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Intelectual Inovações Agricultura

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Atores e interações no sistema nacional de inovação para agricultura<br />

representa o maior impacto, nesse setor. Em 2009, o Brasil atingiu o segundo lugar mundial em<br />

cultivo de transgênicos, com 21,4 milhões de hectares, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.<br />

Isso representou uma expansão de 35, 4% no plantio, motivada especialmente pelo aumento de<br />

cultivo da área de milho resistente a insetos (RI) (ABRASEM, 2010).<br />

O debate sobre a produção e o uso de plantas geneticamente modificadas para consumo<br />

humano tem sido um dos assuntos mais controversos da atualidade, o que se deve às diferentes<br />

percepções que alguns atores sociais têm sobre os benefícios e riscos que os produtos resultantes<br />

da biotecnologia agrícola podem proporcionar. Oliveira e Silveira (2013) destacam que, independente<br />

do posicionamento acerca dos organismos geneticamente modificados (OGM), este<br />

é um mercado que carece de regulação. Os autores evidenciam as implicações econômicas dos<br />

sistemas de biossegurança e autorizações relacionadas à rotulagem, preservação de identidade,<br />

segregação e rastreabilidade, aspectos ligados a inovações tecnológicas que afetam o comércio de<br />

commodities agrícolas.<br />

Ainda sobre os aspectos econômicos, as maiores possibilidades de apropriação dos investimentos<br />

em P&D de novas sementes, bem como as perspectivas de rentabilidade decorrentes da<br />

utilização de sementes GM e a própria dimensão do mercado brasileiro de sementes colaboraram<br />

com um processo singular de concentração de mercado (SANTINI & PAULILLO, 2003).<br />

Neste processo, importantes empresas sementeiras nacionais, principalmente dos segmentos de<br />

soja e milho, foram adquiridas por grandes empresas transnacionais. (FUCK & BONACELLI,<br />

2008; TEIXEIRA, 2009; MOURA & MARTINELLI, 2004; SANTINI, 2002; WILKINSON<br />

& CASTELLI, 2000). Há, em curso, um processo de desnacionalização da indústria sementeira<br />

no Brasil.<br />

Entrada de empresas transnacionais<br />

Desde meados da década de 1960, algumas empresas transnacionais começaram a operar no<br />

mercado brasileiro de sementes. Em 1965 foi instalada a Sementes Cargill Ltda., com um centro<br />

de pesquisas em Campinas (SP) e uma unidade de beneficiamento em Avaré (SP). Na mesma<br />

década, em Santa Cruz do Sul (RS), era instalada a empresa norte-americana Pioneer-Hy-bred,<br />

por meio de associação com a Proagro. Já em 1971, ocorre a chegada das empresas Limagrain e<br />

Asgrow. No final da década de 1970 entram em cena a Dekalb e a Ciba-Geigy (SANTINI, 2002;<br />

WILKINSON & CASTELLI, 2000; SILVEIRA, 1985).<br />

No entanto, foi na segunda metade da década de 1990 que se iniciou o significativo processo<br />

de concentração, no mercado de sementes. Neste período, grandes empresas transnacionais<br />

do setor químico iniciaram um processo de diversificação em direção à indústria de sementes.<br />

As possibilidades de combinar técnicas de engenharia genética no desenvolvimento de plantas<br />

mais resistentes aos defensivos químicos, às pragas e aos insetos abriram novas perspectivas de<br />

expansão das empresas do ramo agroquímico (TEIXEIRA, 2009; SANTINI & PAULILLO,<br />

2003). Assim, a partir de meados dos anos 1990, várias empresas nacionais de pequeno e grande<br />

porte foram compradas ou absorvidas por multinacionais, principalmente por aquelas detentoras<br />

de tecnologia de ponta na área biotecnológica (WILKINSON & CASTELLI, 2000).<br />

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