Intelectual Inovações Agricultura
576aa1524c708_PI_e_Inovacoes_na_Agricultura_web
576aa1524c708_PI_e_Inovacoes_na_Agricultura_web
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Propriedade <strong>Intelectual</strong> e <strong>Inovações</strong> na <strong>Agricultura</strong><br />
hoje constituído de cerca de quatrocentas empresas, a maioria de capital nacional. Esse esforço se<br />
mostrou fundamental para alicerçar o crescimento vertiginoso da produção agrícola nas últimas<br />
duas décadas e meia, inclusive com o desenvolvimento de máquinas e implementos adequados<br />
a novas práticas de cultivo como plantio direto, setor no qual assumiua liderança mundial. Esse<br />
caso mostra, inversamente à situação da biotecnologia, nossa presença no mercado, e com poucas<br />
instituições de pesquisa públicas atuantes. No entanto, esta presença marcante atravessa um<br />
período bastante turbulento, com grande ameaça de desnacionalização, via fusões, aquisições e<br />
falências, com grande tendência à concentração em poucas empresas. Essa tendência é geral, no<br />
Brasil e no mundo (VITALI, GLATTFELDER & BATTISTON, 2011). Uma das razões principais<br />
da perda de mercado é a baixa competitividade do ponto de vista do custo Brasil e da baixa<br />
inovação tecnológica, numa conjuntura em que a competição mundial se acirra e se manifesta, no<br />
interior do mercado brasileiro, com crescente emprego das tecnologias convergentes. Portanto,<br />
no primeiro exemplo, não conseguimos o mercado e, no segundo, estamos perdendo-o. E, tanto<br />
em um caso como no outro, os negócios no campo agrícola são bilionários, a ponto de atrair a<br />
atenção do capital financeiro internacional e das grandes empresas globais. Na prática, no campo,<br />
já somos grandes importadores de tecnologias biológicas avançadas e tudo indica que, em breve,<br />
deixaremos de ser grandes fabricantes de implementos agrícolas para nos tornarmos somente, e<br />
talvez, vendedores de implementos agrícolas.<br />
As experiências internacionais voltadas para o apoio à biotecnologia revelam muitos aspectos<br />
em comum nas estratégias de suporte à CT&I em diversos países. Diferenciam-se, entretanto,<br />
quanto à adaptação ao contexto e às perspectivas de cada país, condicionando-se desse modo às<br />
prioridades definidas nas respectivas agendas nacionais de inovação voltadas para a área (ABDI,<br />
2008). Nos Estados Unidos, o conhecimento científico de fronteira, desenvolvido principalmente<br />
nas universidades, e o ambiente institucional e cultural mais favorável ao empreendedorismo foram<br />
elementos fundamentais para o surgimento de novas empresas no campo da biotecnologia, sejam<br />
spin-offs provenientes de universidades ou spin outs, oriundas de empresas de setores mais tradicionais,<br />
como o farmacêutico, o químico e o de alimentos. Podemos enfatizar, como motivos<br />
para esse desenvolvimento, a orientação comercial para negócios, por parte das instituições<br />
de pesquisa, as poucas barreiras culturais em relação ao relacionamento entre pesquisadores e<br />
empreendedores e a importância do papel das start-ups, financiadas por capital-semente (seed<br />
money) e capital de risco, e das doações realizadas, por empresas e fundações privadas, para<br />
a difusão do conhecimento científico das instituições de pesquisa para a indústria, para o acesso a<br />
técnicas modernas de gestão e para a definição de modelos de negócios viáveis. Adicionalmente,<br />
a mudança no ambiente institucional, gerada pelo Bayh Dole Act do início dos anos 1980, estabeleceu<br />
um conjunto de incentivos para as universidades aproveitarem as oportunidades geradas<br />
pelas demandas biotecnológicas.<br />
Da experiência da Índia, que ocupa posição de destaque no cenário de biotecnologia mundial,<br />
destacamos a determinante participação do governo para o desenvolvimento do setor. O Estado<br />
contribui para a qualificação da mão de obra, provê infraestrutura laboratorial apropriada para<br />
o desenvolvimento de pesquisa na área, estimula a criação de ambientes propícios à inovação<br />
(incubadoras de empresas e parques tecnológicos) e fixa mecanismos (marcos regulatórios) que<br />
80