Intelectual Inovações Agricultura
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Tecnologia e inovação no agro<br />
biocapacidade, resiliência ou mesmo pegada humana. Admite-se que indicadores como taxa de<br />
perda da biodiversidade, mudanças climáticas e ciclos de nitrogênio e fósforo já teriam atingido<br />
limites críticos. Ou seja, o sistema atingiu uma condição inelástica que não permite, por conta<br />
própria, retornar ao seu estado inicial. E já estaríamos nos aproximando dos limites críticos no<br />
tocante a indicadores como uso de água potável, alterações do uso do solo, acidificação dos oceanos<br />
e poluição química, como por exemplo de aerossóis atmosféricos (ROCKSTRÖM et al., 2009).<br />
A pressão para viabilizar as atividades agropecuárias, florestais e agroenergéticas tem se<br />
tornado, ao longo do tempo, cada vez mais intensa. Uma evidência disso é considerar o indicador<br />
terra agricultável per capita. Em 1961, para uma população de 3,08 bilhões de habitantes,<br />
existiam 4.428 metros quadrados de área agricultável para cada habitante; em 2000, para uma<br />
população de 6,13 bilhões de habitantes, esse indicador se reduziu a 2.479 metros quadrados por<br />
habitante; e, em 2050, para uma população projetada de 9,55 bilhões, o mesmo indicador deve<br />
se reduzir a 1.809 metros quadrados por habitante 1 . Outro indicador cada vez mais crucial na<br />
produção de alimentos é a disponibilidade e qualidade da água. Os recursos hídricos fazem parte<br />
dos recursos naturais que se tornaram, no presente século, cada vez mais escassos, com impacto<br />
direto na produção de alimentos. Há conceitos novos em discussão, visando marcar a atividade<br />
antrópica no recurso hídrico, o que costumamos chamar de pegada hídrica. Por esta via, avaliamos<br />
que, para produzirmos 1 kg de cereais, sejam necessários 1 mil litros de água; para 1 kg de carne<br />
bovina, 15 mil litros de água, e assim por diante. No Brasil irrigam-se cerca de 5,4 milhões de<br />
hectares, mas o potencial é de 29,6 milhões hectares. Embora o Brasil disponha de 12% da água<br />
doce do planeta, a maior reserva mundial de superfície, temos problemas de distribuição, como<br />
escassez no Nordeste e, ultimamente, no Sul e no Sudeste, e muitas vezes excesso na Amazônia.<br />
Conforme a Agência Nacional de Águas (2015), com base nos dados de 2010, 83% da demanda<br />
hídrica (consuntiva total efetivamente consumida) do Brasil teve origem em atividades agropecuárias<br />
(irrigação, uso animal e abastecimento da população rural). Portanto, se considerarmos a<br />
pressão por maior produção de alimentos, o potencial de irrigação brasileiro ainda a ser explorado<br />
e o alto consumo de água previsto para alcançarmos tais fins, é bastante razoável admitir que no<br />
futuro próximo haverá grande competição e restrições,se levarmos em conta os usos da água nos<br />
meios rural, urbano e industrial brasileiros.<br />
Também se estima que 60% dos resíduos sólidos do país têm origem na agricultura e pecuária.<br />
O Brasil já ostenta o primeiro lugar no comércio mundial de agroquímicos. Os resíduos, de<br />
forma geral, assim como a água, seus usos e descartes, ganham relevância crescente. Do ponto<br />
de vista dos resíduos líquidos, tomando-se o vinhoto da cana como exemplo, na safra de 2013<br />
foram produzidos 27,8 bilhões de litros de etanol (ANP, 2014), gerando mais de 278 bilhões de<br />
litros de vinhaça. Esse volume é muito superior à capacidade atual das usinas utilizarem o vinhoto<br />
nas próprias plantações e plantações vizinhas, além da restrição econômica de uso condicionada<br />
pelo custo de deslocamento do vinhoto, estimada como inviável acima de 30 km.<br />
Em termos de ações para suporte das transformações dos padrões de sustentabilidade no meio<br />
rural, observa-se a materialização de algumas poucas, mas importantes, iniciativas de esfera federal,<br />
1<br />
Cálculo efetuado com base nos dados de população e área arável e cultivos permanentes da FAO (2015). A área arável, em 2050,<br />
foi estimada com base na taxa anual de crescimento de 0,26% a.a., dados do período de 1961 a 2012.<br />
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