22.06.2016 Views

Intelectual Inovações Agricultura

576aa1524c708_PI_e_Inovacoes_na_Agricultura_web

576aa1524c708_PI_e_Inovacoes_na_Agricultura_web

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Propriedade <strong>Intelectual</strong> e <strong>Inovações</strong> na <strong>Agricultura</strong><br />

O estado do Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 95% da produção vitivinícola<br />

nacional (CAMARGO, MELLO & PROTAS, 2008), com destaque para a região do Vale dos<br />

Vinhedos, situada entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, que<br />

em 2011 era responsável por 20% de toda a produção brasileira (NIEDERLE, 2011). Em 2002,<br />

foi concedida à Associação de Produtores do Vale dos Vinhedos (Aprovale), que hoje conta com<br />

26 vinícolas associadas, 7 a primeira IG brasileira, 8 na modalidade de indicação de procedência<br />

(IP), em sua produção de vinhos finos utilizando 21 cultivares de Vitis vinifera, com a técnica de<br />

assemblage, 9 o que possibilitou maior participação dos produtores da região. A Aprovale declara a<br />

importância da indicação concedida em termos de desenvolvimento regional, de valorização do produto<br />

e de uma maior facilidade na sua inserção no mercado interno e externo (APROVALE, 2015).<br />

Em setembro de 2012, foi concedida pelo INPI, pela primeira vez, a modalidade mais criteriosa<br />

de IG vigente no Brasil, de acordo com a instrução normativa n. 25/2013: a denominação<br />

de origem (DO), justamente para a Aprovale. Para a obtenção de uma DO, é necessário obedecer<br />

a critérios mais específicos de qualidade e de produção, na vinculação do produto com a origem<br />

produtiva. No entanto, cabe ressaltar o fato de que apenas dez das 26 vinícolas associadas à<br />

Aprovale atenderam aos padrões de produção e qualidade exigidos pelo INPI para a concessão<br />

da distinção, no ano de 2010. 10<br />

Estratégias de diferenciação e catching-up tecnológico<br />

Dado que a IG se institui como um mecanismo de diferenciação de produtos, deve-se levar<br />

em consideração o contexto produtivo no qual ela será implementada. A presente análise ilustra<br />

o papel da IG no caso específico do segmento vinícola nacional. As estratégias abraçadas pelos<br />

produtores e instituições de pesquisa nacional desse segmento vão ao encontro das tendências<br />

internacionais de estabelecimento de um novo padrão produtivo e tecnológico, pelas vinícolas do<br />

Novo Mundo produtor. Países como Argentina, Chile e Estados Unidos, de modo a adentrar o<br />

mercado internacional, direcionaram seus esforços no catching-up tecnológico e em estratégias<br />

de marketing, visando a atender e se enquadrar aos padrões internacionais. Conforme destacado<br />

por Giuliani, Morison & Rabellotti (2011), inovações de processo e produto tiveram um papel<br />

importante na inserção de produtores do Novo Mundo no mercado internacional. As melhorias<br />

qualitativas e as iniciativas de estreitamento da relação entre indústria e universidades são decorrência<br />

dos esforços empreendidos por países como Argentina, Chile e África do Sul (GIULIANI,<br />

MORISON & RABELLOTTI, 2011).<br />

7<br />

A Aprovale é composta por 26 vinícolas e 43 empreendimentos de apoio ao turismo, entre hotéis, pousadas, restaurantes,<br />

artesanatos, queijarias, ateliês de artesanato e antiguidades e outros (APROVALE, 2015).<br />

8<br />

Após a concessão à Aprovale, outras IGs, na produção vinícola,foram obtidas, como a IP para o vinho de Pinto Bandeira e dos<br />

Vales da Uva Goethe. Também se destacam as IPs concedidas à produção de queijo da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e à<br />

produção de aguardentes de Paraty.<br />

9<br />

Assemblage é um processo que consiste em se produzir vinhos a partir de diversas variedades e até mesmo safras de uvas, mas<br />

sempre em uma mesma região vinícola (OSBORNE, 2004).<br />

10<br />

Os produtos somente recebem o certificado da DO após comprovada a origem da matéria-prima (100% da uva devem ser<br />

procedentes da área demarcada). As uvas também precisam ser aprovadas nas análises físico-químicas e na avaliação sensorial<br />

realizadas por um comitê de degustação composto por técnicos da Embrapa, de associados da Aprovale e da Associação<br />

Brasileira de Enologia (APROVALE, 2015).<br />

194

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!