22.06.2016 Views

Intelectual Inovações Agricultura

576aa1524c708_PI_e_Inovacoes_na_Agricultura_web

576aa1524c708_PI_e_Inovacoes_na_Agricultura_web

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Propriedade intelectual e inovações na agricultura: debates inconclusivos...<br />

sores entre países desenvolvidos e atrasados” (p. 59). Os desafios são muito mais complexos do<br />

que no passado, e os requisitos para vencê-los também. Enfatizam, por exemplo, que os tempos<br />

da monodisciplinariedade das ciências passaram, e que:<br />

“hoje, os grandes desafios do desenvolvimento sustentável, da tecnologia, do conhecimento<br />

e da inovação exigem o concurso de diversas disciplinas. O final do século XX e o início deste<br />

século se caracterizam pela interdisciplinariedade e, o futuro próximo, pela inter e transdisciplinariedade.<br />

Tudo indica que essa nova maneira de ver e agir, em construção, possui, em sua<br />

natureza intrínseca, os ingredientes básicos para moldar adequadamente os métodos, processo<br />

e novos modos de organização e, com isto, permitir ao homem enfrentar os enormes desafios<br />

que caracterizam este novo século. Principalmente, encontrar soluções para o triplo desafio de<br />

lidar com a escassez de alimentos, água e energia. Portanto, embora ousado, não é exagero<br />

afirmar que tais ingredientes são e serão os principais drivers que guiarão as grandes mudanças<br />

paradigmáticas, em curso” (p. 64).<br />

Também discutem, antecipando o tema da Parte II, o sistema de CT&I brasileiro, indicando o:<br />

“flagrante descasamento, principalmente nos instrumentos de coordenação e implementação,<br />

entre as políticas industrial, de ciência e tecnologia, agrícolas e ambiental, isto quando elas existem<br />

e sempre com risco de descontinuidade entre governos, o que praticamente impede a otimização<br />

das políticas de desenvolvimento” (p. 73).<br />

No capítulo 3, Maria Beatriz Bonacelli, Marcos Paulo Fuck e Ana Célia Castro detalham<br />

as instituições, competências e desafios do sistema de inovação agrícola no Brasil. Ressaltam o<br />

papel virtuoso da Embrapa, e também as dificuldades de coordenação com as demais instituições<br />

de pesquisa agrícola, em particular as empresas estaduais, e discutem um problema que é mais<br />

geral no sistema brasileiro de inovação: a dificuldade de exploração do conhecimento gerado por<br />

instituições de pesquisa pelo sistema produtivo. Na mesma direção já indicada por Crestana e<br />

De Mori, concluem que o Sistema de Inovação Agrícola brasileiro ainda se caracteriza por:<br />

“uma baixa capacidade de organização sistêmica entre seus principais atores: de um lado,<br />

o ensino e a pesquisa nas universidades; de outro, os institutos de pesquisa, com pouca conexão<br />

entre si e com os demais atores. ... O Estado, por meio de políticas de CT&I e da organização<br />

de um ambiente institucional que procura estimular atividades de inovação, vem buscando<br />

o fortalecimento do sistema. Porém, a própria dinâmica do processo de inovação, que cada vez<br />

mais se revela dependente de capacitações científicas e tecnológicas robustas, mas também de<br />

um contexto econômico que premia ações inovadoras, torna essa tarefa ainda mais complexa.<br />

Vale, portanto, reforçar o centro da questão - a baixa demanda por novos produtos, processos,<br />

métodos, enfim, por inovação. E isso também deriva do contexto econômico não convidativo para<br />

se investir em P&D e em inovação no país, colocando mais um desafio para o Estado empreendedor<br />

delineado por Mazzucato (2014)” (p. 105). 13<br />

No capítulo 4, Juliana Leite aborda as interações entre atores do sistema nacional de inovação<br />

a partir da dinâmica de duas indústrias chaves para o sucesso da agricultura brasileira: sementes<br />

e máquinas. Destaca o papel relevante dos atores privados e como as dinâmicas de inovação são<br />

distintas. No período mais recente, a indústria de semente se apoiou fortemente nas atividades<br />

de P&D, que cresceram sob o manto da atualização da legislação e mecanismos de proteção da<br />

13<br />

Mazzucato, M. (2014) O Estado Empreendedor. Ed. Portfolio Penguin. 304 p.<br />

27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!