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Intelectual Inovações Agricultura

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Tecnologia e inovação no agro<br />

por reavaliação. Nos EUA, na década 1991-2000, o investimento em PD&I, no meio agrário, era<br />

dividido em cerca de 30% financiado pelo Estado e o restante, 70%, pela iniciativa privada. O Brasil<br />

está caminhando para este cenário, duas décadas depois? Parece que sim. Se pudermos separar<br />

a natureza da pesquisa em: básica, tecnológica, adaptativa e de ruptura/radical/paradigmática<br />

(ou estratégica), o fato é que a básica e a de ruptura, no médio e no longo prazos, já são e continuarão<br />

dominadas principalmente por atores públicos. As pesquisas de base tecnológica ou adaptativa,<br />

de curto prazo e que gerem rápido retorno econômico, serão dominadas principalmente<br />

por atores privados. O Brasil, nas últimas duas décadas, criou novos marcos legais como a Lei<br />

de Biossegurança, a Lei de Cultivares e a Lei da Inovação, que conferem segurança jurídica às<br />

empresas. Com isto, as tecnologias e o manejo, simbolizados pelo pacote tecnológico e o market<br />

share das principais commodities como soja, milho, algodão, proteínas animais e outras culturas<br />

como eucalipto e cana já têm o predomínio dos transgênicos e da iniciativa privada.<br />

Inovação e política industrial<br />

A Embraco é um ótimo exemplo de inovação no setor privado, com atuação internacional.<br />

No entanto, a Embraco não é mais uma empresa nacional de dimensão internacional – ela foi<br />

adquirida pela Whirpool –, embora mantenha sua sede e parte de sua estrutura de desenvolvimento<br />

e inovação no Brasil. Por razões de competitividade ou por decisões gerenciais de interesse da<br />

matriz, poderá decidir (esperamos que não!), deixar o país.<br />

Como fica nossa política industrial e de inovação? Há mecanismos (ou deve haver mecanismos)<br />

de proteção às grandes empresas nacionais ou estas ficam completamente à mercê dos<br />

interesses e flutuações do mercado global? Como diminuir o risco? Como ficam as Embracos do<br />

futuro? Quais os mecanismos para manter o PD&I das empresas multinacionais brasileiras aqui<br />

e, com isto, alavancá-las em suas competitividades? Os modelos de Singapura, Israel e Irlanda,<br />

dentre outros, poderiam nos servir de referência? Sabemos que uma das estratégias de mercado<br />

empregadas pelas empresas é o take over, ou seja, as empresas acumulam inovação, via compra<br />

de outra empresa inovadora. Recentemente, o país se defrontou com a compra das empresas de<br />

inovação Canaviallis e Allelyx, do grupo Votorantim, pela Monsanto. Aparentemente, somente<br />

o mercado deu as cartas. O Estado brasileiro deveria ter exercido algum papel e aproveitado o<br />

interesse comercial, para realizar alguma negociação que atendesse aos interesses de desenvolvimento<br />

nacionais?<br />

Os exemplos da biotecnologia e do setor de máquinas e equipamentos agrícolas ilustram bem<br />

duas situações enigmáticas, mas contrastantes e graves, que o Brasil atravessa no campo da inovação<br />

agrícola (CRESTANA, 2014). O primeiro é caracterizado pela sua novidade, por ser tecnologia<br />

relativamente recente. Conseguimos fazer bastante, do ponto de vista científico-tecnológicoeducacional<br />

e da atuação das instituições públicas de pesquisa (sequenciamento pioneiro mundial<br />

com organismos vivos como Xylella fastidiosa, clonagem de animais pela Embrapa e universidades,<br />

feijão transgênico, formação de profissionais capacitados etc.), mas relativamente pouco<br />

do ponto de vista do mercado. No segundo caso, principalmente no campo dos implementos<br />

agrícolas, o Brasil construiu, ao longo de quase um século, um verdadeiro parque industrial,<br />

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