagres. E que <strong>as</strong>sim é, ouve o que foi dito a Tomé: “Felizes os que não<br />

viram e creram!” (Jo 20,29). Por conseguinte, quanto mais evi<strong>de</strong>nte o sinal, tanto<br />

diminui o merecimento da fé. Se, portanto, agora acontecessem milagres, seria o mesmo.<br />

Paulo <strong>de</strong>clarou que então não mais o conheceremos pela fé, nesses termos: “Pois agora<br />

caminhamos pela fé, e não pela visão” (2Cor 5,7). A realida<strong>de</strong> não será então atribuída a<br />

tua fé, por ser clara e manifesta; <strong>as</strong>sim também agora, se suce<strong>de</strong>ssem sinais idênticos aos<br />

anteriores. Quando, pois, admitirmos aquel<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> que <strong>de</strong> modo algum po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>scobert<strong>as</strong> pelos raciocínios, então existe a fé. A geena, portanto, é objeto <strong>de</strong> uma<br />

ameaça, na verda<strong>de</strong>, contudo não aparece; pois se aparecesse, o mesmo aconteceria<br />

novamente. Ao invés, se busc<strong>as</strong> sinais, agora também verificarás sinais, embora não da<br />

mesma espécie dos milhares <strong>de</strong> predições <strong>de</strong> inumeráveis eventos, da conversão do<br />

mundo, do amor à sabedoria dos bárbaros, da mudança dos costumes selvagens, da<br />

propagação da pieda<strong>de</strong>. Dirás: E quais são <strong>as</strong> predições? Pois os eventos<br />

supramencionados foram realizados e só <strong>de</strong>pois escritos. Dize-me. Quando foi, on<strong>de</strong>, e<br />

por quem? E quantos anos antes? Propões que seja há cinquenta, cem anos? Há cem<br />

anos, no entanto, qu<strong>as</strong>e nada estava escrito. Como, então, a terra inteira reteve os<br />

dogm<strong>as</strong>, e tudo mais, se a memória não b<strong>as</strong>ta para tanto? De on<strong>de</strong> souberam que Pedro<br />

foi crucificado? Como se lembraram posteriormente <strong>de</strong> predizer, por exemplo, que o<br />

Evangelho <strong>de</strong>via ser pregado em toda a terra, que a nação judaica haveria <strong>de</strong> terminar e<br />

não seria restaurada? Aqueles que <strong>de</strong>ram a vida pela pregação, como suportariam ver a<br />

pregação falsificada? De que maneira acreditar nos escritores, <strong>de</strong>pois que os milagres<br />

cessaram? Como, porém, os escritos teriam chegado aos bárbaros, até <strong>as</strong> Índi<strong>as</strong>, e aos<br />

confins do oceano, se os pregadores não fossem dignos <strong>de</strong> crédito? Quais foram os<br />

escritores, e quando e on<strong>de</strong>? Por que motivo escreveram? Para captar glória para si? Por<br />

que, então, inscreveram outros nomes nos livros? Seria para recomendar a doutrina?<br />

Enquanto verda<strong>de</strong>ira? Ou falsa? Pois se a consi<strong>de</strong>ravam falsa, provavelmente não lhe<br />

dariam atenção; se, ao invés, verda<strong>de</strong>ira, não precisava <strong>de</strong> ficção, conforme afirm<strong>as</strong>.<br />

Aliás, <strong>as</strong> predições são tais que até hoje são inatacáveis. De fato, Jerusalém foi <strong>de</strong>struída<br />

há muitos anos. Existem ainda outr<strong>as</strong> predições que se esten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquele tempo até<br />

a vinda <strong>de</strong> Cristo, que po<strong>de</strong>s examinar, se quiseres, tal como a palavra: “E eis que estou<br />

convosco todos os di<strong>as</strong> até a consumação dos séculos!” (Mt 28,20). E: “Sobre esta pedra<br />

edificarei minha Igreja, e <strong>as</strong> port<strong>as</strong> do inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16,18);<br />

e: “E este evangelho será proclamado no mundo inteiro” (Mt 24,14); e: “On<strong>de</strong> quer que<br />

venha a ser proclamado o evangelho, também será contado o que fez” (Mt 26,13) esta<br />

mulher etc. Don<strong>de</strong> veio, portanto, a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta predição, se era ficção? De que<br />

maneira <strong>as</strong> port<strong>as</strong> do inferno não prevalecerão contra a Igreja? De que modo Cristo<br />

estará sempre conosco? Pois se não estivesse conosco, a Igreja não venceria. De que<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!