Intelectual Inovações Agricultura
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Propriedade <strong>Intelectual</strong> e <strong>Inovações</strong> na <strong>Agricultura</strong><br />
Segundo a ótica da inovação, o sistema de pesquisa (P) formado pelas universidades e pelos<br />
centros de pesquisa da Embrapa era complementado pelo desenvolvimento (D), que também<br />
era executado pela Embrapa em conjunto com as Oepas. Esse sistema de P&D, em que o SPSB<br />
desempenhou importante papel ao incentivar a interação, via fornecimento de sementes, entre a<br />
pesquisa e o sistema de produção agrícola, foi exitoso e permitiu à Embrapa cumprir a sua missão<br />
inicial de promover a inovação.<br />
Na década de 1990, a Embrapa iniciou um processo de redirecionamento, que ficou evidente<br />
com a reestruturação do SPSB em prol do Serviço de Negócios Tecnológicos (SNT). Nessa reestruturação<br />
o SNT seria o braço de negócios da Embrapa, incorporando outras tecnologias ao seu<br />
portifólio, além das sementes. Mais tarde o SNT foi desmembrado, dando origem à Secretaria<br />
de Negócios, a qual, em conjunto com o SNT, seria o agente de inovação da pesquisa gerada<br />
pela Embrapa.<br />
Além da mudança na área de negócios, elo fundamental para ligação entre a pesquisa e<br />
a produção e, consequentemente, para a inovação, a Embrapa reestruturou o seu sistema de<br />
gestão de pesquisa procurando dar maior aderência à realidade da agricultura. Nesse sentido,<br />
em uma amostra de 278 projetos conduzidos pela Embrapa no ano de 2014, observam-se 251<br />
relacionados à pesquisa, desenvolvimento e organização da informação e 27 à transferência de<br />
tecnologia (Embrapa 2015b). Daquele total (251), 128 projetos tinham como objetivo principal<br />
a geração de conhecimento (pesquisa), 78 a adaptação do conhecimento existente (desenvolvimento)<br />
e 45 a organização do conhecimento existente (organização). Com relação à área de<br />
pesquisa, dos 251 projetos, 36,25% enfatizavam os sistemas de produção e 28,69% a genética,<br />
incluindo melhoramento e sementes (Figura 7). Embora os projetos da Embrapa indiquem uma<br />
ampliação do escopo e diversificação em direção a assuntos relacionados à mitigação ambiental<br />
(15,94%, em 2014) – notadamente contra a emissão de gases do efeito estufa e em direção às<br />
novas tecnologias, com destaque para o processamento de dados e demais tecnologias relacionadas<br />
à computação (15,14%, em 2014) e ao uso da água (7,17%, em 2014), como o trabalho<br />
com sistemas irrigados –, o foco na genética e nos sistemas de produção ainda permanecem<br />
(Figura 7). Vale ressaltarmos que os projetos de genética de hoje diferem dos da década de 1980,<br />
pois, em sua maioria, são relacionados à engenharia genética e/ou são projetos de melhoramento<br />
em espécies distintas daquelas que predominavam no passado (grãos), com destaque para o café,<br />
as hortaliças e as frutas. Ou seja, os projetos de sistemas de produção deixaram de enfatizar apenas<br />
os grãos e incluem sanidade, pecuária e fertilizantes.<br />
Apesar de os projetos de P&D e organização do conhecimento terem mudado, os acordos<br />
firmados com a iniciativa privada (Quadro 2) mostram que a ênfase da inovação na Embrapa ainda<br />
é no melhoramento vegetal e na produção de sementes. Ou seja, embora os projetos indiquem uma<br />
readequação da Embrapa à realidade da produção agrícola nacional, a inovação continua atrelada<br />
a um passado que deriva da implementação do SNPA, onde as prioridades eram a ocupação dos<br />
cerrados e do semiárido, a indústria de sementes e o desenvolvimento de tecnologias, notadamente<br />
cultivares, adaptadas àquelas regiões. Além de alteração no seu modelo de gestão, notadamente<br />
no caso da alocação dos recursos financeiros da empresa, o processo de inovação na Embrapa<br />
também carece de maior aproximação com o setor privado.<br />
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