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Tomo I

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contudo, fragmentá-la uma vez que através dela os pensamentostornam-se explícitos, expondo sua lógica, de formaque possa permanecer fiel ao que se deseja conhecer.RELATOS SELECIONADOS PARA ANÁLISEE CONSIDERAÇÕESDiante dos dados coletados podemos observar o númerorelevante de professores que possuem conflitos entre o seuideal de aprendizagem e o que vem acontecendo na realidade,pois os alunos estão defasados em sua aprendizagem, isto fazcom que o professor sinta se angustiado e desamparado.Foram selecionados trechos das falas de duas professorasque participaram desta pesquisa,pois não será possível colocara pesquisa completa. As professoras responderam as questõescom naturalidade e pareciam estar contentes, por ter alguémque as ouvisse.P1 Relata com chegou à escola: “... mas logo em seguida emprestei o concurso onde fui eu peguei uma sala de aceleraçãoque equivale a 4ª série. Quando eu entrei na sala de aula mesenti muito, muito isolada, angustiada, sozinha, porque erauma sala de alunos de 11, 12 e 13 anos, eram alunos que eununca tinha dado aula, alunos moradores da favela do lado daescola, e se percebia que eram alunos que eram totalmentedescrentes, a própria instituição não acreditava neles. Eu nãotive apoio da direção, não tive apoio da coordenação...”E. - Quando você prestou esse concurso e foi para sala deaula, a escola te explicou como foi formada essa sala?P1 - Não, não explicou de forma alguma. Tanto é que eu estiveconversando, eu.... partiu o interesse de mim, eles estavam lámisturados com os outros e não sabiam nada,nada, nada, maspartiu de mim o interesse ninguém me falou.....P2... eu vim para essa aceleração junto com a R., que fala queeu sou muito experiente, a minha aceleração era totalmentediferente, são alunos de 12 a 14 anos,... mas já roubam, jáusavam drogas, meninas já se prostituem e realmente algunsnão sabiam nem ler nem escrever... que nunca tinham vistoproblemas na vida por que os professores só davam contas,eu peguei um caderno em 1 dia tinha mais de 50 contas desomar,... sabe professora se todas que tivessem entrado aquitivessem feito o que você fez... e deu o nome dos alunos... euacho que eles já estariam lendo e escrevendo , pena que nãovai dar tempo...Quando P1 afirma “... eu peguei o caderno dos alunos epercebi que nada tinha naquele caderno... que não era umacoisa para o aluno progredir era para passar o tempo,...aqueles alunos estavam totalmente isolados naquela sala deaula...”.A professora demonstra a importância do conteúdo, mas quedeve ser significativo aos alunos, pois é a partir destes quedevem ter sentido e motivação para o desenvolvimento dosalunos. Levando em consideração a perspectiva interacionista,a idéia de mediação está presente e o resultado do desenvolvimentohumano é o resultado da atividade do trabalho.Para se tornar um ser “humano”, a criança terá que “reconstituir”nela (não simplesmente reproduzir) o que já é aquisição daespécie; isso supõe processos de interação e inter-comunicaçãosociais que somente são possíveis pelos sistemas de mediaçãoaltamente complexos produzidos socialmente.Podemos verificar que as professoras entrevistadas levantamaspectos que são importantes para a aprendizagem em geral,demonstrando que é necessário que o professor conheça seusalunos, saiba qual o conhecimento que esse já possui, já queo aluno traz consigo um conhecimento que deve ser consideradopela escola, para poder desenvolver o que é importanteno processo de aprendizagem da linguagem escrita. Percebemtambém o quanto é importante resgatar a individualidade doaluno, no contexto da sala de alua. Exemplos dessas falas: P1-... “porque eles se sentiam rejeitados e partiam para aagressão ... quantas vezes colocaram alunos do meu lado quenão sabiam...”, P2 - ... “é uma responsabilidade muito grandetem que ser levada a sério ... a professora tem que ter umaconsciência muito grande do que está fazendo que vai para oresto da vida...”As professoras com relação ao trabalho desenvolvido apontamquestões importantes como o trabalho diferenciado que deveser feito nessas salas, assim como a necessidade de umaproposta diferenciada de alfabetização, pois as tradicionais jánão foram suficientes para que os alunos conseguissemaprender.Nas práticas pedagógicas,o sujeito intervém com uma unidadena qual interage razão,emoção e paixão, numa organicidadeem que o humano ganha sua feição peculiar.O eu não é oresultado de uma soma de componentes, fatores ou variáveis,ele emerge da consciência de suas primeiras necessidades,como ser único e irrepetível.As decisões humanas passampelo crivo das múltiplas possibilidades interiores e exterioresao indivíduo. Suas ações ocorrem numa dada realidade social,simultaneamente recebida e recriada por ele. Nesse movimento,o indivíduo cria as representações e, com base nelas, recriao cotidiano feito de suas ações, que nem sempre podem estaradequadas à sua atuação.O ser humano vive e se desenvolve no meio de crenças,valores e sabedoria,sendo portanto capaz de aprender a ser, aconviver, a fazer, a saber. A ressignificação das representaçõesdo fazer psicopedagógico,do professor podem ajudá-lo arecuperar o desejo de saber ver, saber esperar, saber conversar,saber refletir sobre a sua atuação.Tomamos como pressupostoque o sujeito é criador, reconstrutor e empreendedor, emcontextos diferenciados, analisados pela ótica da complexidade,em que sua vida se diferencia das demais espéciesanimais, portanto estamos falando da aprendizagem humana.A concepção de educação que assumimos funda-se no princípiode que a apropriação do conhecimento e sua construçãosupõem um sujeito constituído de identidade e autonomia. Nodecorrer do seu desenvolvimento, a inevitável descoberta dafragilidade dos seus heróis pode corroer aquela fé e confiança,pode gerar uma frustração tão forte, que leve a pessoa aaniquilamento, ao ódio da própria vida. A perda, o desencanto,a decepção, a desilusão e a frustração aparecem como mediaçõesque impulsionam o sujeito para a vida ou para a morte,na dependência de seu sucesso ou dos fatores com que sedepara em seu cotidiano. Para ser livre e responsável em suasações, o homem precisa ser consciente e ter noção de estratégiasem que meios e fins caminham juntos, em busca de seuobjetivo na vida. Ordens e desordens sociais podem serproduzidas pela interação entre o sujeito, a natureza e a sociedade.Os professores podem acabar sendo vítimas de suaspróprias representações, uma espécie de reificação da cultura,que age por diferentes mecanismos e sob a prática do docente.Muitas vezes o professor sabe que deve mudar sua forma deser e agir, mas não consegue, porque está preso às amarrasde suas concepções.Nesse conjunto de reflexões, o importanteé averiguar até que ponto as representações influenciam aprática do professor, e de que forma as noções de subjetividadee representação ajudam na compreensão da ação do professor.A busca da representação do educador na sociedade contemporâneaé orientada em um dos processos mais importantesda subjetividade social:o processo de gênese e desenvolvimentode auto conhecimento,aonde a categoria de representaçãopode nos permitir compreender,como a construção do conhecimentotem uma natureza simbólica e social,que produz significaçõese vão além de qualquer objeto concreto que apareçaatravés da razão.As situações concretas da atividade humana pedem umaabordagem mais orgânica do ser humano. È central nessaposição teórica a afirmação de Vygotsky de que todas funçõesmentais especificamente humanas têm origem social, isto é,aparecem primeiro em indivíduos. - intermentalmente - e,depois no indivíduo -intramentalmente.220

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