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Intelectual Inovações Agricultura

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Atores e interações no sistema nacional de inovação para agricultura<br />

No que tange às relações estabelecidas entre estes diferentes atores, segundo Malerba (2006)<br />

elas incluem: processos de troca; competição; comando (ex.: integração vertical); cooperação<br />

formal; interações informais e relações de rede. 3 Com isso, o autor define que um sistema setorial<br />

é composto por teias de relacionamentos entre atores heterogêneos, com diferentes objetivos,<br />

crenças, competências e comportamentos.<br />

No Brasil, os institutos públicos de pesquisa e as universidades foram os principais responsáveis<br />

pela adaptação, geração e introdução de novas tecnologias que possibilitaram ao setor agrícola<br />

alcançar grandes ganhos de produtividade. Mais recentemente, o setor privado cresce em importância,<br />

passando a desempenhar um papel significativo no sistema de inovação. No sentido de<br />

compreender estes atores e seus papéis, inicia-se a seguir uma breve contextualização daquilo que<br />

se denomina o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), no Brasil.<br />

Uma proposta de periodização para as atividades de ciência e tecnologia (C&T) relacionadas<br />

à agricultura no Brasil é apresentada por Mendes (2009). A autora desenha uma linha do tempo,<br />

na qual destaca vários eventos da trajetória de constituição da estrutura de pesquisa agrícola no<br />

país e estabelece a existência de um “ponto de clivagem” nos anos 1970, período em que se<br />

reorganizou de forma radical o sistema federal de pesquisa agrícola.<br />

Dentre as mudanças deste período, um marco reconhecido como fundamental é a criação<br />

da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como empresa federal de P&D na<br />

agropecuária. A criação da Embrapa, em 1973, foi uma resposta do governo federal à constatação<br />

de que a baixa produtividade agrícola brasileira estava associada à falta de conhecimentos<br />

tecnológicos específicos que atendessem aos interesses nacionais e às necessidades do país. Dessa<br />

forma, a Embrapa representou uma mudança na forma de organizar e conduzir a pesquisa agrícola<br />

no Brasil e se tornou, desde então, um ator de peso no sistema nacional de inovação para a<br />

agricultura (GEOPI, 2007).<br />

Um ano após sua constituição, a Embrapa receberia a responsabilidade de coordenar a<br />

pesquisa agrícola em âmbito federal, assim como fortalecer e dar maior governança ao SNPA.<br />

Nesta mesma época, o Brasil se empenhou em profissionalizar seus pesquisadores em ciências<br />

agrárias, por meio da criação de cursos de pós-graduação nas mais diversas áreas desse campo do<br />

conhecimento, além do treinamento de pessoal em centros de excelência no mundo inteiro e a<br />

montagem de laboratórios especializados (ALVES et al., 2005).<br />

Em consonância com o compromisso de se estabelecer uma estrutura de pesquisa com capilaridade<br />

em todo o país, a Embrapa estimulou os estados, por meio de suporte técnico e financeiro,<br />

a criarem institutos de pesquisa estaduais fundamentados no próprio modelo da empresa<br />

federal (MENDES, 2009). A fundação da Embrapa, portanto, teve profundas repercussões na<br />

organização da pesquisa de âmbito estadual. Nesse período, as recém-criadas Organizações Estaduais<br />

de Pesquisa Agropecuária (Oepas) conseguiram aumentar suas bases físicas, laboratórios,<br />

quadro de pessoal, atividades de pesquisa e difusão, intercâmbios científicos e relacionamentos<br />

interinstitucionais (SANTOS & ICHIKAWA, 2003).<br />

3<br />

Segundo Malerba (2006), as redes no interior de sistemas setoriais integram complementaridades em termos de conhecimento,<br />

capacidades e especializações. É neste sentido que o autor afirma que nos ambientes incertos e em transformação as redes<br />

emergem não porque os agentes são similares, mas justamente porque são diferentes.<br />

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