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Intelectual Inovações Agricultura

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Propriedade intelectual e inovações na agricultura: debates inconclusivos...<br />

A motivação do livro é contribuir para compreender o processo de inovação na agricultura,<br />

o que não é possível sem passar pela discussão dos papeis da PI, seja para estimular e viabilizar<br />

investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) seja na apropriação dos resultados destes<br />

esforços. A agricultura brasileira se transformou radicalmente no período recente, a ponto de<br />

Buainain et. al. (2013, p. 110) 11 sustentarem a emergência de um novo padrão de acumulação,<br />

resultado da<br />

“introdução do capital, em todas as suas modalidades, no centro do desenvolvimento agrícola e<br />

agrário. Rebaixa o papel da terra, pois a produção e as rendas agropecuárias passam a depender,<br />

crescentemente, dos investimentos em infraestrutura, máquinas, tecnologia e na qualidade da<br />

própria terra, além de investimentos em recurso ambientais e no treinamento do capital humano.”<br />

O que se deve considerar são os (novos) determinantes da inovação e da apropriação de tais<br />

ganhos e a participação, central ou não, da PI nesse processo. Não há dúvida que a sociedade contemporânea<br />

engendrou novos setores de acumulação de riqueza – seja ela material ou imaterial<br />

(como o conhecimento) e, portanto de apropriação, cujas dinâmicas precisam ser melhor<br />

compreendidas.<br />

Nesse contexto mais recente, portanto, as formas de inovar vão também se inovando e não<br />

mais se restringem às capacidades técnico-científicas. Igualmente, ou até mais importantes, são<br />

as inovações organizacionais, operacionais e de gestão – notadamente aquelas relativas às relações<br />

e aos contratos entre os atores direta ou indiretamente envolvidos nas diferentes transações. Ou<br />

seja, não bastam mais a habilidade técnica e os conhecimentos científicos, mas cada vez mais as<br />

competências voltadas ao conhecimento da estrutura dos mercados, às oportunidades e aos riscos<br />

dos negócios e da inovação, às estratégias para disseminar ou guardar a sete chaves as descobertas<br />

e as invenções, o momento de entrar e as alianças a fazer. E isso tem a ver com o desenvolvimento<br />

e a evolução da agricultura, do perfil e do papel dos atores e das formas e dos instrumentos de PI.<br />

Num cenário não tão distante, a inovação da agricultura dependeu com maior ou menor<br />

intensidade das pesquisas feitas diretamente por instituições públicas, ou por instituições privadas<br />

com forte aporte de recursos públicos. Isto estava associado à dificuldade de apropriação privada<br />

(ou seja, à fraca apropriabilidade) dos resultados das pesquisas. Nos anos 1980 e 1990 a institucionalidade<br />

sofreu forte transformação e o debate sobre a importância da propriedade intelectual<br />

para a inovação na agricultura cresceu. Este movimento estava em parte associado à emergência<br />

da biotecnologia, ao crescimento das sementes híbridas e de técnicas avançadas de melhoramento<br />

genético, entre outros. Mas também refletia mudanças mais gerais, que de certa forma estendiam<br />

e padronizavam princípios e instituições, válidos para alguns segmentos e países, para todos<br />

os setores da economia e para os países integrantes da chamada comunidade internacional da<br />

OMC. O fato é que a partir da aprovação do TRIPS, a PI passou a fazer parte do núcleo duro da<br />

institucionalidade associada à inovação. De um lado ganham ainda maior relevância tecnologias<br />

e arranjos institucionais protegidos e “protegíveis” pela PI, como os transgênicos, a indicação<br />

geográfica, o melhoramento genético. De outro, porém, também cresce certo questionamento<br />

11<br />

Buainain, A. M.; Alves, E.; Silveira, J. M.; Navarro, Z. (2013) “Sete teses sobre o mundo rural brasileiro”. Revista de Política Agrícola,<br />

Ano XXII, n. 2, p. 105-121, abri./maio/jun. 2013.<br />

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