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Intelectual Inovações Agricultura

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Propriedade <strong>Intelectual</strong> e <strong>Inovações</strong> na <strong>Agricultura</strong><br />

relações entre produtores. Na implementação da IP no Vale dos Vinhedos, a atuação conjunta<br />

entre instituições de suporte e de caráter multidisciplinar conduziram o processo inovativo na<br />

produção e comercialização de vinhos da região. De modo a fazer compreender a arquitetura<br />

institucional vinícola brasileira e seu arranjo, Vargas (2007) descreve a existência de três categorias.<br />

O primeiro segmento é caracterizado por grandes vinhedos cuja produção (mais de<br />

6 milhões litros/ano) visa à obtenção de ganhos de escala nos mercados nacional e externo.<br />

Neste segmento destacam-se as vinícolas Cooperativa Vinícola Aurora e Salton, ambas subsidiárias<br />

de grandes multinacionais. O segundo segmento engloba vinícolas de médio porte (produção de<br />

três milhões de litros/ano), cuja atividade se resume à produção de vinhos de mesa, direcionada<br />

principalmente ao consumo local. Tal categoria é responsável por 50% da produção total da região<br />

do Rio Grande do Sul. O terceiro segmento se restringe a um importante grupo de pequenas<br />

vinícolas familiares – as chamadas cantinas. Apesar do tamanho reduzido e da capacidade de<br />

produção inferior à dos outros segmentos, as cantinas conquistaram reconhecimento, no âmbito<br />

internacional, 14 o que faz com que seja atribuído à essa estrutura de produção uma característica<br />

de alta qualidade. As pequenas vinícolas eram tidas, primeiramente, como meras fornecedoras<br />

de matéria-prima para as grandes vinícolas. No entanto, após 1980, houve uma forte mudança<br />

nesse padrão. Verificou-se um maior volume de investimentos em máquinas e equipamentos e na<br />

capacitação de pequenos produtores, o que resultou, nos anos seguintes, na fabricação de vinhos<br />

finos de alta qualidade e, atualmente, na consagração das vinícolas menores como importantes<br />

atores no mercado nacional (VARGAS, 2007). Mello (2000), em sintonia com o argumento de<br />

Vargas (2007), salienta que a tecnologia empregada na produção de vinhos finos no Rio Grande<br />

do Sul é comparável à utilizada em países de vitivinicultura avançada.<br />

Utilizando como base o estudo de Vargas (2007) sobre o Vale dos Vinhedos, o conceito de<br />

sistemas de inovação e tendo em vista as características produtivas das vinícolas brasileiras, é possível<br />

delimitar os principais atores e suas relações naquela região, enfatizando o papel das instituições<br />

de apoio. Como já indicado, a Aprovale constitui-se de 26 vinícolas associadas a cujos produtos,<br />

em 2002, foi concedida a IP, pelo INPI. Vargas (2007) ressalta que a associação é composta, em<br />

sua maioria, por vinícolas de pequeno porte, as ditas cantinas, que produzem vinhos finos de<br />

alta qualidade, em menor quantidade. A associação se organizou em 1995, em parceria técnica<br />

com a Embrapa Uva e Vinho, com o objetivo de desenvolver alternativas, qualificar a produção<br />

e, assim, aumentar a competitividade de seus membros, frente ao mercado nacional – a IG era<br />

considerada um dos instrumentos a auxiliar, nesse processo.<br />

De modo a atender aos requisitos do INPI para a obtenção do registro de IG, além da parceria<br />

formalizada com a Embrapa Uva e Vinho, 15 que tinha por finalidade determinar a extensão do<br />

14<br />

Entre as premiações que as vinícolas do Vale dos Vinhedos receberam, destacam-se as obtidas nos seguintes concursos:<br />

The International Wine and Spirit Competition, Muscars du Monde e Effervescents du Monde. As premiações reúnem produtores<br />

de diversos países e conferem notoriedade aos produtos premiados.<br />

15<br />

A Embrapa é uma instituição pública de pesquisa agropecuária fundada em 1972 e vinculada ao Mapa. É formada por<br />

unidades de pesquisa e de serviços e por unidades administrativas, se fazendo presente em praticamente todos os estados<br />

do país. Além disso, coordena o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), formado pela própria Embrapa, pelas<br />

Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), universidades, empresas privadas e fundações que, “de forma<br />

cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e campos do conhecimento científico.” (EMBRAPA, 2015)<br />

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