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Intelectual Inovações Agricultura

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Propriedade <strong>Intelectual</strong> e <strong>Inovações</strong> na <strong>Agricultura</strong><br />

Considerações finais<br />

O presente ensaio teve por objetivo examinar os atores e suas interações no contexto do<br />

sistema nacional de inovação para a agricultura, no Brasil. De fato, acredita-se que a noção de<br />

sistemas de inovação seja adequada para a análise da realidade agrícola do país, na medida em que<br />

se constitui em uma complexa gama de atores, dispersos em diferentes cadeias produtivas, com<br />

uma ampla diversidade de elos entre o setor público, o setor privado e as organizações da sociedade<br />

civil. Assim, a dimensão de sistema, com sua ênfase nas interações e na interdependência entre<br />

elementos, ajuda a se realizar uma análise mais ampla da CT&I agrícola.<br />

Historicamente, no Brasil, os institutos públicos de pesquisa e as universidades foram os<br />

principais responsáveis pela adaptação, geração e introdução de novas tecnologias, que possibilitaram<br />

alcançar significativos ganhos de produtividade no setor agrícola, sendo a criação da<br />

Embrapa, em 1973, um marco na construção do sistema nacional de inovação para a agricultura.<br />

Mais recentemente, o setor privado ganha espaço, passando a desempenhar um papel importante<br />

neste sistema de inovação.<br />

Para conhecer o papel do setor privado na pesquisa e na inovação agrícola, optou-se por focar<br />

em dois importantes setores: o de sementes e o de máquinas agrícolas. Estes setores manifestam<br />

a importância do setor privado nas atividades de CT&I.<br />

Notam-se diferenças importantes entre os dois setores. Primeiramente, o desenvolvimento da<br />

P&D, no setor de sementes, se mostra mais decisivo no que tange à concorrência e à estrutura de<br />

mercado. A inovação, naquele setor, é parte fundamental do sucesso das firmas, e o setor privado<br />

investe grandes quantias na realização de pesquisas, principalmente em engenharia genética. Já<br />

no setor de máquinas agrícolas, a inovação não exerce tanta força no processo concorrencial,<br />

mais fundamentado nos aspectos do financiamento e da rede de distribuição e assistência técnica.<br />

Outra diferença relevante encontrada entre os dois setores é a importância das parcerias e<br />

cooperações no processo de desenvolvimento de novas tecnologias. Se para o setor de sementes<br />

as parcerias são parte fundamental da dinâmica inovativa – evidenciada pelo sucesso das redes de<br />

pesquisa em genômica –, para o setor de máquinas agrícolas as parcerias ainda são incipientes e<br />

limitadas às grandes companhias transnacionais.<br />

Por fim, o que se pode considerar – ainda que com base em uma análise preliminar, que focou<br />

em apenas dois setores – é que o sistema de inovação para a agricultura no Brasil é composto<br />

de atores heterogêneos, e com relações ainda não fortemente consolidadas. Se, por um lado, o<br />

sistema nacional de inovação para a agricultura apresenta diversidade de agentes, pode-se afirmar<br />

que, no que se refere à integração destes agentes, verificam-se gargalos. Fuck e Bonacelli (2010)<br />

corroboram tal visão, afirmando que a evolução do sistema brasileiro de CT&I para a agricultura<br />

evidencia ainda uma baixa capacidade de organização sistêmica entre seus principais atores.<br />

Por isso, um fator associado ao estabelecimento de arranjos de integração, no interior de um<br />

sistema de inovação, é a implantação de mecanismos que promovam o comprometimento entre<br />

os diversos agentes, a troca de conhecimentos e a convergência de capacidades para produzir<br />

resultados que façam com que no sistema, como um todo, os objetivos sejam alcançados.<br />

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