Intelectual Inovações Agricultura
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Evolução recente da agricultura brasileira<br />
Quadro 2 – Tecnologias no cultivo de milho<br />
Não foram muitas as tecnologias que possibilitaram ao milho os patamares de rendimento atuais no mundo.<br />
Desde o milho hibrido até as cultivares transgênicas resistentes a insetos (Bt) e a herbicidas, passando pelos milhos<br />
especiais (milho doce, milho ceroso e pipoca, entre outros) a inovação esteve calcada na genética. No caso do<br />
Brasil, as inovações foram mais amplas, a exemplo de alterações nos sistemas de produção como a produção do<br />
milho nos Cerrados e a Segunda Safra, incluindo inovações institucionais.<br />
A adaptação do milho com alta produtividade nos solos dos Cerrados se deu a partir de alterações genéticas<br />
inéditas no mundo que incluem uma melhor absorção de nutrientes pela planta de milho em solos ácidos. Na<br />
esteira dos cultivares adaptados ao Cerrado, foi criada, ainda na década de 1980, a União dos Produtores de<br />
Sementes de Milho Licenciados da Embrapa (UNIMILHO), o que possibilitou que pequenas e médias empresas de<br />
sementes concorressem com as grandes empresas de sementes de milho no Brasil. Nesse caso, a Embrapa fornecia<br />
às empresas licenciadas o material genético, a tecnologia de produção de sementes híbridas e apoio em marketing.<br />
A concorrência instituída pela UNIMILHO foi benéfica ao produtor rural, pois, em menos de uma década o<br />
potencial produtivo das cultivares brasileiras praticamente dobrou. Além da produtividade, foram disponibilizadas<br />
maior variedade de cultivares a exemplo dos cultivares superprecoces, que viabilizaram a Segunda Safra, e milhos<br />
especiais como o Waxy, utilizado na fabricação de plásticos biodegradáveis.<br />
A Segunda Safra no Cerrado pode ser considerada como a grande inovação na produção de milho no Brasil.<br />
Embora esse sistema de produção já fosse utilizado nas regiões Sul e Sudeste do Brasil como uma produção<br />
marginal, as inovações com cultivares mais precoces, mais adaptados às baixas temperaturas, mais resistentes à<br />
pragas e doenças, além do milho prolifico (capacidade de produzir mais de uma espiga por planta), possibilitaram<br />
à Segunda Safra no Cerrado responder por mais de 40% da produção brasileira na atualidade.<br />
Outro aspecto, vinculado às inovações foi o avanço em cultivares adaptadas à pequena produção,<br />
possibilitando ao pequeno produtor produzir a sua própria semente. Esses avanços tiveram maior impacto na<br />
região do Semiárido com o desenvolvimento de cultivares com maior teor de proteína nos grãos (Qualidade de<br />
Proteína Melhorada – QPM).<br />
Por fim, esses ‘novos’ sistemas de produção não prescindiram de tecnologias desenvolvidas em outros países,<br />
por exemplo os OGM’s (Organismos Geneticamente Modificados) e da <strong>Agricultura</strong> de Precisão.<br />
Preparado por Pedro Abel Vieira Jr., pesquisador da Secretaria de Inteligência e Macroestratégia, Embrapa<br />
Em função da complementaridade soja-milho, a dinâmica no cultivo de milho associa-se<br />
fortemente à ocupação das fronteiras agrícolas pela soja. As principais fronteiras são o cerrado do<br />
Centro-Oeste e recentemente as regiões Nordeste e Norte (Gráfico 11), as quais têm expandido<br />
sua participação na produção nacional.<br />
Outro aspecto importante compreende o contínuo aumento da demanda de milho desde a<br />
década de 1990, principalmente pela expansão do consumo nos EUA, Europa e China (USDA,<br />
2015). Em 2013, o consumo mundial de milho foi estimado em 2,4 bilhões de toneladas,<br />
enquanto a produção foi de 2,47 bilhões de toneladas (USDA, 2015). A produção e o consumo<br />
mundial apresentaram uma expansão média de 40%, entre 1990 e 2013, com taxa média anual de<br />
crescimento de 1,5%. Por fim, calcula-se que em torno de 68% do milho consumido no mundo<br />
seja destinado à alimentação animal (PINAZZA, 2007b).<br />
Bovinocultura de Corte 11<br />
A bovinocultura de corte também se inscreve como um importante segmento da agricultura<br />
brasileira; além de ocupar grande parcela da área agropecuária (Tabela 2), tem mantido uma relação<br />
controvertida com a sustentabilidade ambiental, sempre apontada como atividade pioneira no<br />
desmatamento de novas áreas e nas emissões de gás metano. O setor ainda demonstra relevância<br />
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Preparada com base em Buainain e Batalha (2007a), IBGE (2015b) e MAPA (2015).<br />
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